domingo, 4 de julho de 2010

X-Men - Destino Manifesto: Right to be wrong*

X-Men

Os leitores do universo mutante estão dando sorte com o tratamento dado a série especial Destino Manifesto. Apesar do atraso no início das publicações, as histórias curtas estão sendo publicadas com certa regularidade em vez de serem deixadas na gaveta para servirem de meros "tapa-buracos" eventuais. Em X-Men 102, mais duas delas são trazidas a nós. Confira abaixo.

Mocinhos e Bandidos
(Escrita por Skottie Young e desenhada por Daniel Panosian)

No meio do nada, em Nevada, EUA, o Fanático faz um grupo de pessoas cumuns reféns num bar de beira de estrada. Tudo que ele quer são opiniões sobre sua questão filosófica atual: ele deve ser bom ou mau? Entre opiniões variadas, temos um pai que aconselha o filho a parar de mandar torpedos e prestar atenção numa bela jovem presente, que desdenha do conselho grosseiro, mas não parece desaprovar a ideia, e alguns outros personagens, entre eles um caipira mais velho que tira sarro do capacete do nosso, hããã, protagonista. O meio-irmão do Professor X avisa que não tolererá este tipo de atitude e, quando o distraído Nicky, o garoto do celular, faz pouco de um erro de pronuncia dele, acaba pendurado numa parede.

X-Men

Mais tarde, a bela jovem já citada desabafa, dizendo que está cansada de ouvir sobre moral. Não é que ela seja uma denfensora louca de criminosos, mas a moça simplesmente não vê mais muita diferença entre "bom" e "mau" nos dias de hoje, já que os dois lados fazem tudo o que querem mesmo. Quem é "mau", pelo menos, não precisa seguir regras. Bom, mau, herói, vilão, são só palavra agora. Tudo o que eles fazem é imitar um conceito que já foi relevante, e não é mais.

Ela até cita a situação recente onde heróis se enfrentaram apenas porque um dos lados não queria deixar de fazer o que bem entendesse a qualquer hora, mesmo sendo este um argumento um pouco simplista. Fechando, a moça faz a pertinente constatação de que, se sacasse uma arma e atirasse em algum dos ali presentes, iria para a cadeira elétrica. Mas, se disparasse balas mentais e estivesse fantasiada, seria livre feito um pássaro, independente de ser "boa" ou "má". Se é assim, ela questiona: por que perder tempo fingindo? Enquanto ela falava, o velho caipira usou o celular do jovem Nick para chamar, em silêncio, a polícia.

X-Men

Mais tarde ainda, o Fanático se despede, agradecendo as opiniões e dizendo que todos ali lhe deram no que pensar, sobretudo Mac, nossa principal oradora. Quando ele começa a dizer que acha que precisa continuar tentando ser bom, a polícia o interrompe.Com as mãos pro alto, Cain Marko deixa o recinto afirmando que não há motivo para preocupação, mas a polícia não lhe dá muito tempo para falar antes de atirar. Sendo assim, Cain revida, dizendo que é um bom sujeito, mas, já que ninguém perguntou, ele também sabe ser mau.

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Skottie Young mais uma vez demostra seu talento de escritor, com um história cheia de naturalidade e reflexões pertinentes sobre o mundo atual dentro de fora do universo super-heroico, como fez numa história estrelada pelo Anole em Dividos Lutaremos, cujo review você pode conferir aqui.

Falha
(Escrita por Chris Yost e desenhada por Paco Diaz Luque)

A história começa com Emma Frost refletindo sobre a mudança para São Francisco, sobre como ela representa um novo começo, uma ruptura no ciclo de ódio, medo, morte e desturição. Os X-Men hão de deixar tudo isso para trás e abraçar o futuro. Emma acredita que, na verdade, isso é uma besteira, já que algumas coisas não podem ser esquecidas ou perdoadas.

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Ela diz que não merece nada disso, não merece Scott, e teme acordar e descobrir que é tudo apenas uma piada cruel. Conta que o namorado não confia totalmente nela, nem nunca irá, e sabe que ele está certo nisso, sendo que ela precisa se esforçar para não ler sua mente enquanto ele dorme.

Frost passa por seus colegas, incluindo seus alunos e queridas Cucos, listando para si motivos para cada um deles não cofiar nela, e confessando acreditar que, no fundo, todos a odeiam. Então ela espera e tenta ser uma pessoa à altura de todos eles, sofrendo diariamente por tentar chegar ao seu elevado padrão e esperando o momento em que eles lhe dirão que aquele não é seu lugar, pois não é digna de confiança e jamais fará parte da família. Enquanto pensa nisso, em meio a um jantar na cidade, ela se descontrola e grita, ordenando a seus companheiros que a julguem e expulsem de uma vez.

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Todos param chocados, ela deixa o recinto e Logan vai atrás. O canadense diz já ter percebido o comportamento incomumente preocupado de Emma desde a mudança, e ela acaba desabafando o que sente. Wolverine a deixa a par do fato de que Scott Summers daria a vida por ela, assim como todos os outros ali, incluindo as crianças. Se ela fez coisas condenáveis, isso está longe de torná-la uma pária entre os X-Men. Nenhum deles está limpo, nem mesmo Ciclope. Há sangue nas mãos e escuridão na alma de todos ali, sendo este um efeito coletaral do que eles fazem. O que importa, explica Logan, é saber que ela odeia a escuridão dentro dela. Ele termina dizendo que, se ela quer perdão, deve começar se perdoando.

Voltamos ao monólogo principal, onde Emma olha o mar sozinha em sua forma de diamante e confessa que nunca imaginou que isto aconteceria. Que se importaria tanto, se apaixonaria, teria uma segunda chance, seria defendida e consolada pelos X-Men. Em sua forma de diamante não sente nada, e trabalhou a vida inteira para dar à sua mente a mesma perfeição fria, dura e sem emoção. Talvez seja esta sua falha. Voltando à forma humana, as emoções a atingem como água gelada, ao serem sentidas pela primeira vez. É assim que Emma Frost sente o perdão e percebe que, ali, com aquelas pessoas incríveis, pode mesmo haver uma segunda chance até para alguém como ela.

X-Men

Por enquanto é só. A série continua mantendo a qualidade, o negócio é ficar de olho nas próximas histórias. Nos vemos lá.

*Título do artigo baseado no título da canção homônima da Joss Stone.


Léo

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