segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Guerras Secretas: Renovação dos Votos



Paralelo a eletrizante saga principal, Guerra Secretas tem sido um prato cheio para os roteiristas terem um momento único de pegar por alguns meses uma história crua com nossos personagens preferidos e brincar com a imaginação criando mundos novos e fazer-nos pensar com possibiliades. E dentre os muitos territórios presentes no novo planeta criado pelo Deus Destino certamente nenhum outro mexeu mais com os fãs do que Regencia. É lá que os fãs do Homem-Aranha tiveram a oportunidade única de ver Parker mais uma vez como Homem de Família e outras responsabilidades além da heróica.

Em Renovação dos Votos, Peter teve um caminho diferente para seguir daquele que conhecíamos em sua história no 616. Desta vez, ele teve de fato uma filha, aqui batizada de Annie May, homenageando assim as duas tias do casal Watson-Parker, e assim seu casamento perdurou até os dias de hoje. Suas responsabilidades eram outra como pai, deixando assim muitas vezes de lado sua obrigação como Amigão da Vizinhança pra preservar sua família em primeiro lugar.


Quando o mundo parecia estar enlouquecendo, com vilões em fuga total das prisões de segurança máxima e heróis pareciam estar confrontando os maiores perigos de uma só vez, Peter colocou a segurança de Mary Jane e Annie como prioridade. Nesta realidade, como aconteceu na já tradicional edição 300, a criatura Venom resolveu fazer uma visitinha a casa dos Parkers e colocou a vida de seus dois amores em perigo. Peter lutou como nunca aquela noite e salvou as duas, mas aquele seria um pesadelo que a menininha levaria todas as noites antes de dormir. Em contrapartida, a ausência de Peter para atender um pedido prioritário dos Vingadores pode (ou não) ter custado a derrocada dos Mais Poderosos Heróis da Terra naquele dia pelas mãos do misterioso Regente.


O mundo mudou com o fim dos Vingadores e demais super-heróis. Quem deles tinham poderes eram caçados e simplesmente desapareciam da vistas da sociedade. O mundo em Regência era um lugar onde os super-heróis eram contra a lei, apesar do seu líder supremo, o Regente, ser aquele que detinha os poderes de todos os capturados graças a uma fabulosa armadura que roubada os dons de todos os presos. Alguns poucos vilões, praticamente os que usavam artefatos e upgrades tecnológicos, caminhavam livremente por aí e serviam ao regente como uma espécie de guarda de caça pessoal. Os melhores iriam parar na elite, o Sexteto Sinistro. A última de suas vítimas conhecidas eram o Demolição, um herói tão abaixo da lista, que o Regente pouco se importou de adquirir os dons dele e entregou-o a uma de suas subalternas, Doutora Shannon Stillwell, que passou a reter os dons graças a uma armadura especificamente fabricada pra ela.


Nesse mundo supostamente mais seguro, porém mais opressor, viviam os Parkers como humanos normais. Só que para isso, precisavam adquirir inibidores de poderes artificiais melhorados pelas mãos de Peter. Assim não só ele se protegia como também Annie, que desde nova passou a ter manifestações do poder do Aranha. Só que até mesmo a tecnologia dos inibidores era falha (além de escassa), e era preciso ficar sempre atento a qualquer perigo. Foi assim que quando houve um alerta na escola de Annie, Peter não pensou duas vezes em agir. Só que quem estava em perigo aquele dia ali era os quatro garotos do Quarteto Futuro. O Homem-Aranha salvou-os mas ao mesmo tempo expôs ao público e as forças do Regente que ele andava aí em segredo.


Não demorou nada para que o Regente começasse a preparar planos para corrigir essa falha do passado e caçar o Aracnídeo. Acionou o Sexteto Sinistro e pôs a cabeça do Aranha a prêmio. Peter quase foi pego no momento em que tentava comprar novos inibidores de poder com o vilão Consertador. Lá confrontou no mano a mano uma versão deturpada do Octopus daquela realidade e venceu-o brutalmente arrancando-lhe todos os braços mecânicos. Um outro confronto com o grupo aconteceria novamente na escola de Annie, quando o Regente pediu uma vistoria interna de poderes por precaução. Os inibidores funcionaram com Peter e a filha, mas um jovem garoto mutante que se manifestou na hora obrigou Peter a sair do anonimato.

No meio daquela loucura, enquanto que o Homem-Aranha lutava com seis de vilões de uma só vez e ganhou a ajuda inesperada do ex-vilão Homem-Areia, os remanescentes da SHIELD - agora liderada por um caolho Clint Barton, salvaram Mary Jane e Annie dali. O lugar era secreto e camuflado para as forças do Regente nunca descobrissem a localização. Os meninos dos Quarteto Futuro estavam por lá protegidos agora e outros heróis desaparecidos há tempos se apresentaram - Harpia, Adaga, Gatuno, Mancha, dentre outros. Humanos comuns fieis a essa resistência também estavam por lá - como Jarvis e Ben Urich.


Enquanto isso, na escola de Annie, Peter e o Homem-Areia era capturados pelo vilão em pessoa, o Regente, que se apresento no lugar. O interesse maior do vilão ali era no Aranha, por quem o dom do sentido de Aranha lhe era pra lá de interessante. Já o Homem-Areia teria certa utilidade ao revelar depois de grande tortura o esconderijo da resistência da SHIELD. Barton e sua equipe também tinham seus planos para reagir, estudando o aprimorado inibidor de poderes criado por Parker e com um pouco de engenharia reversa planejavam criar uma arma capaz de detonar os mecanimos da armadura do Regente. Os dois lados dessa batalha estavam planejando ataques futuros pro tudo ou nada.


Assim, enquanto mais uma equipe de ação do Sexteto Sinistro partiu para o complexo secreto da SHIELD, causando confusão e assim forçando a retirada imediata de alguns membros por um portal do Mancha, outros viram a oportunidade única de invadir a sede do Regente e usar a arma inibidora que recém confeccionaram. No processo, motivada pelo espírito aventuresco da filha, Mary Jane seguiu com Annie para o portal criado para invadir e lutar com os heróis contra o vilão. Juntas, as ruivas salvariam o Papai Parker.

O ataque ao Regente pelos heróis começou sendo um fiasco a principio. Agora com os poderes do sentido de Aranha, a flecha com o inibidor de poderes atirada pelo Gavião Arqueiro foi desviada e inutilizada. Tiveram que todos partir para um mano a mano suícida com o vilão e isso incluia a pequena Garota-Aranha, com uniforme improvisado e tudo. Mary Jane teve uma ideia mais precisa ao invadir a central do complexo e tentar desativar os poderes do Regente por ali.



Não conseguiu muita coisa, mas acabou roubando a armadura da Dr. Stillwell e tendo agora algo com que lutar contra o inimigo. Juntas, mãe e filha foram encarar o Regente. E vendo o esforço e o perigo que sua família corria, Parker se esforçou ao máximo e fez o impensável ao quebrar a prisão de cristal que o envolvia e ficar livre para uma revanche.

Sendo o único ali dos antigos super-heróis sem poderes, era improvável que sozinho Parker conseguisse derrotar o Regente. Só que também estava lá sua filha, e a menina tinha o mesmo espírito do pai. Com a ponta da flecha inibidora dada pelo Gavião Arqueiro, a menina saltou contra o vilão que espcancava seu pai e desativou aquela tenebrosa armadura. O Regente se desfez e sobrou o empresário Augustus Roman ali, afirmando que tudo que fez era com boas intenções de parar um Deus Opressor chamado Destino.


Sem aceitar a derrota, o Regente chegou a ameaçar a pequena Annie na frente dos pais e assim os cidadãos próximos daquele território viram uma faceta pouco conhecida do seu "barão". Peter acabou-o o distraindo no melhor estilão Parker, e deteve-o como um soco. Mas se aquilo não desse certo, ele estaria disposto a algo pior para salvar sua filha. E assim estavam todos a salvo e o lugar chamado "Regência" seguia aparentemente alheio a todo o resto que transcorria no Mundo Bélico.


Esta pode não ser a  mais criativa das histórias de Dan Slott, mas "Renovação dos Votos" tem todo o mérito de mostrar aqui que uma dinâmica familiar mais que combinaria e seria agradável aos leitores do Homem-Aranha nos dias de hoje. A personagem da Annie tem a mesma simpatia comum aos Parkers, com um espírito aventuresco e cheio de admiração pelo que seu pai representa. Se diverte com alguns absurdos do tipo derrotar os grandes vilões com uma piada boba e ainda reserva a inocência quanto ao perigo,  dando a jovem heróina momentos épicos aqui. Mary Jane também merece total destaque, com um momento pra lá de marcante na saga ao citar que já tem um codinome - "Mãe".

Outro ponto forte da história é o visual, com Adam Kubert sendo o maior responsável por nitidamente estar desenhando essa história de bom humor. É rica em detalhes, bem cuidada na narrativa e expressões mais que necessárias dos persoagens aqui e tem um perfil bem colorido e alto astral que combina com o roteiro. E quando representa o vilão, consegue-o colocar ameaçador o suficiente sem precisar deixar sombria as cores. Particularmente, as repaginadas nos vilões do Sexteto Sinistro também foram um ponto a parte.


Não é a toa que "Renovar os Votos" vai ganhar mais alguns capítulos extras nos EUA. É mais que bem vindo!

Coveiro

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