segunda-feira, 18 de julho de 2016

Loki: Quem realmente é o Deus da Mentira?


Por duas vezes, Loki morreu nesta última década. Um velho querendo mudar seu próprio destino e assim se livrar das diretrizes que o levariam sempre a derrota. Um novo, ainda criança, que conseguiu se livrar até mesmo do karma de ser um vilão apenas, mas invejado por um fagulha do seu antigo eu querendo tomar seu corpo. Agora, um novo Loki, jovem adulto mas querendo provar ainda que mesmo sendo uma sombra de original pode ser bom existe. E com a última saga do Eixo, ele viu como é ser um herói e estar até mesmo livre do fardo das mentiras por um tempo. E isso se esvaiu de suas mãos tão rapidamente quanto conquistou.

Agora, a partir do número 12 dos Vingadores: Os Mais Poderosos Heróis da Terra, esse Loki parece mais perdido quanto ao seu Eu do que antes. Ele que vivia uma mentira até ali, não quer mais continuar ela. Ele teme pelas consequências da verdade e com razão. Agora no apartamento de sua amiga Verity Willis, ele não consegue mais mentir. E aquele que já foi Thor, mas agora atende apenas como Odinson, chega até ali sem saber muito bem quem é agora já que não pode portar o Mjolnir. Seriam duas almas do passado perdida pros novos tempos. E assim Loki acredita que é hora de falar a verdade.

É quando ele conta que ele não é mais o irmão novo de Thor renascido. Ele não é mais o Kid Loki, pois ele foi morto pelo Eco do seu passado que agora assume esse corpo. Assim, aquilo que vimos no final de Jornada ao Mistério brilhantemente executado por Kieron Gillen é narrado para Thor e Verity pelas mãos igualmente criativas de Al Ewing. E Thor reage muito mal a esse novo engodo do irmão (ou quem quer que seja ele). Começa a esmurrá-lo, quebra a espada do herói de Loki mostrando que ele é indigno de usá-la e só não põe um fim nele por lembrar que nunca cumpriria a promessa de matar seu irmão (mesmo que ele pedisse para tal).




Assim, Odison clama por seus bodes Tanngnost e Tanngrisn e carrega Loki para Asgárdia. Ele grita aos quatro ventos para todos na cidade saberem que aquele não é mais o jovem Loki, mas sim um fragmento do antigo roubando a carcaça do outro. E mesmo com o irmão suplicando por desculpas, é deixado para trás. Os demais Asgardianos ficam em dúvida do que fazer. No fim, cabe a Volstagg a ideia de que todos ignorem Loki como se ele não mais existissem pra eles. E assim é feito.


Resta ao Jovem Deus da Mentira recorrer as grandes mães que o aceitaram como Agente de Asgard. Agora, só resta Freya como regente e ela parece igualmente irritada pro ter sido enganada pelo garoto até então. Madrasta e enteado discutem como nunca. Loki a acusando de ter se aproveitado e nunca reclamado da situação em que ele a servia sem questionar.  Então, Freya o expulsa de Asgard. E ao ir na Masmorra encontrar o Loki do futuro que trouxera até ali, a Deusa descobre que ele fugiu também.

O Jovem Loki caminha por um lugar fora dos Dez Reinos, onde há apenas neve. E curiosamente topa com a visão do seu Padrasto, Odin, muito mais condescendente e sábio com ele do que nunca antes. Pela primeira vez em tempos, ele reconhece este Loki também como um filho. Odin, ao invés de apenas ajudar aquela versão do Loki, estimulá-o a se provar e assim o incendeia o transportando até a Terra. Suas últimas palavras são "lembre-se do que é uma mentira".


Em Midgard, Loki volta a encontrar com Verity Willis em seu apartamento, mas não está mais sozinho. Lá, ele topa com o Loki do Futuro e ele começa a falar tudo o que é e o que fez aquela sombra de Loki. Como tem o dom de ver o que é mentira  e o que é verdade, Verity começa a duvidar das intenções de seu jovem amigo. E com isso ela dá as costas irritadas para o jovem Loki. Agora, a mercê do seu "eu" do Futuro, o Jovem Loki é preso e torturado a ver tudo o que lhe espera.

Assim, numa narrativa que é entregue ao leitor de uma maneira partida. Vemos parte da história com o Loki do Futuro sendo o estopim final para o fim de Midgard tempos a frente. Ele agora é o senhor daquele lugar morto, uma midgard que já vimos totalmente destruída nas histórias do Rei Thor do futuro nas revistas de Jason Aaron. Em outra parte da narrativa, o Loki velho conta como enganou sua versão mais jovem até ali e como ela, mesmo acreditando que está fazendo o bem e que quer ser um herói, vai ludibriar a todos até se tornar aquela versão pestilenta do futuro que agora está na sua frente (e uma dessas histórias veremos na mais recente edição de Bucky Barnes: Soldado Invernal).


No fim, Loki conclui sua explicação e revela o acordo que tinha com as Mães de Asgard de entregar um Thor Rei no futuro, mas sem detalhar nas entrelinhas a condição que Midgard estaria. Agora, o que temos é um Thor indigno, a filha bastarda de Odin, Angela, sem rumo, um Balder em Hel e quem sobra ali é aquela Jovem Loki destinado a se tornar quem será. No acordo que fez com as mães, quando Loki expiar seu último pecado cometerá um novamente. E isso porque por mais que aja pelo lado do bem, ele ainda é o que é, o Deus da Mentira.

E em meio aquela tortura de ouvir todo o seu destino a seguir, o jovem Loki começa a queimar de fato. Um breve prólogo da última edição deste arco coloca a Terra de 3 mil anos atrás e as narrativas de um Skaid (ou Escaldo, como traduziu a Panini), um poeta e contador de história da época. Em outro lugar, o Jovem Loki encontra-se provavelmente no limbo e topa com duas de suas versões mortas - O antigo Loki e o Kid Loki. Cada um teve uma história diferente a seguir. Qual será a deste Loki?

E a tensão da conversa se quebra quando um celular toca. Sim, vale lembrar do encantamento que aquele Loki deu a este aparelho. Era Verity Willis, que agora pensando com mais calma, começou a cogitar se aquele Loki do futuro não poderia ser de um futuro alternativo e o seu amigo jovem poderia seguir um caminho diferente. Assim, tudo justificaria a verdade que ela viu nele e ainda assim o seu amigo Loki estaria livre. Afinal, aquele seu amigo não podia mais mentir agora. É alguém diferente.



Então, Loki relembra as palavras de Odin para se lembrar do que é uma mentira. Assim, ele se desvencilha da conversa das suas outrora versões mortas e toma uma decisão. Ele não vai desistir e toma simbolicamente seu elmo quebrado. Ele entende o que Odin falou, de que mentiras são apenas outras histórias. E assim, ele pretende fazer uma história diferente agora. Assim, na nossa realidade 616, o Loki explode seu corpo físico e isso assusta sua versão futura que não sabe mais o que está para acontecer. Do lado de fora da janela, o Loki do futuro vê uma outra Terra prestes a colidir com esta. É uma incursão.

Três mil anos no passado, após uma tempestade, um Skaid tem uma nova história para contar. No nosso presente, um novo Loki resurde no apartamento de Verity. E ele é Loki, o Deus das Histórias. Um Teatro Mágico está para começar. E tudo continua e conclui antes das Guerras Secretas, na edição 16 de Vingadores: Os Heróis Mais Poderosos da Terra.

Depois de uma passagem sem muito sal nos Jovens Vingadores, as histórias de Loki novamente retomam um auge aqui neste novo volume. E Al Ewing e Lee Garbett fizeram um excelente trabalho até agora em misturar com sucesso os tempos de hoje com um ar mais epopéico que aventuras asgardianas pedem. Al conseguiu sair de modo único da culatra que o escritor antecessor colocou o personagem e fez mais um volume digno de colecionador aqui.

Coveiro

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