segunda-feira, 1 de abril de 2013

Vingadores vs X-Men: Prenúncios da Guerra

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A saga que abalou completamente os alicerces das duas maiores franquias da Marvel finalmente começou no Brasil. De um lado, os mais poderosos heróis da Terra, sucesso completo dos cinemas. Do outro, temos os temidos mutantes, amados por seus fiéis leitores desde os anos 80. Com a edição 0 de Vingadores e X-Men chegando em bancas, finalmente podemos ter um desenho daquele que vai ser o maior confronto de heróis da Terra.

Com 132 páginas, a edição 0 de Vingadores vs X-Men traz na verdade um compêndio de histórias interligadas à saga. Sendo que a primeira, maior e mais importante delas, é a "Sanção X" (X-Sanction nos EUA), minissérie lançada em quatro partes lá fora e que traz de volta um personagem altamente vinculado a história da Esperança. Seu nome é Nathan Dayspring Askanison Summers, mas você deve conhecê-lo pela alcunha de Cable.

Sumido desde os eventos finais de Segundo Advento, Cable foi dado como morto, apenas restando seu braço contaminado pelo tecnovírus nesta nossa linha temporal. Todavia, como já era previsto, é difícil matar esse Soldado do Futuro e Cable acabou indo parar anos à frente, numa Terra destruída pelo que parecia um grande inverno nuclear. Ao prosseguir em busca de respostas, ele se depara com Blaquesmith, antigo parceiro de suas histórias, também membro do clã Askani. Há poucas informações sobre o que levou àquele futuro, mas o que Blasquesmith pode adiantar é que tudo ali girou em torno do fato de que Esperança não conseguiu completar sua missão e os responsáveis por isso foram os Vingadores. E isso foi o suficiente para que Cable encabeçasse sua nova missão. Voltar ao passado e deter os Mais Poderosos Heróis da Terra.

E assim começa a história: com roteiro de Jeph Loeb e desenhos de Ed McGuiness, temos praticamente em cada edição o nosso viajante do tempo determinado em derrotar cada membro em particular dos Vingadores. Na primeira parte, após armar uma emboscada, Cable derrota o Falcão e o Capitão America. Em seguida, é a vez do Homem de Ferro - graças a um modelo de armadura do pro Tony Stark que ele trouxe do futuro, Cable conseguiu sobrepujá-lo. O próximo da lista foi o Hulk Vermelho, criação do Loeb e adversário da terceira edição; com a ajuda de Blaquesmith, que resolveu também segui-lo, Cable consegue deter o Vermelhão, contaminando-o com o Tecnovírus. E na última edição da minissérie, o destaque fica pra Wolverine e Homem-Aranha.

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Neste ínterim, somos apresentados a vários flashbacks (ou seriam alguns flashforwards), com é pequenas histórias de Cable e Esperança quando ela era uma mera garotinha e de como o Nathan se preparou para lidar com os Vingadores, conseguindo boa parte da tecnologia necessária na arruinada Mansão dos Vingadores no futuro. Por sinal, ciente de que Cable estava fora de controle e com risco de vida (já que o seu tecnovírus passou a avançar sobre ele indiscriminadamente), Blaquesmith vai buscar ajuda. E ele traz consigo Ciclope e Esperança na intenção de que o velho soldado pare aquele ataque insano.

Cable acaba ficando ainda mais descontrolado, visto que ali Esperança estava em risco. Ciclope e Esperança decidem soltar os demais Vingadores e tentar assim conter Nathan antes que ele se mate de vez. E no meio da briga, com o corpo já exaurido e tomado completamente pelo tecnovírus, ele tomba em coma.

Depois de muita pancadaria, os momentos finais da história nos levam a alguns momentos decisivos e interessantes. Orientada por Blaquesmith, Esperança consegue curar o vírus tecnorgânico de Cable. E no processo, mais uma vez ela se revela de alguma maneira vinculada à Força Fênix. Ciclope, olhando tudo pelo vidro da enfermaria, fica atônito. E numa última página, temos um dialogo no plano astral entre Ciclope e Cable. Cable revela que a profecia em torno da Esperança fala que ela é a nova portadora da Fênix. Antecipa a Guerra com os Vingadores e compromete Ciclope para tomar as decisões certas, não importa quais sejam, de proteger sua filha.

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Loeb e McGuiness também são responsáveis por uma outra história, desta vez mais curta, focada num novo membro da tropa Nova. No planeta Birj, dominado pelo ex-arauto de Galactus, Terrax, o rapaz tenta convencê-lo a salvar os habitantes daquele lugar antes que a Força Fênix chegue. Terrax não dá ouvidos, prefere confrontar a entidade cósmica sozinho e acaba inevitavelmente morto. Então, como esperado, o planeta Birj é consumido pelas chamas da destruição. Todavia, após a dizimação, a vida parece florescer de novo. E o jovem Nova segue mais uma vez em seu trajeto para avisar aos mundos sobre a vinda da Fênix. Essa história foi parte de uma das muitas que compuseram o especial POINT ONE, lançado em 2012 nos EUA.

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Por fim, a última parte desta “prólogo”, traz as duas histórias que compuseram a edição 0 original americana. Na primeira delas, temos a volta da Feiticeira Escarlate, responsável pela Dizimação mutante e Queda dos Vingadores. Após confronto com MODOC nas ruas de Nova York, Wanda é convidada por Carol Danvers, a Miss Marvel, e Jessica Drew, a Mulher-Aranha, para voltar ao grupo dos Vingadores. Receosa, a moça decide ainda assim acompanhá-las, mas acaba tendo uma desagradável surpresa. Seu ex-marido, o Visão, também acabara de ser reconstruído por Tony Stark, e tomado por uma amargura ao vê-la, toma a frente de todos e a expulsa da mansão. De costas para os demais, apenas os leitores veem suas lágrimas, referência clara à antiga história de “Até um androide pode chorar”. Contada em 15 páginas, essa história é assinada por Brian Michael Bendis e Frank Cho.

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Na segunda história, o foco se volta pra Esperança, a Messias premeditada para reverter todo problema causado pelo Dia M. A menina vem agindo ultimamente de forma cada vez mais errática, saindo às escondidas durante a noite para combater sozinha o crime de São Francisco. Numa dessas, acaba sendo surpreendida por Ciclope, que tenta detê-la. Esperança tenta negociar que ficará se lhe for explicado o que é a “Fênix”. Sem estar preparado para essa, Ciclope fica calado e Esperança o alveja com raios ópticos, fugindo para o continente a fim de extravasar sua raiva. Seu alvo desta vez é a Sociedade da Serpente. E mesmo estando estando em cinco, número mais favorável, o grupo de vilões não foi páreo para uma garotinha com o treinamento militar dado por Cable. Ciclope e Emma Frost chegam tarde demais, quando o grupo estava sobrepujado e Esperança, com sangue nas mãos. Esperança, mais calma agora, fala que sabe porque Ciclope está com medo, receoso de falhar e perdê-la para a Força Fênix assim como foi com Jean Grey no passado. Todavia, a garota parece determinada em dizer que está preparada. Emma e Ciclope apenas a observam, cientes de que se ela vier para salvar a todos ou matar a todos, é alguém que deve ter atenção especial. Desta vez, a história ficou por conta de Jason Aaron e, mais uma vez, Frank Cho.

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Com isso, temos o conjunto de histórias definitivo para preparar o leitor para a saga.  Jeph Loeb mostrou bastante sensibilidade em tratar a relação de Cable e Esperança em sua X-Sanction, com momentos muito tocantes entre pai e filha, algo de que certamente ele entende, tendo o Loeb uma carga emocional pessoal bem grande para despojar desde a perda de seu filho. O que incomoda, talvez, seja aquela velha narrativa esticada e sem profundidade dos combates que me incomode. Levou quatro edições, e os momentos mais importantes aqui se resumiram a poucas páginas, como foi o caso do diálogo final entre Scott e Nathan. Em contrapartida, Loeb conseguiu se sair bem melhor na história do Nova, com poucas páginas e uma narrativa bem mais dinâmica. Isso parece ser um bom sinal para o futuro título do personagem que ele assumirá.

Já as duas histórias finais não têm muita pretensão, salvo reapresentar ao leitor as duas personagens mais importantes da vindoura Vingadores vs X-Men. Nas duas, Frank Cho matou a pau e não precisou apelar pra qualquer sensualidade desnecessária. Bendis aqui não conseguiu dar muito sentimento e coesão à história. Acaba deixando o leitor tão indignado quanto os demais heróis sobre a atitude do Visão. Daí, como você não acha a atitude lógica (que deveria ser própria pra um sintozóide), acaba não se comovendo com aquelas lágrimas no final. Já Jason Aaron foi um pouco mais feliz nas suas 15 páginas. Quem vê a Esperança aqui começa a ver muito da determinação militar de Cable ali, apesar de um pouco mais imatura. A guria consegue peitar o líder dos X-Men, como outrora seu pai já fez tanta as vezes, e você consegue se incomodar tanto quanto ela com o silêncio de Ciclope, mexendo com seu destino, mas sem compartilhar quais são suas verdadeiras intenções. No final, um olhar de Esperança para os céus transmite exatamente o que esperamos dela, um verdadeiro sentido da sua existência. Ela é a Messias? Ela é a Esperança de todos os mutantes?

Coveiro

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