segunda-feira, 10 de julho de 2017

Roteiristas de Homem-Aranha: De volta ao lar detalham algumas decisões do filme

Dois nomes quase esquecidos pelos sites especializados, mas a que devemos muito da enxurrada de easter eggs e detalhes minuciosos que vimos esse final de semana na estreia de Homem-Aranha: De volta ao lar são Jonathan Goldstein e John Francis Daley. Ambos conversaram com o The Hollywood Reportr esse fim de semana e revelaram bastante coisa sobre certas decisões que tomaram no roteiro do filme. O que vem a seguir está recheado de SPOILERS. Portanto, só siga se já conferiu o filme:



"Queríamos um filme focado nele se acostumando com suas novas habilidades e não sendo tão bom nelas ainda, que carregasse com ele medos humanos reais e algumas fraquezas, como foi o medo de altura no Monumento Washington porque ele nunca esteve tão alto em prédios antes. Sempre temos que assumir que ele foi "mordido por uma aranha, então ele imediatamente está confortável com prédios alto", né? Mas não é o caso" disse Goldstein na entrevista.

"Também quando começamos  com algo pequeno, isso nos permite ir mais longe. Mesmo no contexto desse filme, eu não acho que ele vai sentir o mesmo medo de altura ou mesma vertigem que o público teria na cena se você estabelecesse que ele já se balança nos prédios mais altos no começo do filme. Queríamos mesmo mergulhar na evolução do personagem e gastar mais tempo nesses estágios iniciais, porque mesmo essa não sendo uma história de origem em que ele é mordido pela aranha, que já vimos milhões de vezes, é uma tipo de história de origem em que ele está encontrando seu lugar no universo marvel" completou John Francis Daley.

Falando em novas habilidades, os escritores detalharam sobre a inclusão da I.A. nova do traje. "Isso veio com a decisão de trazer o Tony Stark nisso, ter ele com um papel maior. Dando a ele novas capacidades com o traje como é com o Homem de Ferro, torná-lo mais integral ao Peter, então quando Tony toma o uniforme, significa muito mais. Ele perde acesso aquelas habilidades especiais que não existiam anteriormente nos filmes" colocou Goldstein.

"Houve múltiplas reuniões quando montamos os primeiros pontos da história, trabalhando com a Marvel e com o diretor Jon Watts, onde conversávamos sobre essas coisas legais do traje, como esse lance de ele entrar folgado e depois se adequar perfeitamente ao corpo. Pareceu a maneira certa de trabalhar certos parâmetros do traje e o fato de ter tantas combinações nos disparadores de teia. Realmente parece ser a realização dos desejos de toda criança, quando você tem um brinquedo novo que tem todas as coisas divertidas e você continua aprendendo com ele. E ao mesmo tempo, é meio intimidador, como se te dessem um carro e nenhuma aula de direção para usá-lo. Então, ele está constantemente em desvantagem com esse traje e sem saber operá-lo corretamente" comentou Daley.






De todas as cenas do filme, certamente aquela conversa no carro onde estão apenas Peter, Adrian e Liz é uma das mais tensas do filme. "Uma das nossas cenas favoritas são aquelas em que o vilão ainda não sabe ainda, mas o público está ciente e assiste o vilão descobrir contra quem ele está lutando. E aquilo lá é quando os dois se revelam um pra o outro. Há uma inerente tensão naquilo" disse Goldstein e foi completado por Daley dizendo que "Foi uma cena que meio que ficamos animados quando tivemos a ideia inicialmente, porque ela tem a tensão óbvia do encontro do pai da garota que você gosta e multiplicado por 1000 quando você também descobre que ele é o cara que você quer deter esse tempo todo". Goldstein ressaltou que o trabalho do diretor Jon Watts no entanto foi fundamental pra cena dar certo por mesclar uma tensão de filme adolescente com a de uma heróis contra seu vilão num só momento.

Outra grande adesão do filme foi o personagem de Ned Leeds. Jacob Batalon foi demais sendo o garoto da cadeira para ajudar Peter e tendo aquelas piadas como a do filme pornô lá no computador do laboratório. No caso, essa piada foi improvisada nos sets segundo Goldstein e fez uma comparação dele com o personagem de Simon Pegg em Missão Impossível. "Há tantos caras que são os caras da cadeira, que foi divertido brincar com essa convenção" disse Daley e Goldstein completou "E colocar ele de forma tão orgânica num laboratório de informática do colegial. Nós especificamente dissemos que teria que ter uma cadeira giratória e múltiplos computadores". Daley lembrou que tinha uma fala em que Peter questionava ele usar mais de um computador ao invés de abrir mais de uma janela, ao que Ned diz que faz isso por ser mais excitante.

Na entrevista, foi lembrado de um desejo antigo da Sony de trazer a vida o Sexteto Sinistro nos cinemas. "Eu acho que se tratarmos tudo com sua história de origem, não apenas dos nossos heróis, mas também nossos vilões e ver de onde eles vieram, isso dá mais humanidade e realidade a eles. Se não for assim, você só está lidando com um gênio do crime de bigode genérico que tem milhões e milhões de dólares para criar uma tecnologia do mal. Daí, do nada, você não liga pra essa pessoa e não se importa com ela" explicou Daley. Goldstein colocou que "é da nossa intenção fazer com que esse filme exista de um jeito ainda mais realista e de certo modo, num mundo menos desafiador, que não tenha nada a ver com dominação mundial ou coisas abstratas. É pra ser algo sobre caras tentando prover coisas para sua família. Achamos que esse seria um começo pra essa versão do Homem-Aranha. Se pulássemos direto para o Doutor Octopus ou coisas assim, ele levaria uma surra". Daley completou "ou chamaria os Vingadores. Isso é outra coisa. Temos que ter ciência da existência dos Vingadores neste mundo, então se tiver uma ameaça que seja mundial, seria mais lógico chamar os caras".

Agora, passando para os momentos finais, os dois explicaram porque decidiram que Peter iria preferir não se juntar aos Vingadores ali. "É parte do arco como um todo onde Peter percebe que não precisa do traje para ser um herói ou não precisa ser membro dos Vingadores pra ser herói. Ele é um cara por conta própria, e o ápice disso é negar aquela oferta do Tony Stark" disse Goldstein.



Há também uma clara referência aos quadrinhos na cena do soterramento, que veio diretamente das páginas da edição #33 de Amazing Spider-man. "Aquela alusão era algo que Kevin Feige realmente queria por no script, porque meio que resume a questão da luta interna do Peter Parker, onde seu grande inimigo de muitas maneiras é aceitar a ele mesmo antes mesmo de querer ajudar o mundo. Começamos a cena com ele cheio de dúvidas e desesperado, de tal maneira que vemos ali a criança de verdade. Você sente pena dele. Ele está gritando por socorro porque ele acha que não conseguirá sair dali sozinho. Daí, temos um contexto em forma de flashback, ele então percebe que ele é realmente seu maior problema. Ele não tem confiança ainda nele mesmo para sair dali por conta própria" colocou o diretor.

E sobre a questão dos minutos finais a May descobrir seu maior segredo? "Isso meio que diminui o que é mais importante nesse mundo de super-heróis, que é descobrirem seu segredo. Damos enfase a isso, e deixamos ela agora ser parte da sua vida de verdade, mas não será um lance tipo Manto e Adaga de confissão entre eles. É ela saber que ele usa seus poderes do melhor jeito, para ajudar o mundo, ajudar ele mesmo e sua família e agir com responsabilidade. O que é engraçado é que da primeira vez que encontramos com a Marvel, nós dissemos como imaginavam que tipo de Tia May a Marisa Tomei seria, daí eles trocaram olhares entre si, porque secretamente eles já estavam em negociação com ela. Então, as coisas deram certo e estávamos na mais plena sintonia" disse Goldstein. Daley completou "Colocamos na história uma figura mais maternal, que supostamente deveria proteger aquela criança, mas também acaba descobrindo que aquela criança é mais forte do que ela. De fato, é o trabalho dele proteger ela".

Por fim, pra encerrar a entrevista, perguntaram qual foi o momento de maior orgulho dessa história para os dois. "Pra mim, provavelmente foi a sequência do carro com Keaton, onde eles acabam se dando conta um do outro. Há algo divertido ali acontecendo na mente de Peter quando ele finalmente estava conseguindo a garota dos seus sonhos. Haveria uma dança e ele achou que finalmente conseguiu, e daí se deu conta da terrível verdade de que ela é filha de quem é. É um choque" disse Goldstein. Já Daley destacou como é divertido ver o público reagindo aquilo, lembrando que eles são na verdade escritores de comédia, contratados para fazer as pessoas rirem em seus roteiros e daí fizeram uma cena tão espetacular e dramática como aquela no filme.

O filme já é a maior bilheteria de estreia de um filme de super-heróis de 2017 até agora e tende a talvez superar a arrecadação de Homem-Aranha 3, maior filme do herói até então. E fique de olho porque até Domingo sai nosso podcast do filme!

Coveiro

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