terça-feira, 24 de março de 2009

616 entrevista Rogério Saladino

Saladino

Saído do mundo de Calabouços e Dragões, Rogério Saladino, que outrora foi também conhecido como Katabrok, deixou de lado suas aventuras com Tasloi e migrou para o vasto universo de Heróis da Marvel no Brasil. Há mais de dois anos que acompanhamos seu trabalho pela Panini, e após sua recente aparição em nossa comunidade do Orkut, convidamos o editor para um entrevista. Portanto, sente-se na cadeira e acompanhe essa próxima matéria sobre Rogério Saladino, o aracno-editor-X.



Coveiro: Olá, Rogério! Antes de mais nada, gostaríamos de agradecer sua disposição em aceitar participar dessa entrevista para o Universo Marvel 616. Particularmente, as lembranças que tenho do Saladino vêm muito antes do editor da Panini, e remetem ao tempo em que assumiu a revista Dragão Brasil (acompanhava a revista desde os primeiros números e continuei por quase toda adolescência). Dá para resumir um pouco a sua experiência de trabalho neste mundo tão paralelo ao de HQ, que é o RPG?

Rogério Saladino: Opa! Eu é que agradeço a entrevista, sem falar no carinho que o pessoal do Universo Marvel 616 tem comigo. Como você disse, antes de ser editor na Panini, eu trabalhei com RPG por um bom tempo; começando na versão brasileira da Dragon Magazine, da Editora Abril. Depois fui pra Dragão Brasil, a convite do Marcelo Cassaro, que acompanhava meu trabalho na Dragon. Fiquei por lá um tempão, integrando o “trio Tormenta”, junto com o J.M. Trevisan. Infelizmente houve uma mudança na administração da editora da DB, o que nos levou a abandonar a revista. Ainda assim, continuamos com Tormenta (graças ao interesse do pessoal da editora Jambô) e com a revista DragonSlayer (com o pessoal do estúdio Mantícora). Atualmente eu apenas colaboro (tanto pra revista como para os livros de Tormenta), porque falta um pouco de tempo.


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Cammy: Como se deu sua saída do mundo do RPG para o das HQs? Alguma predileção profissional ou obra do acaso?

Rogério Saladino: Na verdade, eu sempre quis trabalhar com quadrinhos. A oportunidade que apareceu primeiro foi de trabalhar com RPG, e não podia deixar passar. Recentemente, eu estava procurando uma certa mudança de ares, mas sem deixar RPG de lado. Eu fiquei um pouco chateado com algumas coisas que aconteceram e a postura de algumas pessoas que se diziam profissionais da área. Nesse ponto, a Panini começou um processo de seleção, e um amigo me avisou, encaminhando o e-mail deles. Fiz o processo e fui selecionado (para minha felicidade), e agora estou como editor de quadrinhos, trabalho que eu queria fazer desde que comecei a faculdade de jornalismo. Acho que foi um pouco dos dois na hora certa, seguindo o que os gregos da Era Clássica diziam.


João: Como você se iniciou no mundo das HQs? Começou lendo o quê? E o que acompanha até hoje?

Rogério Saladino: Eu aprendi a ler com quadrinhos da Disney, que meu pai colecionava. Eu tinha revistas que eram mais velhas que eu! E como eu era uma criança que pouco saía de casa, lia muito, e praticamente qualquer quadrinho que eu encontrasse. Gostava muito das revistas de terror. De supers, fui começar com DC, e curtia muito Batman, Liga da Justiça e Legião dos Super-Heróis (e bem depois, Lobo). Sim! Por ironia do destino, eu era um DCnauta que se tornou editor de revistas Marvel. Hoje eu acompanho mais os títulos Marvel, em especial os que eu edito, mas também leio (quando sobra tempo) alguns outros títulos esporádicos, como The Twelve (que adorei). Como eu gosto muito de terror, me interesso por tudo que sai do gênero, embora tenha muita coisa ruim no meio (mas não gosto do que o Robert Kirkman faz).

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Coveiro: Juntamente com o Marcelo Cassaro (com quem trabalhou na Dragão Brasil), você foi co-criador da série Holy Avengers, que teve como mérito ser um dos quadrinhos brazucas com maior longevidade dos últimos tempos, além de um público fiel. O que você apontaria como maior crédito desse sucesso, e que pontos salientaria para serem apostados em novas criações nacionais darem certo em nosso mercado?

Rogério Saladino: Eu nem me considero um co-criador de Holy Avengers, porque o mérito é mais do Cassaro. Eu colaborei, ajudei com palpites, com personagens que eu criei e que foram usados na história (foi muito engraçado receber um telefonema do Cassaro me perguntando “você acharia muito ruim se o Vladislav [Tpish] tivesse uma filha?”) e com algumas sugestões. Holy Avengers teve vários elementos que ajudaram a torná-la o sucesso que foi. A qualidade foi, sem a menor sombra de dúvida, o principal deles. O Cassaro é um excelente escritor e roteirista e a arte da Erica Awano é fabulosa. Acho que a qualidade é sempre o mais importante de tudo, o público quer ler boas histórias, com boa arte. Simples assim. Tanto é assim, que tem muito brasileiro reconhecido pelo seu trabalho.


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Cammy : Como surgiu a possibilidade de trabalhar com a Panini, e como você avalia seu trabalho, e o da editora, na área das HQs?

Rogério Saladino: A oportunidade surgiu quando um amigo me avisou que a Panini estava contratando gente e me reenviou o e-mail deles. Fiz a seleção (com entrevista e etc.) e fui escolhido. Embora possa parecer que a minha opinião seja pra lá de parcial, eu sempre achei que a Panini, desde que assumiu os títulos de super-heróis, tem feito um excelente trabalho. É complicado comparar sem parecer que estou menosprezando o trabalho de outros, mas a Panini tem mantido o mercado de quadrinhos de supers num patamar de qualidade que não se via em anos. De minha parte, quero fazer cada vez mais para manter esses patamares.


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Coveiro: Já que foi editor de revistas desses dois mundos, quais as diferenças entre trabalhar com a temática RPG e de Quadrinhos? Por sinal, notei algumas vezes em sessões de cartas alguns prováveis antigos leitores da Dragão brincando e fazendo referências àquele seu tempo. Essa "fama" ajuda ou atrapalha em seu trabalho hoje?

Rogério Saladino: Ao mesmo tempo que são públicos diferentes, eles têm lá suas semelhanças, boas e ruins. São formas diferentes de trabalhar, maneiras e procedimentos diferentes. Tem seus pontos similares, como acredito que teria em qualquer profissão que envolve cultura popular, mas não tantos assim. Eu não preciso saber as diferenças das regras de magias para GURPS, D&D etc., mas tenho uma quantidade pantagruélica de personagens pra conhecer como a palma da minha mão. O fato de ser conhecido no meio rpgístico não é ruim. Afinal, foi uma das formas das pessoas verem que eu sei escrever, lidar com revistas, livros, etc. Sem falar que tem um monte de gente que prestigia meu trabalho até hoje (o que eu agradeço muito). Não acho ruim nem um pouco e não chega a me atrapalhar como editor. Tem vezes que aparece gente dizendo besteira como “Ah, o Saladino escolheu o nome ‘Potestade’ praquele especial do Homem-Aranha porque é coisa de RPG”, mas se não fosse pelo meu passado como RPGista, iam achar alguma outra pseudo-justificativa.

João: Você acabou sendo responsável por revistas de alta vendagem e/ou popularidade logo de primeira: Homem-Aranha, X-Men e X-Men Extra. O que achou dessa responsabilidade logo que se tornou editor? Seus heróis preferidos da Marvel estão nessas revistas?

Rogério Saladino: E Wolverine, não vamos esquecer de Wolverine, que também tem muitos leitores e fãs. A decisão da divisão me deixou meio preocupado no início, afinal, era uma baita responsabilidade de peso! Mas com o passar do tempo, fui me acostumando mais e mais com os títulos. Eu tinha um pouco mais de experiência (só um pouquinho) com publicações que o outro editor, o Paulo França, e por isso se achou melhor passar esses títulos pra mim. Claro que dá um certo frio na barriga, mas o Fernando Lopes está sempre por perto, e qualquer coisa, a gente pode contar com a ajuda e apoio dele, o que vale pacas, já que o cara já atingiu o status de lenda. Fernando Lopes, a lenda, o mito. Ironicamente, alguns dos meus personagens preferidos da Marvel estão das revistas do Paulo. Eu gosto muito do Doutor Destino, Namor, Motoqueiro Fantasma, Demolidor e Justiceiro. Nas minhas revistas, eu gosto muito do Homem-Aranha (que não gosta dele?), J.J. Jameson, X-Men (depende muito da formação). Mais recentemente, dos Novos X-Men (os alunos, que vão virar os Jovens X-Men), X-23 (que inicialmente achei uma idéia idiota, mas que está sendo bem escrita e está bem legal) e o Deadpool (ele é engraçado, mais quando aparece numa história de outro personagem do que no título próprio, se bem que a nova revista americana dele está bem legal).


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Cammy: Se pudesse ser o editor de outros títulos, quais seriam?

Rogério Saladino: Se eu pudesse, eu gostaria muito editar títulos de terror de boa qualidade. Sou um grande fã da franquia Hellraiser, por exemplo (eu sei que já saiu pela Brainstore, mas ainda tem mais material bom). E também Army of Darkness; Herbert West: Re-Animator, alguns títulos da linha de quadrinhos da Fangoria e muito material legal baseado nos livros de H. P. Lovecraft. Ironicamente (de novo, hmm... vejo um certo padrão nisso), os títulos de terror da Marvel foram parar na mão do Paulo França, mas não acho ruim, porque assim eu posso, por exemplo, curtir Terror Inc. como leitor, quando sair em MM. Pra não falar que eu só falo mal da DC, uma das minisséries que eu adoraria editar é Elric: The Making of a Sorcerer, por Michael Moorcock (um dos meus escritores favoritos e que também tem mais um monte de coisa legal que eu adoraria editar) e Walt Simonson, mas sei que é um material que tem pouquíssimas chances de sair por aqui, já que o personagem Elric de Melniboné é praticamente desconhecido no Brasil.


Eddie: Embora não seja editada por você, a revista Marvel Action surgiu porque, teoricamente, uma revista com nome "genérico" venderia mais do que uma com o nome do Demolidor na capa. Porém, em todos os fóruns, todo mundo que compra a revista afirma fazê-lo, principalmente, pelas histórias do Murdock. Como esse tipo de decisão é tomada? Realmente faz muita diferença a mudança de nome?

Rogério Saladino: Eu realmente não entendo muito dessas decisões, mas tem uma coisa que eu sei, e pode ser meio chato de se dizer: nem sempre as histórias mais elogiadas em fóruns, as revistas mais elogiadas na internet, são as que vendem mais. Até aí, tudo normal, mas a coisa começa a ficar problemática quando as vendas da revista chegam num patamar meio baixo. A idéia com Marvel Action é que, sendo uma revista genérica, daria a oportunidade de ter títulos mais fortes (em termos de vendas) para segurar a publicação. Assim, podemos ter a revista e continuar publicando Demolidor. É melhor isso, do que o simples cancelamento da revista. A editora tem um raciocínio mais simples: se deu prejuízo, cancela e pronto. A gente (e algumas pessoas da Panini) faz o que pode para manter a revista longe do cancelamento. Em alguns casos, faz diferenças. No caso da Marvel Action, eu não sei dizer, porque não estou lá muito inteirado, seria melhor perguntar para o Paulo França mesmo...

João: O aumento de preço (de R$ 6,90 para R$ 7,50) das revistas mensais de 100 páginas, apesar de ter incomodado muita gente, veio bem mais tarde do que a maioria imaginava. Por que só agora? Algo a ver com a crise internacional, ou estava no planejamento?

Rogério Saladino: A decisão dos preços das revistas é da Panini e a gente não manda muito nisso (não manda nada, pra dizer a verdade). A gente tenta segurar e avisar que não é uma boa idéia aumentar o preço ou colocar um valor alto quando podemos. Sendo muito sincero, não me passaram exatamente os porquês do aumento, apenas os valores novos. Eu imagino que tenha alguma influência da crise internacional sim, mas não vou dizer exatamente onde. As gráficas afirmam que todos os custos delas são em dólares, assim como o preço de papel e tinta. Já li na internet gente dizendo que não é nada disso, que a matéria-prima de gibis não subiram por conta da crise e que os editores são uns manés e etc. Bem, foi o que nos passaram, e como praticamente tudo que eu compro além de gibis e livros (até mesmo café e biscoito recheado sabor banana, que teoricamente só usa produto brasileiro) também aumentou de preço, não é de se estranhar que as revistas também tenha aumentado. Eu acho que a Panini segurou o preço até onde conseguiu.


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Eddie: Hoje em dia as informações chegam em grande velocidade. Antigamente, sabíamos das histórias apenas nas bancas ou em anúncios da editora, mas hoje temos gente já pensando em "Dark Reign", sendo que Invasão Secreta nem saiu aqui ainda. Esse tipo de coisa ajuda ou atrapalha?

Rogério Saladino: Atrapalha um pouco, mas nem tanto. Ainda tem muito leitor que não tem acesso a internet, e só fica sabendo das informações mais recentes meio “no ar”. Infelizmente, tem algumas pessoas que escrevem sobre quadrinhos que não tomam muito cuidado e, talvez pela empolgação, acabam revelando muito do que ainda não foi publicado nas revistas. Em certas situações, perde-se um pouco das surpresas e daquela sensação de inesperado, de reviravoltas no final de uma saga. Mas vai do bom senso de cada um, não? Só acho que é meio desrespeitoso com o leitor revelar finais, quem morre ou quem volta.

João: Acompanhamos algumas críticas, principalmente pela internet, com relação a problemas como: revelação de spoilers na seção "na próxima edição", e em recorrentes erros de tradução das revistas. Como você recebe essas e outras críticas?

Rogério Saladino: Críticas embasadas são sempre bem-vindas. É claro que eu não gosto quando deixo escapar um erro, mas acho bom quando os leitores nos ajudam a encontrá-los, no intuito de melhorar a revista. Tenho prestado muita atenção nisso recentemente, seguindo alguns conselhos e sugestões. Eu não achava que estava revelando muita coisa no Na próxima edição, mas depois das reclamações, tomei muito mais cuidado. Quanto aos erros de traduções, esses eram poucos e eventuais. O que eu vi mais era uma questão de preferências e estilo. O que fazemos não é apenas traduzir, mas adaptar também, e tem muita gente que acha ruim que certos termos não sejam traduzidos literalmente, o que ficaria bem tosco. Um caso recente foi a Loteria (Jackpot), que teve gente que achou que deveria ser Sorte Grande. Oras, os dois termos são ruins, e era uma questão de nos prepararmos pras reclamações qualquer que fosse escolhido. Eu pedi na comunidade que, quando aparecessem erros, que me avisassem via recados no meu perfil do Orkut ou no meu email pessoal. Reforço esse pedido. Pessoalmente eu acredito que conseguimos melhorar bastante a qualidade do texto das revistas, que já era bom. A idéia é melhorar cada vez mais.

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Cammy: Como é o processo de escolha das cartas de leitores que são publicadas?

Rogério Saladino: Normalmente, escolhemos cartas que contém dúvidas recorrentes ou que interessem a diversos leitores. Ou as que levantam assuntos ou dúvidas que possam interessar para o leitor. Gosto de cartas que fazem perguntas que situam o leitor, e mais ainda daquelas que fazem perguntas sobre materiais que não saíram por aqui, mas ajudam a compreender o momento que este ou aquele personagem está passando nas histórias atuais. Também acho muito legal quando um leitor encontra uma referência “escondida” nas histórias, como uma citação a uma pintura, filme, série de TV ou coisa assim. Não considero isso exatamente como um “piolho”, porque não é um erro. Cartas que expressam opiniões diferentes da nossa também são muito boas de serem publicadas, porque estimulam a gente a discutir um assunto específico, a fazer o leitor pensar um pouco mais e a interagir com outros leitores. Algumas revistas recebem poucas cartas e e-mails (como é o caso de Wolverine), o que me dá um pouco de trabalho (fãs do Logan, por favor, escrevam mais!).

Coveiro: Tentando aproveitar um gancho das últimas perguntas, na visão de vocês da redação, os fóruns de internet e sites especializados da área que fazem análise crítica das atuais histórias aqui lançadas servem de apoio ao trabalho de vocês, ou acham que de alguma maneira prejudicam?

Rogério Saladino: Sim e não. Críticas são opiniões pessoais sobre essa ou aquela publicação. E como é pessoal, muitas vezes o crítico não possui uma visão objetiva do que está escrevendo. Oras, o simples fato de se escolher uma revista pra criticar já tem uma opinião implícita, pra bem ou pra mal. Tem gente que só escreve pra reclamar e falar que as histórias estão ruins e etc. Por outro lado, tem outros críticos que só fazem a resenha para elogiar a qualidade da história, que normalmente é algo que ele já gostava antes de resenhar (no caso das edições nacionais de material estrangeiro). Ajuda o nosso trabalho no sentido que nos obriga ainda mais a ficar atento e também serve de referência para alguns leitores. Atrapalha um pouco porque tem gente que coloca muita opinião na resenha sem respeitar muito as opiniões contrárias.


João: Mesmo sabendo que não é sua área, queríamos saber um pouco do porquê de tamanha irregularidade na distribuição das revistas (mesmo as que não são setorizadas). Há como a Panini solucionar esse problema?

Rogério Saladino: Eu realmente não acompanho como a distribuição das revistas é feita. É um problema histórico do Brasil, que depende da rede rodoviária para circulação de mercadores pelo território, que é um método caro e pouco eficaz. Infelizmente, os quadrinhos não são os únicos a sofrer com isso. Acho que a Panini também é uma das maiores interessadas em resolver isso, afinal, qualquer empresa quer que seus produtos sejam distribuídos de forma rápida e barata a mais praças possíveis. Eu não sei como resolver isso, e tem gente que está no mercado a mais tempo e que ainda não chegou a uma solução melhor.


Eddie: Numa Fest Comix em 2007, perguntei para você o que achava das declarações de Quesada sobre o Aranha e, na época, sua resposta foi de não acreditar em um "reboot". Como se sentiu quando isso, de fato, aconteceu? Falando nisso, você antes de ser um editor, também é um fã de HQs. Há alguma mudança ou histórias recentes de que você não gostou?

Rogério Saladino: O reboot do Aranha foi meio tosco, eu admito (e já disse em vários outras ocasiões). O personagem precisava voltar ao seu conceito básico, inicial, e isso não tinha como negar. O Homem-Aranha já não era mais o personagem que os fãs gostavam, as histórias não tinha aquele estilo divertido que o fez ficar mundialmente famoso e tal. Agora, eu não gostei muito do jeito que foi feito, acho que existem outras opções, outras formas que poderiam agradar mais os leitores. Depois de Um Dia a Mais, as histórias do Aracnídeo ficaram bem melhores, com bons roteiristas e excelentes desenhistas. O fã pode não gostar de um ou de outro, mas no geral, estão bem melhores. Esse reboot foi meio complicado, porque não “rebootou” tudo, o que ainda vai deixar alguns leitores (e editores) meio confusos. Como leitor, tem algumas decisões que não entendi lá muito bem, e que não curti muito não. Trazer de volta o Multiverso da DC não me agradou nadinha… E não curti muito todo o imbróglio envolvendo o Daken, o filho do Wolverine.

Saladino

Coveiro: Acredito que um dos maiores problemas do ano passado no trabalho de vocês tenha sido a irregularidade dos lançamentos do título da Torre Negra. Li algumas informações em fóruns sobre a causa disso, mas nada oficial. O que pretendem fazer para driblar isso em 2009, já que pretendem continuar publicando a série com "A Torre Negra: O Longo Caminho para Casa"?

Rogério Saladino: Esse material quem cuida é o Fernando Lopes, então eu não tenho como comentar a respeito… o ideal seria perguntar pra ele, que daria respostas mais corretas e precisas.


Cammy : Para 2009, há alguma mudança relevante nos mixes que valha à pena comentar? Algum título corre o risco de deixar de ser publicado no Brasil? É intenção da Panini aumentar a quantidade e diversidade de encadernados de títulos mais recentes lançados como foi com "A Queda" e "Surpreendentes X-men?

Rogério Saladino: Bom, teremos mudanças em X-Men Extra, logo depois do término de Complexo de Messias, com a chegada dos títulos Cable e X-Force. Os próprios títulos mutantes mudarão sensivelmente depois do evento, e Jovens X-Men será publicado em X-Men, no lugar de Novos X-Men, que acabou. Agora em abril, teremos Invasão Secreta, que também vai mudar algumas coisas de forma… interessante. A ideia não é deixar de publicar algum título, mas estudar jeitos de encaixar os títulos novos e legais. Quando temos confirmação de alguma mudança, corremos para avisar os leitores da forma que podemos, o mais rápido possível. E quanto aos encadernados, vale lembrar que teremos o filme do Wolverine este ano, então é uma aposta certa que saiam edições especiais dele, inclusive encadernados de histórias e fases clássicas.


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João: Existe a possibilidade de ter que se criar mais títulos para comportar os cada vez mais numerosos títulos americanos, principalmente no que se refere à expansão das revistas "cósmicas"?

Rogério Saladino: Ainda é um pouco cedo para dizer. Qualquer coisa que eu afirme nesse sentido não seria acertada ou careceria de embasamento.


Eddie: O que você achou dos filmes produzidos pela Marvel em 2008, e quais suas expectativas para os próximos? E já que em 2009 teremos Wolverine nos cinemas, o que a Panini está reservando a respeito disso, que possa ser já anunciado?

Rogério Saladino: Homem de Ferro e Incrível Hulk foram filmes muito bons e muito divertidos. Claro que não são obras que mudarão a forma como o cinema é feito, que estarão no mesmo pé de igualdade com Cidadão Kane e etc, mas é um ótimo divertimento. O Homem de Ferro não era um personagem tão popular assim, era praticamente do segundo time de franquias da Marvel (se compararmos com Homem-Aranha e Wolverine, por exemplo), mas agora é muito, muito mais conhecido do que era antes. Essa sobrevivência na mente de quem não conhece quadrinhos é importante para que os próprios quadrinhos continuem existindo. Estou esperando para ver como será X-Men Origens:Wolverine. O que todo fã espera é ver ação, é ver o Logan brigando usando as garras, ver os outros mutantes e personagens da franquia. Ter um pouco daquilo que a gente procura nos quadrinhos também no cinema. Do nosso lado, nos quadrinhos, teremos o Anual do mutante canadense, a mini Logan (num só volume), um encadernado de uma fase bem legal (que eu vou deixar como surpreeeesa) e ainda mais. Alguns desses lançamentos ainda podem ter alterações, por isso vamos divulgar esses detalhes mais perto do lançamento.


Saladino

Coveiro: Como de praxe, a Marvel move seu ano em cima dos grandes eventos. No momento, está ocorrendo o Complexo de Messias no cenário mutante, e começa a se desenhar em todo escopo do Universo Marvel a Invasão Secreta. O que nos pode ser adiantando sobre o impacto desses dois eventos nas revistas nacionais?

Rogério Saladino: Complexo de Messias amarra várias pontas soltas deixadas pelos roteiristas mutantes em vários arcos e em até mesmo outros eventos. A intenção era redefinir o papel dos X-Men e personagens associados no Universo Marvel. Desde que eu comecei a editar (e um pouco antes, pra dizer a verdade) notei que vários eventos tinham um diferencial: consequências. Muito do que acontecia num evento refletia em vários títulos, chegando a mudar certos personagens. Invasão Secreta também tem um pouco disso, com o Bendis afirmando que está retomando idéias que ele soltou desde Vingadores: A Queda. Nesses eventos, tem elementos que não são explorados, e tem alguns roteiristas que ignoram completamente o que foi mostrado nesses eventos (como o Chris Claremont, que prefere ficar longe de tudo isso), o que fica meio ruim as vezes. Por aqui, teremos títulos novos em algumas revistas, com a chega de alguns materiais muito legais. Não botava muita fé em Cable, por exemplo, mas é um bom título, finalmente o personagem tem uma razão de existir um pouco mais coerente. Pelo que tenho lido, saíram boas histórias depois de Complexo de Messias e de Invasão Secreta, usando suas consequências, é só esperar que se mantenham assim, com essa qualidade.


Saladino

Eddie: E em quem o Saladino confia?

Rogério Saladino: No Barack Obama, afinal, o cara é fã do Homem-Aranha, deve ser um cara legal!


Valeu, Saladino! O Pessoal do Universo Marvel 616, incluíndo editores, redatores, colaboradores e leitores, agradece a sua disponibilidade em responder todas as nossas quase infinitas questões aqui colocadas. Continue com o bom trabalho!


Saladino

Equipe 616

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