segunda-feira, 19 de março de 2007

Revirando o Passado: Capitão América & Justiceiro

**Atenção: Contém informações de publicações inéditas no Brasil e EUA**

Artigo escrito por nosso colaborador, Diogo Gomes.


Capitão América + Justiceiro

A Guerra Civil acabou e teve suas baixas. Dentre as quais a mais marcante ocorreu no pós-guerra imediato, sendo ninguém menos que Steven Rogers, o Capitão América.

O que será da Terra sem Rogers, ninguém ainda sabe, mas é quase certo que não ficaremos sem um Capitão América.

Semana passada uma capa bastante pertubadora provocou terremotos na internet, ao mostrar ninguém menos que o Justiceiro com a máscara do Capitão América. Um vigilante, um assassino, um anti-herói sem nenhum respeito pela vida humana, usando o símbolo do maior herói que o mundo já conheceu é assustador.

Frank faria isso pelo grande respeito e admiração que ele, um ex-combatente do Vietnã, sente por Rogers, um ídolo seu e ex-combatente da Segunda Guerra Mundial. Esse ponto de vista do Justiceiro foi explorado nas páginas de Civil War e na série Punisher War Journal v2. Na qual vimos o Justiceiro referindo-se ao Capitão América como "senhor" ao mesmo tempo em que se recusa a relar a mão nele, mesmo após uma surra. Não que isso impeça o Justiceiro de desobedecê-lo e matar quem acha que merece, sob o argumento de que os métodos não são adequados à guerra urbana que ele luta diariamente.

O passado, no entanto, é algo que sempre volta para nos atormentar. Assim sendo, façamos uma visita aos antigos encontros dos dois, avaliando se já naquela época havia algo em Frank Castle que transparecesse uma possível vontade de encarnar o Sentinela da Liberdade.

Oficialmente, o primeiro encontro deu-se em 1979, em Capitão América v1 #241, escrita por Mike Barr e desenhada por Frank Springer e Pablo Marcos, numa história intitulada: "Fear grows in Brooklin". Isso foi apenas 5 anos depois do Justiceiro ter sido criado como vilão do Homem-Aranha, e o personagem ainda engatinhava em sua caracterização (a primeira série dele só foi publicada seis anos depois). Nela, podemos ver o Justiceiro ameaçando o Capitão América de morte caso ele se colocasse em seu caminho, protegendo chefes do crime organizado, algo que não ocorre atualmente. Foi uma outra época e o personagem ainda tinha muito o que ser desenvolvido.>

Captain America #241

Contudo, esse encontro não foi único e tampouco o mais marcante. Em outubro de 1992 sai a mini-série em 3 partes "Capitão América & Justiceiro: Sangue e Glória", escrita por D. G. Chichester e Margaret Clark e desenhada por Klaus Janson, numa época em que o Justiceiro era um personagem bastante popular, com nada menos do que três revistas mensais regulares (Punisher v2, Punisher: War Journal e Punisher: War Zone).

Blood & Glory

A história em si tem um pano de fundo bem simples: venda de drogas e armas financiando uma republiqueta latino-americana na construção de uma ditadura, com envolvimento do governo norte-americano. Ambos os protagonistas investigam isso de maneira diferente e o Justiceiro é levado a crer, através de uma conspiração, que o Capitão faz parte do esquema. Então, ele simplesmente atira no símbolo do país, de maneira bem similar à atual, sem pensar duas vezes. O Capitão, por outro lado, aproveita o status de "defunto" para se unir ao Justiceiro, provar a verdade e reagir, eliminando os criminosos e a ameaça ao país.

Morte do Capitão?

Dois soldados juntos, vindos de duas guerras distintas. Ou como disse Castle: "Eles vieram da Segunda Guerra para desfiles e abraços. Eu pisei fora do avião, após o Vietnã, e uma mulher jogou sangue na minha cara e me chamou de matador de bebês". O Capitão deixa claro que abomina os métodos do Justiceiro e Castle afirma que lutou pelo país tanto quanto Rogers e que vestir uma bandeira não faz dele diferente.

O que mudou de lá para cá? A simples caracterização dos personagens? A visão das pessoas dos EUA e de sua personificação viva? A do Justiceiro mudou com certeza. Se antes o Capitão fazia parte de um sistema que poderia, ou não, ser corrupto, agora ele o vê acima disso e, aparentemente, seria capaz de assumir o seu manto (mesmo que de uma forma doentia que só sua mente deturpada consegue fazer) para impedir a morte do símbolo.

Capitão América + Justiceiro?
Uma coisa, no entanto, é verdade: há 15 anos atrás uma visão do Justiceiro agindo como o Capitão era visualmente bem menos chocante que essa atual.


Diogo

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