quarta-feira, 18 de julho de 2007

O Homem do Capuz

Em 2002 foi publicada com o selo MAX uma mini-série escrita pelo hoje conhecido Brian K. Vaughan e desenhada por Kyle Hotz chamada “The Hood”, estrelada por um personagem chamado Parker Robbins. Apesar de bem interessante, era uma história que poderia passar desapercebida, mas que a Panini Comics com motivos muito justos decidiu publicar agora.

O Capuz

E em sua chamada no Brasil, uma frase bem própria foi colocada – “Com grandes poderes... vêm grandes oportunidades”. Assim se define essa história em seis edições de Parker, que apesar de dividir o mesmo nome do alterego do Homem-Aranha, tem uma premissa bem distinta.


Parker não é um bom aluno, não é um nerd esforçado e nem um fracasso entre as mulheres. Poderíamos vê-lo como justamente o oposto. Logo nas primeiras páginas, encontramos ele diante de sua debilitada mãe num leito de hospício bancando o bom filho, inventando histórias mirabolantes sobre bem sucedidos empregos que na verdade nunca teve.

Seu parente de maior proximidade é John King, o primo viciado em drogas e ladrão barato que sempre o convida como parceiro para um trabalho sujo. E é justamente num dos bares em que os dois freqüentam, que Parker nota a presença de Max Dillon, o Electro, um vilão que ele lembra muito bem em sua infância quando junto com seu pai o viu lutar contra o Demolidor.

O Capuz


Um debate bem próprio é travado então entre John King e Parker Robbins – a Máscara. Esse pequeno trecho que se enquadra tão bem no momento atual da Guerra Civil mostra com ironia o valor do uniforme e da identidade mantida em segredo dos superseres. Para Parker, ser um supercara uniformizado é um bom jeito de arrumar mulheres... bem como outras oportunidades. E é isso que Parker é... um oportunista.

A cena que segue pode deixar o leitor um tanto confuso, mas ainda assim se enquadra no perfil de Parker. Quando um contato da Hidra se aproxima do garoto e de seu primo oferecendo um “trabalho” para a organização, os dois reagem de maneira inesperada. Com socos e pontapés, eles lincham o sujeito acusando-o de terrorista. Terminam por urinar no corpo inconsciente para demonstrar o tamanho desprezo que têm. Por fim, Parker toma dele os sapatos – muito bons por sinal. Sem ideologias para defender e sem grandes feitos para almejar, Parker vive apenas de oportunidades.

O Capuz


Parte daquela noite ele gasta com uma vagabunda qualquer, volta às pressas para casa onde sua mulher grávida o espera com olhos brilhantes por finalmente ver seu amor. Tirando mais uma de suas mentiras da cartola, ele conta que arrumou um emprego de vigilante noturno, um álibi perfeito para a empreitada com seu primo num grande depósito que promete bons lucros.

Ele e John King invadem a propriedade, mas lá nada encontram além do que parece um altar para um ritual macabro. No chão de um galpão vazio, velas dispostas em círculo e um desenho estranho no chão. Parker e o primo, que lamentavam que o pior que podia acontecer naquele fim de noite era serem enganados, acabam se surpreendendo com algo muito pior.

Das sombras, eis que surge um demônio... ou um alien... algo indefinível.

O Capuz


A criatura, que estranhamente vestia um capuz e botas, investe sobre John King, mas é facilmente detida por tiros da arma de Parker. O monstro cai no chão e enquanto John se pergunta o que é aquilo, Parker rouba as vestimentas da coisa moribunda para que a noite não tenha sido completamente em vão.

Então, eles partem. E a criatura tombada mostra-se ainda no limiar da vida.

O Capuz


A noite, no entanto, não acaba ali para Parker. Voltando para casa, o ladrão acaba encontrando outros ladrões. E estes parecem bem interessados nas peças que Parker tem em mãos – e nos bons sapatos que pertenciam ao agente da Hidra que ele tinha nos pés. No meio do assalto, enquanto os homens se distraem por breve instante, Parker lança os calçados nos marginais e dispara o mais rápido que pode dali.

Pisando em cacos de vidro pelo caminho, Parker é obrigado a usar as botas da criatura para proteger os pés. E depois de feito, no meio da corrida, percebe que seus dedos não mais tocam o chão. Parker está andando pelos ares e muitas oportunidades brilham em seus olhos agora.

O Capuz


Coveiro.

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