Demolidor: Renascido marca o tão esperado retorno de Charlie Cox como Matt Murdock em um verdadeiro renascimento da era Netflix de séries da Marvel. Além de trazer de volta muitos rostos familiares da saga dos Defensores, a nova série do Disney+ apresenta Hector Ayala ao UCM, um personagem conhecido pelos leitores de quadrinhos como o vigilante Tigre Branco. Interpretado por Kamar de los Reyes, Ayala se torna central para o enredo dos primeiros episódios quando seu caso legal atrai Matt Murdock de volta ao tribunal. No entanto, o que deveria ser uma adição celebrada ao universo live-action da Marvel carrega um peso inegável de tristeza. De los Reyes faleceu na véspera de Natal de 2023 aos 56 anos após lutar contra o câncer, fazendo de sua atuação como Hector Ayala seu papel final e adicionando profunda ressonância emocional às suas cenas na série.
O episódio 2 apresenta Hector Ayala como um homem que enfrenta acusações de assassinato após um incidente em uma estação de metrô. Hector interveio quando testemunhou alguém sendo agredido, sem saber que os agressores eram policiais disfarçados. Durante o confronto, um policial caiu acidentalmente nos trilhos e morreu. Apesar de ser um acidente trágico, Hector é acusado de assassinato. Os sentidos aprimorados de Matt Murdock detectam que Hector está sendo abusado fisicamente na delegacia de polícia e pressionado a assinar uma confissão falsa, obrigando-o a aceitar o caso. À medida que seu relacionamento advogado-cliente se desenvolve, os espectadores descobrem que Hector possui um amuleto místico, que lhe dá habilidades aprimoradas e lhe permite proteger a cidade de Nova York como o vigilante Tigre Branco.
De los Reyes traz profundidade a Ayala, retratando-o com uma dignidade silenciosa que torna o personagem atraente desde seus primeiros momentos na tela. Nascido em San Juan, Porto Rico, de los Reyes também se conecta com sua própria herança cultural em sua interpretação do super-herói porto-riquenho. Esta representação autêntica honra as origens dos quadrinhos do personagem, ao mesmo tempo em que traz uma perspectiva cultural genuína ao papel.
Como quem assistiu já sabe, o enredo do Tigre Branco toma um rumo devastador no Episódio 3, criando um dos momentos mais emocionalmente dolorosos da Marvel TV. Depois que Matt defende Hector com sucesso e garante sua absolvição, Hector retorna ao vigilantismo. Pouco depois de retomar de uma missão de proteger os inocentes, ele é morto a tiros por um agressor usando o emblema da caveira do Justiceiro.
Essa conclusão abrupta e violenta da história do Tigre Branco seria chocante por seus próprios méritos. No entanto, o conhecimento de que o próprio de los Reyes faleceu cria uma ressonância emocional que transcende a narrativa típica de ficção. A equipe de produção não poderia ter previsto o contexto do mundo real em torno dessa performance durante as filmagens. Ainda assim, o momento leva a uma experiência de visualização onde ficção e realidade se entrelaçam de maneiras profundamente comoventes.
Tudo parece muito amarrado emocionalmente no episódio. Antes do julgamento, há uma cena de conversa na cela entre o Matt e Hector que chega a ser muito melancôlica, citando até os cantos de sapos noturnos chamados 'coquís' de sua praia na cidade natal. Ele explica que, embora os turistas possam achar o som perturbador, para ele ele representa o conforto de casa. Ao final, enquanto passa os créditos, é possível ouvir o coaxar da espécie e isso torna tudo muito agridoce, porém belo, para os espectadores. O que era para ser um momento sombrio agora serve como uma homenagem não intencional, mas adequada, ao próprio De los Reyes, com os sons que representavam o lar do personagem se tornando uma despedida do ator que o interpretou.
A atuação de De los Reyes como Tigre Branco também evoca a importância do personagem para a história da Marvel. Quando Hector Ayala estreou em "Deadly Hands of Kung Fu" #19 em 1975, ele abriu novos caminhos durante um período em que os quadrinhos estavam apenas começando a abraçar uma maior diversidade. Enquanto Pantera Negra se destacava como o primeiro super-herói negro da Marvel, e personagens como Shang-Chi representavam heróis asiáticos, Hector Ayala foi uma figura pioneira na representação latina. Além disso, Hector Ayala tem importância histórica significativa nos quadrinhos como o primeiro super-herói latino da Marvel a encabeçar suas próprias histórias solo.
O fato de De los Reyes, com sua herança porto-riquenha, ter sido escolhido para esse papel mostra o compromisso atual da Marvel Studios com o elenco autêntico e o respeito cultural. Embora a jornada do Tigre Branco no UCM seja tragicamente breve, sua inclusão reconhece uma parte crítica da história de publicação da Marvel e traz um personagem historicamente significativo para a tela. A atuação de De los Reyes homenageia esse legado ao mesmo tempo em que cria uma nova interpretação do personagem para o público contemporâneo.
Embora os espectadores possam lamentar o potencial perdido da história do Tigre Branco no UCM, sua breve, mas impactante aparição é um testamento do talento de de los Reyes e uma despedida pungente de um ator versátil cujo papel final o conectou com suas raízes culturais. Além disso, semente do herói pode ter sido deixada. É citado que Hector vivia de favor na casa da irma e da sobrinha (que nos quadrinhos é a Angela Del Toro, que assume seu manto depois). Outra possibilidade é a Marvel buscar a irmã caçula do personagem na forma da Ava Ayala, a terceira Tigre Branco. Em todo caso, é algo que certamente a Marvel está determinada em buscar compensar a perda já que há rumores desde cedo de estarem procurando uma atriz para o papel.
Para saber mais sobre o Tigre Branco nos quadrinhos, clique aqui!
Novos episódios de Demolidor: Born Again estreiam no Disney+ toda terça-feira à noite.
Coveiro