sexta-feira, 5 de abril de 2013

Wolverine Sombrio: Orgulho ferido

Wolverine Sombrio #17

Sem fator de cura e vítima de uma de suas maiores ferramentas, a manipulação. É assim, afundando cada vez mais no submundo de Los Angeles, que Daken, o Wolverine Sombrio, vê-se frente a frente com o legado que organização criminosa chamada Orgulho deixou na cidade. Com TODO o legado. O que significa que, em uma história publicada em Wolverine 97, 99 e 100, o encontro do personagem com os Fugitivos era inevitável.

E logo fica claro que os problemas, os assassinatos, as manipulações, e os efeitos devastadores da droga Agito tem um único eixo: Marcus Roston, que é muito mais do que um astro de Hollywood que Daken pensava ter seduzido. E ele continua usando sua capacidade de se metamorfosear para atingir seus objetivos, inclusive destruir emocional e fisicamente o filho de Wolverine, levando a agente do FBI Donna Kiel junto.

Mais uma vez fica evidente a intenção do roteirista Rob Williams em levar Daken a situações profundamente contraditórias com sua linha de ação. Fazer com ele aquilo que o mutante normalmente faz com os outros: jogos mentais, manipulações, busca desenfreada no poder. Williams o tira do controle, praticamente o coloca no lugar de vítima de alguém que parece mais competente naquilo que ele pensava fazer melhor.

É a droga que Roston usa em seus planos que leva Daken à raiz de onde seu antagonista brotou: o Orgulho. Mas o orgulho está morto, restando apenas alguns de seus herdeiros, que não apenas eliminaram seus pais, mas decidiram seguir na direção oposta. Ou isso não é inteiramente verdade?

De qualquer forma, é recorrendo à molecada que Daken constrói sua vingança contra Roston. Apelando às habilidades que lhe pareciam perdidas, consegue trazê-los para o seu lado diante da ameaça do retorno do Orgulho. O mutante se reconcilia com Donna de uma forma peculiar, em uma clara referência a como viciados podem se ajudar mutuamente. Mas a autenticidade do acerto deixa dúvidas no ar.

Wolverine Sombrio #17

Com as alianças feitas e refeitas, é hora do confronto com Roston. Ele faz justiça a sua ligação com o Orgulho e, embriagado de poder, perde qualquer tipo de restrição. Mesmo Daken se surpreende (ou se mostra surpreso) com o grau de inconsequência nas ações dele, talvez vendo em Roston um pouco de si próprio. Mas a essência do Wolverine Sombrio está ali, junto com seu ego e capacidade de manipulação.

A arte de Matteo Buffagni (que recebe ajuda de Michele Bertilorenzi e de Andrea Mutti nas duas últimas partes) não é algo espetacular, mas extremamente adequado às histórias do Wolverine Sombrio. Além disso, pelo pouco que vemos esses artistas nas revistas regulares da Marvel, dão uma certa identidade visual para a revista em relação a outras publicações.

Wolverine Sombrio #17

E é voltando à velha forma que Daken finalmente consegue sair vitorioso. Fortalecido sob certo ponto de vista, mas sem perder nenhuma das deturpações morais no processo. Com o orgulho restaurado. Talvez com exceção do laço criado com Donna Kiel.

João

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