quinta-feira, 26 de setembro de 2013

O que dizer sobre a estreia de Agentes da SHIELD?


Eu suponho que agora, sem sombra de dúvidas, todos vocês já devem ter visto o primeiro episódio do novo e já épico do seriado de TV Agentes da SHIELD, que acabou de estrear no canal Sony. Caso não, logo me pergunto que tipo de fã da Marvel você é e o que está fazendo nesse site. Em segundo, aconselho a correr logo atrás do prejuízo e parar de ler essa matéria por aqui. Ela está repleta de spoilers, pois apesar de geralmente não fazermos resenhas de filmes ou afins, hoje é uma noite como nenhuma outra e tenho que abrir uma exceção. Os mais sãos, que estão liberados, preparem-se para uma resenha a pente fino a partir de agora.

De nossa equipe, eu me prontifiquei de cara a escrever esse texto. Acho que tenho uma perspectiva diferente que pode levantar alguns pontos. Certamente, um outro que se adequaria melhor do que eu a isso seria o Rafael Brizola. Isso porque não estamos apenas falando de um seriado da Marvel. Estamos falando da volta de Joss Whedon a essa mídia. E mais do que a temática Marvel que está repleta ali, Agentes da SHIELD é embebido da dinâmica Whedon do começo ao fim.

Você tem todos os elementos ali quando o grupo se forma, não para formar exatamente um time, mas porque são necessários para seus papéis. Começamos na perspectiva do Agente Ward, de um outro segmento da S.H.I.E.L.D.  que é escalado a dedo, mas não se vê como um cara que abraça o trabalho de equipe. Melinda May, ainda uma incógnita, que parece ter sido afastada de sua função para ter um dia a dia burocrático. Os Agentes Fitz e Simons são bem jovens e sequer se há certeza se já podem ser liberados para campo. Por fim, surge Skye, a revolucionária que vai contra o sistema, com todo espírito de heroína e que se vê empurrada pra trabalhar com aqueles que achava serem os “vilões”. Se numa primeira impressão você acha que esses  elementos não parecem combinar, acredite que é algo proposital. Essa é a dinâmica que Joss Whedon trabalha. Você deve lembrar quando inúmeras vezes ele comentou que o melhor desafio nos Vingadores é juntar um grupo disfuncional cujos membros não se encaixam, mas que estão juntos para um mesmo objetivo. E isso está lá desde seu saudoso Firefly, uma equipe que tinha mais problemas entre si do que harmonia. No próprio episódio Coulson define bem e diz que “não somos exatamente um time”. E sempre os vejam assim.


Ao citar Firefly aqui, imediatamente me obrigará a fazer mais paralelos de outros seriados com dedo de Whedon. Não entenda isso como uma falta de criatividade. Não estou querendo dizer que Skye é uma nova versão da Buffy e Ward faz o tipo Capitão Malcolm. No entanto, você já saberá que o seriado será guiado sim pela forte presença feminina da hacker vivida por Chloe Bennet, a única desvinculada diretamente da organização e que faz ali o papel da “Kitty Pryde” de Whedon e que será os olhos inocentes da plateia para toda a parafernália e trama complexa do seriado. Não estranhe se os demais girarem apenas em torno dela em muitas das cenas,  assim como também pareçam meramente caricatos de início. Mais uma vez, isso é proposital, é uma assinatura Whedon, que costumeiramente gosta de criar tiques e marcas profundas em seu grupo de aventureiros como foi em Firefly e Alien IV. É seu tabuleiro nerd de RPG ganhando vida. Isso não quer dizer que não haverá conteúdo a ser desenvolvido neles, mas tudo virá a seu tempo e em algum momento você se apegará a um como seu personagem preferido.


Bem, na verdade, se estamos falando de “preferido”, todos os novatos enfrentarão uma concorrência forte já que a grande estrela do show, o Agente Phil Coulson, que foi clamado quase que unanimemente para voltar, é de fato o que da todo o diferencial na narrativa de Agentes da SHIELD. E ele é o maior desafio de Joss Whedon, já que trata-se não só de um personagem que já lhe veio pronto, mas como tem um perfil incomum ao que ele esta acostumado a lidar. Uma mescla de firmeza e serenidade acompanham Clark Greeg nesse papel e dão um perfil inesperado para um protagonista de seriado de ação. A verdade é que Phillip Coulson tornou-se uma surpresa para todos ao cair no gosto popular. É alguém que ainda está sendo montado, que sequer conhecemos quem ele é de fato.  Tanto quanto a trama envolvendo os misteriosos vilões, saber quem de fato é Coulson talvez seja o que mais nos prenderá a série.

E dentro desse panorama de mistério, uma das maiores interrogações que surgem já no primeiro episódio é quanto a sua morte. Maria Hill (Cobie Smulders) faz sua participação especial ali para servir de ponte com o filme dos Vingadores e explicar tudo. Fala-se que o agente não ficou mais que alguns minutos sem respirar, voltou a vida, mas sua morte foi colocada como pano de fundo para montar os Vingadores. Enquanto isso, Coulson ficou escondido por um tempo no Taiti enquanto se recuperava para finalmente voltar a ação. Mas será que é apenas isso mesmo? Hill parece em toda cena demonstrar ainda muita lamentação com o acontecimento, seu olhar é de tristeza para Coulson e dado momento troca duas palavras com o médico da SHIELD (vivido por Ron Glass, o Pastor Book de Firefly) dando entender que Phil nunca esteve no Taiti. Esse pequeno comentário abre margem para muita especulação, dando entender no mínimo que falsas memórias foram implatandas em Coulson deixando muitos fãs questionarem se aquele ali é realmente o Coulson que conhecemos. Especulações a parte, e não querendo spoilear demais, leitores de quadrinhos já devem pensar como eu na possibilidade de que uma sigla de três letras explique toda essa história de ressurreição pós-Vingadores. SPOILER: MVA


Uma vez que a equipe de Coulson é montada, somos apresentados de forma muito rápida a toda estrutura a disposição dos agentes. Dando entender que vão funcionar num nível extremamente secreto e desconhecido até por outros agentes, eles ganham uma versão diferente de base aérea e terão um modus operandi independente. O objetivo principal deste time é justamente investigar aparições inesperadas dessa nova leva de superseres desde a chegada dos Chitauri em Nova York. Ao que parece, e como bem mostra o curta metragem Item 47 no DVD dos Vingadores, muitas pessoas acabaram sujeitas a tecnologia dos alienígenas e algumas delas parecem não ter uma boa índole. E aí que surge a organização “Maré Crescente” (The Rising Tide) que promete ser a grande antagonista nesse primeiro ano do seriado. Ainda não sei ao certo se há alguma coisa nela que esteja passando desapercebido por mim e que tenha referencia nos quadrinhos, mas tudo leva a crer que seja muito mais do que simplesmente parece.

Dentro dessas novas ameaças está Mike Peterson, vivido pelo ator J. August Richards, que muitos acharam antes ser a versão da TV para o Luke Cage ou o adolescente Rage. Na verdade, Peterson tem até sua contraparte no Universo Marvel dos quadrinhos, mas não passa de um humano comum que de fato adora heróis e é o melhor amigo de um novo guerreiro pouco conhecido, o Pastelão (Steve Harmon, Slapstick no original). Na série, Mike é também um humano comum, cheio de problemas em sua vida, que é levado por um desejo de ser alguém mais depois de tudo o que viu sendo feito após o salvamento de Nova York pelos Vingadores. O resultado é que acabou servindo de cobaia para uma versão diferente de experimento do Extremis misturado com soro do supersoldado e tecnologia dos Chitauri, com o intuito nítido de criar supers. E daí temos uma ligação forte e inesperada com toda trama da fase 2 da Marvel (Vocês sabem que eu tenho uma teoria vasta sobre o assunto, não?).


As referências ao universo da Marvel certamente não pararam aí. Se já começamos com todo o cenário novo montado de adoração aos heróis de forma descarada, temos também citações sutis ao projeto Pegaso e as piadas envolvendo a Jornada ao Mistério e um certo cabeça de teia que está nas mãos da Sony. E quem não vibrou com a cena final com Lola mostrando que é muito mais que um carro bacana?

Agentes da S.H.I.E.L.D mostrou em um episódio que não veio pra brincadeiras. Não é uma série barata de se fazer e há toda uma preocupação de integrá-la perfeitamente no todo que é o universo cinemático da Marvel. Eu não me admiraria se, por exemplo, algum plot importante fosse desenvolvido entre os episódios e que acabasse desenrolando em um dos filmes da franquia em 2014.


E agora com toda essa trama aberta, plots curiosos a serem desenvolvidos e muito mistério no ar, vai ficar realmente difícil esperar semana a semana um novo episódio chegar.  E nós do 616 ficaremos de olho aqui, esmiuçando essa bela série e já se preparando pra discussão num futuro podcast ao final da temporada.

Coveiro

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