Artigo escrito pelo nosso colaborador, Carlos André!
Os Defensores se reuniram novamente para defender a humanidade do impossível, mas o que fazer quando o impossível está por toda parte? É o que nos contará o escritor Matt Fraction e os desenhistas Terry Dodson, Jamie McKelvie e Marco Pierfederici nas edições de #7 a #12 de “The Defenders” publicadas nos EUA e aqui reunidas no encadernado #2 de “Os Defensores” pela Panini.
Desde que a equipe formada por Dr. Estranho, Punho de Ferro, Mulher-Hulk vermelha, Surfista Prateado e Namor se deparou com uma estranha máquina, o “Engenho da Concórdia”, a realidade tem se tornado cada vez mais distorcida e as mais improváveis conseqüências têm acontecido. Sempre vigiada por seu guardião, um silencioso “Preste”, ela foi encontrada em diversos lugares ao redor do mundo, como no Monte Wundagore, numa escavação atlante que apresentava os vestígios de uma grande batalha contra um celestial chamado Pontus e, aparentemente, no interior de Z´Gambo, no coração da África.
Neste lugar, houve uma batalha entre dois poderosos grupos de super seres: os “Aliados do Extraordinário”, liderados por Orson Randall, um antigo “Punho de Ferro” e outro liderado pelo enigmático John Aman, conhecido como o “Príncipe dos Órfãos”. Ambos "armas imortais". Aman e seu grupo haviam se tornado guardiões destes engenhos, que deveriam ser protegidos a todo custo. Desse grupo faziam parte Leonard Mackenzie e Fen, a princesa guerreira da Atlântida e supostos pais biológicos de Namor, o Príncipe Submarino. Também fazia parte dele o Capitão Nemo, do submarino “Nautilus”, que talvez seja o verdadeiro pai do Rei da Atlântida ou, pelo menos, alguém muito íntimo da mãe dele.
Quando a existência dos engenhos foi revelada pelos Defensores, Aman supôs, equivocadamente, que as outras “armas imortais” estavam envolvidas nisso e assassinou várias delas, o que provocou a fúria de Daniel Rand, que jurou eliminá-lo e desativar todos os engenhos que encontrasse. Assim, a equipe parte para Z´Gambo tendo que passar antes por um país fronteiriço: Wakanda. Lá, eles são recebidos por T´Challa, o Pantera Negra e a atual Princesa Regente do Reino, sua irmã Shuri, que partilha o legado do Pantera com ele.
Infelizmente, ao tentarem descobrir sobre John Aman, T´Challa é assassinado por ele e sua irmã declara guerra a Z´Gambo em retaliação. Os Defensores pedem doze horas de prazo para detê-lo e impedir um derramamento maior de sangue.
Enquanto isso, Felícia Hardy, a Gata Negra, recebe uma curiosa missão de um grupo conhecido como o “Conselho de Antiquários”, que procuram “coisas magníficas de que o mundo se esqueceu”: trazer a eles um sapo de bronze localizado também em Z´Gambo. Mal sabe ela que este objeto é guardado pelo próprio John Aman.
Os Defensores chegam em Z´Gambo apenas para constatar que toda a população local foi assassinada por Aman, que logo é encontrado e uma batalha se inicia. Aproveitando-se da confusão, Felícia entra na fortaleza dele e consegue roubar o objeto que procurava.
Aman é derrotado novamente pelo Surfista e é trazido à presença do “Conselho dos Antiquários”. Felícia traz o sapo de bronze e ele é reunido com outros dois idênticos, que se transformam em outro “Engenho da Concórdia”. Aman se liberta, mata todos os membros do conselho e diz que escondeu o engenho desta forma ao fugir de um “Celestial da Morte” que o perseguia. Ele acrescenta que Pontus foi apenas o primeiro e que outros celestiais virão. Nisso, os Defensores são “apagados” pelo engenho e a realidade, reescrita.
Nessa nova realidade, onde aparentemente a 2ª Guerra Mundial não acabou, a equipe decide procurar a ajuda de Nick Fury para que ele e a Shield (Superintendência Humana Internacional de Espionagem Logística e Dissuasão) ajudem a decifrar os segredos que envolvem os engenhos da concórdia e o traz à presença de um deles.
A Shield e a Hidra, aliada dos nazistas, iniciam uma batalha entre si e os Defensores e Nick Fury se vêem em um fogo cruzado. No calor da batalha, o Surfista pede ao Preste que vigia a máquina que os enviou de volta para casa e é atendido. Porém, o que eles encontram lá é muito mais aterrador: um “Celestial da Morte” já devastou praticamente todo o planeta e a última esperança da Terra são os Defensores, além de Nick Fury, Gata Negra e o recém-redivivo pela Feiticeira Escarlate, Scott Lang, o Homem-Formiga, que encolheu a todos para que não fossem descobertos pelo celestial.
O Surfista, separado dos demais colegas de equipe, entra em colóquio com o chamado “Conselho Ômega”, responsável pelos Prestes que vigiam os engenhos. O conselho conta a ele que a função dos engenhos é ser uma espécie de âncora capaz de amarrar todas as coisas fantásticas de todos os universos em um lugar só, a Terra, incluindo os seus super-heróis, que foram especialmente projetados para deter os já mencionados “Celestiais da Morte”, cujo único propósito é destruir tudo de todos os universos numa jornada niilista infinita.
Enquanto isso, na Terra, os heróis decidem partir para um ataque suicida, mas John Aman se antecipa a todos e faz um ataque kamikaze pilotando uma nave em rota de colisão com o celestial. O resultado é inócuo e o vilão se fere gravemente. Então, ele revela aos demais que desde o início foi “projetado” para ser o guardião dos engenhos depositados na Terra e que a existência deles nunca poderia ser revelada sob pena de acontecer justamente o que aconteceu. Logo em seguida, ele morre.
A pedido do Surfista, o “Conselho Ômega’ o envia de volta à Terra para que ele se una novamente aos Defensores. Ele conta que a função dos engenhos é “remover coisas” e estas são remanejadas para outros universos que precisam delas. Os próprios super seres, acrescenta, foram cultivados por eles para que possam “salvar tudo”. Danny Rand propõe que os heróis utilizem o engenho para apagar o celestial antes que ele consiga destruir o aparelho.
O Dr. Estranho e o Surfista Prateado resolvem unir suas mentes no plano astral para que Stephen tome ciência de tudo que Norrin descobriu. Um dos celestiais negros chegou a ser derrotado por uma nave repleta de heróis “em dado universo, em dado tempo, em dado canto da inconcebível geometria do multiespaço”. Aparentemente, era a mesma nave capitaneada pelo insano Preste João que foi atirada por Norrin ao espaço profundo, na edição anterior deste encadernado, para evitar a destruição do nosso universo. Eles sobreviveram, vasculharam outros universos e se dedicaram a recriar as condições com que estes celestiais pudessem ser derrotados novamente e, através dos engenhos que projetaram, criaram um mundo capaz de fazer frente ao impossível, a Terra. Tudo deu errado porque a existência dos engenhos foi revelada e a única solução é evitar o início da cadeia de acontecimentos que levou a esse ponto, ou seja, Stephen deve retornar ao passado para impedir a si próprio de reunir os Defensores novamente e reescrever a história.
Com muita dificuldade ele consegue realizar este intento, influenciando o seu “eu” do passado a tomar um café com uma universitária que o procurou anteriormente no momento que o Incrível Hulk invadiu o seu santuário e, não tendo o encontrado em casa, afasta-se contrariado e decide procurar outra pessoa que possa ajudá-lo. Assim, o nosso universo continuará a salvo, os engenhos da concórdia permanecerão desconhecidos de todos e, provavelmente, essa formação dos Defensores nunca terá existido. Além disso, a revista foi encerrada nos EUA com o fim desta história.
Antes que chamem o Matt Fraction de “genial” por ter criado “a explicação definitiva da origem do Universo Marvel”, preciso dizer que, para mim, ele parafraseou um conceito apresentado em Terra X, publicado originalmente em 1999. Nesta obra, os heróis da Marvel são apresentados como uma espécie de “anticorpos” de um celestial que estava em gestação no núcleo terrestre. Isso posto, digo que achei as histórias desse encadernado melhores que a do primeiro, um bom entretenimento e não mais do que isso. Achei a resolução de tudo um pouco anticlimática para o meu gosto pessoal, ainda mais com o manjadíssimo recurso de “voltar no tempo” para retornar tudo ao “status quo” original.
Os desenhos e a narrativa de Terry Dodson na edição #7 do original americano foram corretos como sempre, mas não chegaram a me empolgar. Os de Jamie McKelvie, nas edições de #8 a #11 e Marco Pierfederici na edição #12 oscilaram de razoável a sofrível, e a impressão que me dá é que algumas páginas foram refeitas devido a algum prazo apertado ou ao fim da série.
Por fim, gostaria de parabenizar á Panini que, desta vez, não colocou nenhuma propaganda neste encadernado, o que a meu ver torna esse produto mais atraente para colecionadores.
Carlos André
Colaborador do Marvel 616