Para a maior parte do mundo, eis o que aconteceu: uma pequena cidade de 5 mil habitantes foi destruída por uma explosão nuclear. Após a explosão, a área atingida estava inexplicavelmente coberta por uma semiesfera, separando-a do resto do mundo. Algum tempo depois, a semiesfera sumiu, mostrando um habitat nunca visto antes. Parece complicado? Como a Equipe de Extinção descobriu depois, a história toda é ainda mais complexa...
O local foi batizado como Tábula Rasa, e tornou-se interesse da Equipe de Extinção quando um grupo que entrou na área em busca de sobreviventes desapareceu. A descoberta do local, por sua vez, foi feita por Psylocke, atual responsável pela segurança e contraespionagem de Utopia – e, na ausência de Emma Frost (ainda reimplantando seu braço decepado na aventura anterior), membro substituto no grupo de Ciclope.
Se o nome “Tábula Rasa” parece familiar, não é coincidência: o segundo arco escrito por Kieron Gillen para o relançamento de Fabulosos X-Men pega carona num dos desdobramentos da Saga do Anjo Negro, arco épico da Fabulosa X-Force. E quem lê as histórias da X-Force sabe que Psylocke faz parte da equipe, ou seja, a moça não está contando toda a verdade ao apresentar o histórico da Tábula Rasa. Muito menos ao dizer que não sabe como ela surgiu – para quem não lembra, o Arcanjo ordenou o extermínio do lugar e sua recriação com a Semente Vital, como uma experiência para seu plano de trazer a evolução à Terra.
Antes de partir com sua equipe, Ciclope fez contato com o Capitão América para comunicar a descoberta da Tábula Rasa e sua partida ao local para uma missão de resgate. Os dois homens comentam os rumores da imprensa sobre uma animosidade entre os Vingadores e os X-Men, e ambos garantem que a animosidade não existe. Seja intencional, seja apenas pela tradicional falta de expressão facial na arte de Greg Land, o ponto é que as declarações dos dois líderes não parecem sinceras como deveriam.
Chegando ao local, a Equipe de Extinção conseguiu salvar parte do grupo de resgate e afastar as criaturas que os atacavam quando Tempestade tornou Tábula Rasa novamente bloqueada do sol por nuvens escuras. Mas várias pessoas continuavam desaparecidas; a decisão da equipe foi se separar em duplas para melhor vasculhar o território desconhecido.
Neste ponto, a história busca dois objetivos. O primeiro é mostrar as peculiaridades da Tábula Rasa; neste quesito, o roteirista tanto acerta quanto erra. Por um lado, Gillen aprofunda a ambientação do novo mundo dentro do mundo, com sua flora, sua fauna, sua sociedades e culturas bem peculiares. Por outro lado, faltou criatividade para expandir a região criada nas histórias de Rick Remender; por mais peculiaridades que tenham sido acrescentadas, Tábula Rasa acaba parecendo uma nova Terra Selvagem: saem os dinossauros, entram as criaturas desconhecidas, mas falta uma verdadeira diferenciação.
O segundo objetivo rendeu melhores resultados: apresentar os personagens e interações com a separação da Equipe de Extinção em duplas estratégicas (Perigo, a nona integrante, ficou sozinha monitorando Tábula Rasa e coletando dados para o Clube X), seja porque contrastam, seja porque se complementam de alguma forma. Tempestade e Ciclope: ela, uma dos maiores seguidores do sonho de Xavier; ele, outrora o maior seguidor desse sonho, hoje trilhando rumos bastante diferentes. Colossus e Magia: um coração nobre tentado a se tornar um demônio, e um demônio (aparentemente) tentado a se tornar um coração nobre. Namor e Esperança: o vaidoso rei atlante que adora ser admirado pelo sexo oposto, e a adolescente que normalmente age como soldado mas não está imune às paixonites de sua idade. Por fim, Magneto e Psylocke: ele, ainda visto por muitos como vilão; ela, vista como heroína... mas com ele em busca de redenção nos X-Men e ela cometendo atos questionáveis na X-Force (verdade que Magneto conhece e faz questão de jogar na cara dela), quem é herói e quem é vilão?
Seja como for, parte da equipe conseguiu se reunir e encontrar dois habitantes do que restou da sociedade da Tábula Rasa. Embora hoje o local pareça uma selva primitiva, ele abrigou por milhões de anos (vale lembrar, em um dia na Terra, 130 milhões de anos se passaram dentro da semiesfera que cobria Tábula Rasa) uma civilização extremamente evoluída, os Apex. Mas, sem a luz do Sol, era uma questão de tempo até que os Apex tivessem a energia necessária para sua sociedade. Os dois indivíduos mais inteligentes tiveram ideias diferentes para a sobrevivência de seu povo: o primeiro, hoje conhecido como Imortal, construiu um traje espacial para voar para o mundo externo, mas ficou preso na barreira da semiesfera; o segundo, que adotou o nome de Selvagem numa conversa com Ciclope, propôs que todos entrassem em caixões de estase, mas os Apex não se preocuparam em garantir proteção a seus caixões e acabaram devorados.
De volta a Tábula Rasa, o Imortal decidiu reviver sua raça... às custas das vidas do povo primitivo que se originou no lugar dos Apex. Claro que os X-Men não iriam tolerar genocídio e se uniram ao Selvagem para deter seu “desesposo” (loooonga história...). Fisicamente o Imortal se mostrava imbatível, mas Tempestade foi capaz de fazê-lo parar ao mostrar como ele estaria maculando os valores nobres dos Apex se cumprisse seu objetivo.
Mas o perigo maior estava por vir: a vida em Tábula Rasa cresceu isolada do Sol... ao ser subitamente exposta à luz solar, fauna e flora seriam consumidos pelo câncer. Apenas um trabalho conjunto entre a S.H.I.E.L.D., E.S.P.A.D.A. e os X-Men garantiu a reconstrução da cúpula, tornando Tábula Rasa uma biosfera protegida e um monumento aos cidadãos mortos no ataque nuclear. A missão foi cumprida, mas os problemas persistem: Colossus terá que levar na memória seu ataque homicida de fúria quando sua irmã foi capturada por criaturas do local; Esperança terá que levar na memória a imagem de Namor beijando a rainha do ambiente aquático de Tábula Rasa (e a revelação de que ele prefere beijar uma criatura dessas a beijar uma ruiva). E Psylocke terá que levar na memória a dívida que tem com Magneto... e o ex-vilão comentando que, no fundo, os dois são bastante parecidos...
Fernando Saker
O local foi batizado como Tábula Rasa, e tornou-se interesse da Equipe de Extinção quando um grupo que entrou na área em busca de sobreviventes desapareceu. A descoberta do local, por sua vez, foi feita por Psylocke, atual responsável pela segurança e contraespionagem de Utopia – e, na ausência de Emma Frost (ainda reimplantando seu braço decepado na aventura anterior), membro substituto no grupo de Ciclope.
Se o nome “Tábula Rasa” parece familiar, não é coincidência: o segundo arco escrito por Kieron Gillen para o relançamento de Fabulosos X-Men pega carona num dos desdobramentos da Saga do Anjo Negro, arco épico da Fabulosa X-Force. E quem lê as histórias da X-Force sabe que Psylocke faz parte da equipe, ou seja, a moça não está contando toda a verdade ao apresentar o histórico da Tábula Rasa. Muito menos ao dizer que não sabe como ela surgiu – para quem não lembra, o Arcanjo ordenou o extermínio do lugar e sua recriação com a Semente Vital, como uma experiência para seu plano de trazer a evolução à Terra.
Antes de partir com sua equipe, Ciclope fez contato com o Capitão América para comunicar a descoberta da Tábula Rasa e sua partida ao local para uma missão de resgate. Os dois homens comentam os rumores da imprensa sobre uma animosidade entre os Vingadores e os X-Men, e ambos garantem que a animosidade não existe. Seja intencional, seja apenas pela tradicional falta de expressão facial na arte de Greg Land, o ponto é que as declarações dos dois líderes não parecem sinceras como deveriam.
Chegando ao local, a Equipe de Extinção conseguiu salvar parte do grupo de resgate e afastar as criaturas que os atacavam quando Tempestade tornou Tábula Rasa novamente bloqueada do sol por nuvens escuras. Mas várias pessoas continuavam desaparecidas; a decisão da equipe foi se separar em duplas para melhor vasculhar o território desconhecido.
Neste ponto, a história busca dois objetivos. O primeiro é mostrar as peculiaridades da Tábula Rasa; neste quesito, o roteirista tanto acerta quanto erra. Por um lado, Gillen aprofunda a ambientação do novo mundo dentro do mundo, com sua flora, sua fauna, sua sociedades e culturas bem peculiares. Por outro lado, faltou criatividade para expandir a região criada nas histórias de Rick Remender; por mais peculiaridades que tenham sido acrescentadas, Tábula Rasa acaba parecendo uma nova Terra Selvagem: saem os dinossauros, entram as criaturas desconhecidas, mas falta uma verdadeira diferenciação.
O segundo objetivo rendeu melhores resultados: apresentar os personagens e interações com a separação da Equipe de Extinção em duplas estratégicas (Perigo, a nona integrante, ficou sozinha monitorando Tábula Rasa e coletando dados para o Clube X), seja porque contrastam, seja porque se complementam de alguma forma. Tempestade e Ciclope: ela, uma dos maiores seguidores do sonho de Xavier; ele, outrora o maior seguidor desse sonho, hoje trilhando rumos bastante diferentes. Colossus e Magia: um coração nobre tentado a se tornar um demônio, e um demônio (aparentemente) tentado a se tornar um coração nobre. Namor e Esperança: o vaidoso rei atlante que adora ser admirado pelo sexo oposto, e a adolescente que normalmente age como soldado mas não está imune às paixonites de sua idade. Por fim, Magneto e Psylocke: ele, ainda visto por muitos como vilão; ela, vista como heroína... mas com ele em busca de redenção nos X-Men e ela cometendo atos questionáveis na X-Force (verdade que Magneto conhece e faz questão de jogar na cara dela), quem é herói e quem é vilão?
Seja como for, parte da equipe conseguiu se reunir e encontrar dois habitantes do que restou da sociedade da Tábula Rasa. Embora hoje o local pareça uma selva primitiva, ele abrigou por milhões de anos (vale lembrar, em um dia na Terra, 130 milhões de anos se passaram dentro da semiesfera que cobria Tábula Rasa) uma civilização extremamente evoluída, os Apex. Mas, sem a luz do Sol, era uma questão de tempo até que os Apex tivessem a energia necessária para sua sociedade. Os dois indivíduos mais inteligentes tiveram ideias diferentes para a sobrevivência de seu povo: o primeiro, hoje conhecido como Imortal, construiu um traje espacial para voar para o mundo externo, mas ficou preso na barreira da semiesfera; o segundo, que adotou o nome de Selvagem numa conversa com Ciclope, propôs que todos entrassem em caixões de estase, mas os Apex não se preocuparam em garantir proteção a seus caixões e acabaram devorados.
De volta a Tábula Rasa, o Imortal decidiu reviver sua raça... às custas das vidas do povo primitivo que se originou no lugar dos Apex. Claro que os X-Men não iriam tolerar genocídio e se uniram ao Selvagem para deter seu “desesposo” (loooonga história...). Fisicamente o Imortal se mostrava imbatível, mas Tempestade foi capaz de fazê-lo parar ao mostrar como ele estaria maculando os valores nobres dos Apex se cumprisse seu objetivo.
Mas o perigo maior estava por vir: a vida em Tábula Rasa cresceu isolada do Sol... ao ser subitamente exposta à luz solar, fauna e flora seriam consumidos pelo câncer. Apenas um trabalho conjunto entre a S.H.I.E.L.D., E.S.P.A.D.A. e os X-Men garantiu a reconstrução da cúpula, tornando Tábula Rasa uma biosfera protegida e um monumento aos cidadãos mortos no ataque nuclear. A missão foi cumprida, mas os problemas persistem: Colossus terá que levar na memória seu ataque homicida de fúria quando sua irmã foi capturada por criaturas do local; Esperança terá que levar na memória a imagem de Namor beijando a rainha do ambiente aquático de Tábula Rasa (e a revelação de que ele prefere beijar uma criatura dessas a beijar uma ruiva). E Psylocke terá que levar na memória a dívida que tem com Magneto... e o ex-vilão comentando que, no fundo, os dois são bastante parecidos...
Fernando Saker