terça-feira, 17 de outubro de 2017

As aventuras de três Mulheres-Aranhas

Depois de um arco particular cada uma em sua própria revistas para pontuar como estão Jessica Drew, Cindy Moon e a Gwen-Aranha da realidade da Terra 65, eis que um inevitável crossover entre essas três Mulheres-Aranhas aconteceu nas páginas das edições 13 e 14 de Homem-Aranha: Aranhaverso. E apesar do crossover ser curto e bem partilhado em suas respectivas equipes criativas, até que a história consegue criar coerência e trama interessante que destaca um pouco de cada personagem.



Tudo começa com um encontro entre as três, com Jessica sendo a mais velha e praticamente sendo uma tutora das duas desde os eventos contra os Herdeiros na saga do Aranhaverso. Gwen, que também faz parte do grupo de combate interdimensional dos Guerreiros da Teia, é a única delas que tem livre acesso entre a sua Terra-65 natal e nosso universo 616 (que curiosamente continua sendo chamado assim). No entanto, ela mal sabe que anda sendo seguida por um estranho sujeito mascarado que discretamente poderia lembrar também um uniforme de herói aracnídeo.

Nessa última reunião em especial, as três mulheres-aranha atravessam para a Terra 65 pra conhecer o famoso café "Starkbucks" que a Gwendoline sempre falava, quando um surpreendente ataque aconteceu próximo - um gigantesco Super-Adaptóide começou a levar o caos às ruas. As heróinas logo colocaram os uniformes para controlar a ameaça e foi nesse momento em que o misterioso perseguidor da Gwen roubou dela o bracelete que abria portal entre dimensões e assim fez com que não só ela ficasse presa, como Cindy e Jessica estivessem exiladas do seu mundo. Mais adiante,  o misterioso ladrão levou o item roubado para sua empregadora, que se revelou como sendo ninguém menos que a versão 65 da Cindy Moon. E ela tinha grandes planos naquela nova e tão repleta de heróis Terra-616. E esse é o começo de tudo na edição especial Spider-Womans Alpha.



As edições que seguem do crossover passam então a trabalhar em particular as perspectivas de cada uma nessa situação. Gwen tenta ajudar as amigas a encontrar pistas para saber quem a roubou ao mesmo tempo que busca abrigo provisório na casa de uma das meninas de sua banda, as Mary Janes. Cindy Moon acaba desaparecendo logo cedo de perto delas, assim que viu a oportunidade de conhecer a versão de seus país daquela realidade. Nessa edição, conhecemos também a versão do Reed Richards daquele mundo, que não tem nada a ver com a família fantástica dos Storms, mas ainda assim é um jovem gênio negro cheio de potencial. Não é a toa que uma série de agentes misteriosos tenta sequestrá-lo e são impedidos pela parceria formada por Drew e Stacy. O garoto é levado para a casa do pai da Gwen e mais tarde será fundamental para ajudá-las a sair dali. Já Drew tem uma ótima conversa com George Stacy sobre filhos. E no final desta parte, recebem uma ligação da Cindy indentificando que um tal de Agente 77 provavelmente roubou a Gwen.



Então, temos a parte da Cindy sendo trabalhada na história. Ela achava que teria um ótimo encontro com seus pais e irmão naquela realidade ao se passar pela outra Cindy, mas descobriu que a sua versão de outra realidade era uma pessoa nada boa e que tinha uma série de problemas com a família. Acabou que seu encontro teve uma repercussão ainda pior. Quando foi investigar mais sobre quem era a Cindy Moon da Terra-65, viu que ela era uma super-cientista muito bem sucedida e que misteriosamente controlava uma organização secreta similar ao que a SHIELD era em nosso universo, a S.E.D.A.. O Doutor Octopus daquela realidade trabalhava apra ela e ao remexer nos arquivos secretos e pessoais de sua outra versão achou coisas nada boas. Foi assim que ela entrou em contato com suas amigas e pediu ajuda para sair dali, já que seu engodo não demorou muito.

Na parte da Jessica Drew, vemos que nossa primeira Mulher-Aranha foi também curiosamente investigar quem era sua versão da outra realidade e se surpreendeu ao ver que ela era um homem, Jesse Drew. Se passando por uma prima distante, ela tentou conhecer a família de sua outra versão, que tinha dois filhos e escondia a sua verdadeira natureza como agente secreto da S.E.D.A (um paralelo de vida dupla que Jessica conhece já bem). Não demorou muito para a esposa de Jesse desconfiar que havia algo errado com a visita da tal "prima" e no meio da briga das duas acabaram descobrindo um compartimento secreto da casa em que Jesse guardava armas e detalhes da sua vida de agente. No fim dessa história, Jessica se encontra com Cindy que foi resgatada por Gwen enquanto ela investigava mais do Agente 77. Nesse meio tempo, o jovem Reed Richards-65 inventou um portal dimensional caseiro pra alcançar a realidade 616 e assim passamos pra segunda parte desse crossover.

Como que num inverso de um moeda, a história lida com tudo que aconteceu nesse meio tempo na Terra-616 em que a Cindy Moon da outra realidade esteve aprontando aqui. E ela acabou realizando crimes e roubando tecnologia de ponta de vários lugares à vista de todos. Nem o velho J. Jonah Jamenson que parecia botar fé na índole da Teia de Seda acreditava mais nela. No decorrer das páginas, a nossa Cindy e Gwen acabam topando com a versão maligna da Teia de Seda e descobre que as verdadeiras intenções dela é levar o máximo de conhecimento do tão heróico mundo da realidade 616 para a Terra-65. E ela na briga com as duas já demonstrou que fez bastante coisa com engenharia reversa daquilo que conseguiu furtar. E de algum modo, a Cindy-65 conseguiu desativar os poderes da Gwen-Aranha. Nessa história, também temos um flashback da origem da Cindy-65, alguém que não foi trancada num bunker, mas também nunca ganhou poderes excepcionais, mas de algum modo era esperta o suficiente para mexer os pauzinhos e criar sua própria versão de heróis (explicaremos isso daqui a pouco).



 Continuando em outra parte dessa história, após as duas jovens Mulheres-Aranhas levarem uma surra da Cindy Malvada, eis que surge a Harpia e a SHIELD para prender a nossa Teia de Seda. Bobbi parecia muito arrependida de ter colocado a garota como infiltrada na gangue da Gata Negra e achava que ela foi realmente corrompida. No caminho pra prisão, quem salva as duas é ninguém menos que a Gata Negra em pessoa. Felicia está num misto de raiva e orgulho por tudo que acreditava que a Cindy fez. Apesar de gostar de ela se mostrar realmente uma bandida nos últimos dias, atuou sempre sozinha e sem chamar ou dividir as partes do roubou com a Gata. Agora, a nossa Cindy queria aproveitar o mal entendido para contar com Hardy para um último assalto, o arsenal dos Vingadores, o último lugar que a sua versão maligna não conseguiu invadir.

Já a história da Jessica Drew aqui é totalmente a parte e uma das mais legais. Quando finalmente chega a realidade 616, a primeira coisa que faz é ir pra sua casa ver seu filho e lá topa com ninguém menos que Jesse Drew, sua versão masculina da Terra-65, com seu bebê no colo e se passando por seu irmão. Era alguém realmente tão parecido que o Porco-Espinho que ficou de babá da criança sequer duvidou. Quando Roger foi embora, uma inevitável luta entre os dois se desenhou no apartamento, mas eles finalmente pararam quando o bebê começou a chorar. Foi o tempo certo para Jesse Drew contar sua origem e como seus poderes sintéticos foram criados pela Cindy-65. 



Jesse acreditava que as doses diárias de seus poderes artificiais eram obrigatórias ou ele morreria, mas ao final desta parte Gwendoline chega até o apartamento da Jessica e diz que descobriuque aquilo era mentira. Caso não tomasse suas doses, Jesse só perderia os poderes. Assim como Gwen perdeu os seus agora. Jesse decidiu então mudar de lado e tentar uma vida normal com sua família. Assim, entregou de volta o bracelete de Gwendoline e resolveu ajudar as duas. E o Porco-Espinho ficaria de babá por mais uma noite.

A parte final dessa história acontece em Spider-Women Omega. Cindy está revoltada com o sumiço de seu agente 77 e destroi sua casa. Com a família, Jesse Drew foge para ganhar uma nova e boa vida longe dali. Quando volta pra um dos seus laboratórios particulares, a Cindy malvada se vê contra as três mulheres-aranhas juntas. Jessica tenta atacá-la sozinha, mas não consegue fazer muito com a vasta quantidade de tecnologia que a Cindy-65 tem em mãos agora. Gwen está sem seus poderes (até o efeito da dosagem que dava os poderes de Jesse fazer efeito), e resolve atacar usando armamento pesado que achou  ali mesmo no quartel general da vilã. Logo atrás, surge nossa Cindy Moon, que pegou os restos do Super-adaptoide da Terra-65 e com a ajuda daquele Reed Richards reconstruiu uma armadura boa o suficiente pra fazer frente a sua versão maligna.

Pra superar as Mulheres-Aranhas, eis que a maligna Cindy Moon resolve usar um Pulso Eletromagnético fritando toda a tecnologia ao redor. Jessica estava desacordada e a nossa Teia de Seda ficou presa dentro da armadura. Sem poderes, Gwen acabou só apanhando da vilã,  mas logo os efeitos da dose dada por Jesse surtiram efeito e ela pode bater feio na vilã. Aos trancos e barrancos e mesmo tendo problemas entre si, as Mulheres-Aranhas venceram essa. Cada uma aprendeu uma lição dura nessa história, mas no fim fortaleceram-se. Na instalação da SHIELD da Terra-65, a malvada Cindy Moon recebe uma caixa de lembranças da sua versão boa. De certa maneira, ela foi parar isolada num bunker também e teve o final que merecia. Mas quem duvida que ela não vai durar muito tempo ali?



No fim, é um crossover muito bem sucedido e sincero nas suas intenções. Tem boa repercussão pra maioria das personagens e entrega uma história bacana de ler se você já se acostumou com as três protagonistas. E dá pra sentir que mesmo não tendo nada de extraordinário, Dennis Hopeless, Jason Latour e Robbie Thompson conseguem impressionar se colocados nos trilhos certos de uma boa história e dar carisma ao seu modo a cada uma das personagens.

Coveiro

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