sexta-feira, 12 de setembro de 2014

X-Men Legado: Atuando em Equipe



David Haller está decidido a evitar o futuro apocalíptico que uma de suas múltiplas personalidades previu, em que ele seria o genocida da espécie humana e apenas sua "quase namorada", Ruth Aldine, a Olhos-Vendados, seria capaz de impedi-lo. Com maior confiança em suas habilidades, ele chegou ao Instituto de Estudos Biossociais em São Francisco (IEBS) e confrontou seu líder e fundador, Marcus Glove, que oferece a todos que o procuram uma pílula capaz de "curar" o gene mutante daquele que a ingerir, apesar dos graves danos cerebrais decorrentes disso. De maneira surpreendente, David aceita ser "curado", mesmo quando descobre que Marcus é um comatoso manipulado pelo homem que roubou o cérebro de seu falecido pai, Charles Xavier: o Caveira Vermelha. Ruth acompanha tudo à distância em sua forma astral e fica horrorizada com a a decisão de David e improvisa um esquadrão de X-Men constituído por Câmara, Fada e Frenesi para resgatá-lo. Será que David realmente chegará a esse extremo? É o que veremos a seguir na conclusão do arco Exóticos Invasores e teremos o início de outro, Esperança e Glória, escrito por Simon Spurrier e desenhado por Paul Davidson e Tan Eng Huat, publicado originalmente em X-Men Legacy #12 e #13 e aqui no Brasil em X-Men Extra #7 pela Panini.

Como de hábito no IEBS, o evento de "cura mutante" é transmitido pela televisão e David é o astro do show. O mundo todo o assiste, inclusive sua mãe, Gabrielle Haller, embaixadora israelense na Grã-Bretanha. Na undécima hora, a pílula de David é incinerada por Câmara, mas o rapaz não parece nem um pouco surpreso com a chegada de Jono e dos demais. Na confusão que se inicia, Câmara reage de maneira intempestiva ao julgar que Marcus segurava uma faca e acaba "assassinando-o" diante de uma estarrecida platéia mundial.

O Caveira já esperava que alguém viesse resgatar David e usou a situação a seu favor para criar um mártir anti-mutante. O vilão não resiste a compartilhar com os jovens o que ele pretende: "nada une mais as pessoas do que saber quem odiar, nada torna o povo mais flexível do que compartilhar um inimigo em comum". Na verdade, os mutantes são apenas a primeira minoria que o Caveira pretende subjugar e sempre haverá outras  para ele  combater, sendo cada vez mais amado e obedecido.

Apesar de tudo, David não consegue esconder um sorriso, pois o "idiota vermelho" fez exatamente o que ele queria. Usando um poder de teleporte, ele traz à presença de todos o jovem Santi Sardina, que tem o insólito poder de assumir o crédito pelo que outros fazem e que devia um favor a David. Santi se apresenta como mutante e fundador dos "Mártires de Darwin", que Marcus presidia. O que acontece em seguida é que todos acham que Santi é o bondoso mártir "assassinado pelos mutantes" mas ninguém entende como ele está vivo diante deles. "Nada une mais as pessoas do que saber quem odiar mas nada afasta mais do que terem de pensar sobre o assunto", analisa David. Resta ainda lidar com o Caveira, que parte furiosamente para cima dos mutantes.

Até agora tudo ocorreu como David previra, o que ele não contava era com a virulência do ataque do vilão. Ao tentar rechaçá-lo, o mutante explica a Ruth que fez um pacto com um monstro dentro de sua cabeça, o mesmo que tem poderes de pré-cognição e que usava a figura de seu pai para intimidá-lo. Através disso, David pode prever todos esses acontecimentos até agora e chegou a vez dele retribuir, cedendo o seu corpo para que essa personalidade possa utilizá-lo sem restrição por 60 segundos. David sabia que ela não resistiria a enfrentar aquele que roubou o cérebro de seu pai para se apoderar dele: "O Caveira é pura fúria e amargura. Luta sozinho, possui o carisma do ditador, temido e odiado. Já a criatura mental, o demônio de pele dourada, ele é Legião".

O Caveira é derrotado com facilidade e Legião avança para reclamar seu espólio. Na mente de David, ele pede a Ruth que seu esquadrão o retarde o suficiente para que os 60 segundos terminem de passar e ele recupere o domínio de seu corpo. David se impressiona com o trabalho em equipe de Ruth e seus amigos, mas mesmo o esforço concentrado de todos pode não ser o suficiente. Não seria, mas a chegada repentina de Karasu, que havia recusado de inicio a se juntar ao grupo, consegue retardar Legião nesses últimos instantes. Assim ele não obtem o que queria e é aprisionado numa cela dentro da mente fragmentada de David, que volta a obter controle sobre suas ações. Ruth pergunta à menina o que a fez mudar de ideia e ela responde: "é um prazer ver que agora o Legião deve a vida para os alunos de uma instituição que ele tentou se afastar; e também minha vida é odiá-lo". A razão desse ódio é que Karasu ainda julga David como responsável pela morte de seu irmão. Em seguida, os mutantes veem o Caveira partindo numa mochila à jato e David elimina uma bomba que o vilão armou para detonar o lugar.

A situação se acalma e David e Ruth se encontram novamente em uma lanchonete. Ele diz para a jovem: "existe um abismo enorme e sombrio entre a gente mas, mesmo assim, vou encarar o futuro que ousa nos separar" e se teleporta para destino ignorado.



Um mutante como David não consegue passar despercebido por muito tempo. Quando o vemos novamente, ele está na Grã-Bretanha e diante da embaixada  onde trabalha sua mãe. Ele é seguido à distância por Pete Wisdow, comandante de campo do serviço de inteligência britânico MI-3 e mutante com garras de plasma incandescente. Wisdow está ciente das ações "reativas" do rapaz para proteger a especie mutante e imagina que ele veio atacar o Presidente Abdi, um líder árabe anti-mutante que está de visita à Inglaterra.

Wisdow vê o rapaz entrando em um bar e se reunindo com outros mutantes nascidos na Grã-Bretanha como o próprio David, que é escocês: Câmara, Fada, Psylocke, Lila Chaney, entre outros. Pelo visto, David gostou mesmo de trabalhar em equipe, tanto que resolveu montar a sua mas todos estavam ali de maneira compulsória, controlados por ele. David queria fazer o mesmo com Wisdow, mas este é libertado de seu transe por Ruth. David ordena que os demais o ataquem. Com o auxílio de Ruth, Wisdow consegue partir as amarras mentais que David usava para controlar os outros e parte para cima do jovem empreendendo um ataque mortal contra ele.


Gostei muito da conclusão do arco "Exóticos Invasores", com várias reviravoltas que ajudaram a fechar mais um "plot" do escritor Simon Spurrier da melhor maneira possível, o que envolvia o "demônio de pele dourada" desde o início da série. Toda a sequência em que Legião enfrenta o Caveira Vermelha e os demais mutantes em seguida seguramente merece entrar para uma antologia de "melhores momentos" desta série excelente. Incrível a empatia que o escritor consegue despertar com o relacionamento de David e Ruth e as diferenças entre eles parecem aproximá-los ainda mais. Gostei dele ter trazido de volta Peter Wisdow, ainda que um pouco descaracterizado, na minha opinião. Prefiro ele mais cínico e mordaz, sem que ele fique mostrando suas garras de plasma toda hora e emulando o estilo de Logan na maneira de agir.

Não tenho muito a dizer sobre os desenhistas Paul Davidson e Tan Eng Huat além do que já disse em outras resenhas desta série. O trabalho deles está correto como sempre, o primeiro melhor do que o segundo, mas nunca chegam a me empolgar. A Lila Chaney, por exemplo, não estava nem um pouco "gostosa pra cacete" como Wisdow se referiu a ela na história. Pelo menos, como já disse em outra ocasião, esses desenhos não atrapalham o desenvolvimento do enredo. 

Por último, gostaria de dar parabéns à Panini por finalmente ter colocado uma das excelentes capas de Michael Del Mundo como capa de X-Men Extra, muito bem adaptada para a edição nacional. Espero que venham outras, pois esta fase de X-Men Legado não irá durar muito mais, infelizmente.

C@rlos

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