quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Grandes Histórias Marvel no Brasil: Os 20 anos da Panini



E lá se vão exatos 20 anos de publicações Marvel pela Panini. Com tantas publicações nessas últimas duas décadas, tentaremos nesse texto fazer uma retrospectiva com a Marvel pela Panini.A Panini chegou ao Brasil em 1989, em sociedade com a Editora Abril, criando diversos álbuns de figurinhas no mercado brasileiro.Em 1994, a Marvel compraria o grupo Panini, e faria dessa empresa italiana sua filial na Europa. O intuito era atrelar a marca, expandindo a Marvel na Europa através da Panini.  Hoje, a Panini atua em mais de 100 países, com os licenciamentos dos personagens Marvel.Em 1995, a Panini comprou parte das ações da Abril, e passou a atuar com mais ênfase na América Latina, através do Brasil. A Editora Abril continuaria com a Marvel até 2001, e durante esse período no Brasil, a Panini licenciava os direitos apenas para os álbuns de figurinhas. Com a parceria Marvel/Panini rendendo frutos, o grupo italiano planejava montar uma filial no Brasil.E finalmente, no último mês de 2001, se encerraria o contrato entre a Editora Abril com a Marvel, através da Panini Itália. A Panini estava apenas esperando o final do contrato para, então, assumir as publicações de vez em nosso país.

A Panini Brasil faria a sua estreia oficial em janeiro de 2002, e começaria a publicar as novas revistas exatamente no mesmo mês, seguindo de onde a Editora Abril havia parado. Com o fim da Marvel pela Abril, a Mythos seria a responsável pela linha editorial de todas as publicações editadas no Brasil. Basicamente, a Mythos traduz e edita as histórias, enquanto a Panini fica com a responsabilidade de publicar e distribuir as revistas. Para o editor Hélcio de Carvalho, um dos proprietários da Mythos que já conhecia os personagens desde os primórdios da Abril e que já vinha editando alguns trabalhos da Marvel, antes da mudança de editora, seria um novo desafio. Hélcio comenta sobre a mudança da Abril para a sua editora, e o começo da nova parceria entre a Mythos e a Panini Brasil.

“A Mythos já licenciava material da Panini. Quando surgiu a oportunidade da própria Panini publicar a Marvel no Brasil, fomos contatados e contratados devido à nossa experiência na produção de quadrinhos. Foi um novo começo, um novo desafio, uma experiência bem empolgante. Ali, estava a chance de refazer, da maneira correta, tudo o que a outra editora estava fazendo de errado. De resgatar leitores e recuperar um mercado que amargava um encolhimento constante”, afirma Hélcio de Carvalho.

Em comunicado oficial, publicado no site da editora no começo de 2002, a Mythos anunciava a mais nova parceria com a Panini, com os seguintes dizeres:

“A Marvel no Brasil está de cara nova. A partir de janeiro, os títulos da Casa das Ideias - lar de ícones como X-Men, Homem-Aranha, Quarteto Fantástico, Vingadores, Capitão América, Thor, Homem de Ferro e Hulk - passam a ser publicados pela Panini Comics, com produção editorial da Mythos Editora. Uma verdadeira revolução, que vai mexer com as estruturas do mercado nacional de quadrinhos e trazer o universo criado por Stan Lee para mais perto de seus leitores. Com o fim da parceria de 22 anos com a Editora Abril, a Panini Comics, responsável pelo licenciamento mundial da Marvel fora do mercado americano, assume a publicação das revistas no país, trazendo consigo o know-how de quem já atua com sucesso na Itália, França, Alemanha e Grã-Bretanha. ”



Enfim, em janeiro de 2002, iniciava-se a nova era Marvel no Brasil. A Panini Brasil, com o know-how da Mythos, começava o ano com seis novas revistas mensais. As novas publicações foram: Paladinos Marvel (Com Justiceiro de Garth Ennis e Steve Dillon, Quarteto Fantástico de Grant Morrison e Jae Lee, Hulk de Paul Jenkins e Capitão América de Dan Jurgens e Andy Kubert) Marvel 2002(Com Demolidor de David Mack e Joe Quesada, Thor de Dan Jurgens e John Romita Jr e Vingadores de Kurt Busiek e George Pérez) X-Men (com histórias do lendário Chris Claremont e Wolverine com desenhos de Rob Liefeld), X-Men Extra(com o início da série “X-Men – Eternamente” de Fabian Nicieza), Homem-Aranha (com a fase final de Howard Mackie com os desenhos de John Romita) e Marvel Millennium - Homem-Aranha (com histórias do teioso e dos X-Men da nova série Ultimate). Todas em um formato maior (19 x 27,5 cm), com capa cartonada e papel especial.  A partir de agosto de 2003, todas as revistas mudariam para o formato americano (17 x 26 cm), e são impressas desta forma até hoje.]

As edições de estreia de cada revista vinham com o texto introdutório de Marco Lupoi, dando as boas-vindas à nova era Marvel no Brasil. Um ponto importante com as novas revistas foi a volta das seções de cartas. A Panini, a ponto de estabelecer uma voz com o seu público, resgatou esse contato, que tinha sido abandonado pela Abril. Na primeira edição dos X-Men, por exemplo, em sua seção de cartas, aparecia a “benção” do desenhista Mike Deodato, Jotapê e do tradutor Érico Assis. As boas-vindas estavam sendo celebradas não só pelos leitores, mas pelos profissionais dos quadrinhos em geral. A nova fase da Marvel pela Panini marcou uma transição não só no Brasil, mas também com as novas histórias produzidas nos EUA. A Marvel, sob o comando de Joe Quesada, foi a responsável por reorganizar toda a linha dos personagens. A principal, nessa nova era sob seu comando, foi a linha Marvel Knights. Joe Quesada assumiu o cargo de editor-chefe em 2000. Antes de sua nomeação, Quesada já tinha criado a linha Marvel Knights em 1998, coordenando alguns personagens nesse novo selo.  A linha abordava histórias fechadas, e com aventuras fora das revistas de linha tradicional dos personagens. Mas, de todas as novidades criadas pela nova gestão da Marvel, sem dúvida a mais importante foi à nova linha Marvel Millennium, batizada nos Estados Unidos de Ultimate. Uma nova linha criada pela Marvel, para atrair um novo público, principalmente para quem não entendia e não compreendia a complexa cronologia Marvel de mais de 40 anos. Seria a linha Marvel Millennium, revitalizando os principais personagens da Casa das Ideias. Essa nova linha nada mais é do que os mesmos personagens, só que vivendo em outra realidade, apresentando versões parecidas de todos os super-heróis como o Homem-Aranha, os X-Men, o Quarteto Fantástico, Os Vingadores e Demolidor.

Nessa linha, a nova revista do Homem-Aranha era conduzida pelo roteirista Brian Michael Bendis e o desenhista Mark Bagley. As histórias apresentavam um jovem Homem-Aranha, baseado na obra original de Stan Lee e Steve Ditko, com uma nova roupagem para as novas gerações. A série, que tinha sido iniciada pela Editora Abril em Marvel Século 21 - Homem-Aranha, com apenas quatro edições, continuaria na primeira edição pela Panini em Marvel Millennium - Homem-Aranha n° 01, seguindo as revistas da Abril. Depois do lançamento de Marvel Millennium, a Panini publicou duas edições especiais, com as 13 primeiras histórias do Homem-Aranha, em Marvel Millennium - Homem-Aranha. Logo as desconfianças em relação à Panini iriam diminuir, dez meses depois de seu surgimento no Brasil, com o Universo Marvel. A Panini assumiria, a partir em novembro de 2002, todo o Universo DC, com os lançamentos das revistas Batman, Superman e Liga da Justiça. Com a desistência da Editora Abril, era natural a migração para a filial Italiana no Brasil. A Panini começou com tudo no Brasil. Além das novas revistas mensais, e com as edições especiais, a editora focou também nas histórias clássicas. 



Uma das primeiras coleções publicadas em encadernados pela Panini foi “Os Maiores Clássicos”. E a primeira aventura, seria com o Homem-Aranha. A coleção Os Maiores Clássicos do Homem-Aranha, com seis edições publicadas entre 2002 e 2008, começava com as clássicas histórias da fase John Romita. Passavam pela coleção as histórias “A Última Caçada de Kraven”, “A Morte de Gwen Stacy”, uma edição com histórias de Frank Miller e duas com as histórias do período de Todd Mcfarlane. Todas as revistas vinham com um acabamento gráfico bonito, com capa cartão e papel brilhante. O Homem-Aranha estava em evidência em 2002, com o filme homônimo lançado naquele ano com direção de Sam Raimi, estrelado por Tobey Maguire, que seria um dos maiores sucessos do cinema naquele ano. Sucesso nos cinemas, maiores vendas com as revistas – a Panini, aproveitando a repercussão, publicaria o especial Homem-Aranha - Adaptação Oficial do Filme. Essa adaptação do filme foi um dos primeiros especiais publicados pela Panini.                                                        

De todas as histórias publicadas, sem dúvida a mais aguardada pelos fãs foi a minissérie Origem, que explicava, enfim, a saga de Wolverine. Joe Quesada sabia da responsabilidade em corresponder aos fãs, pois a origem do personagem era um dos maiores tabus da Marvel. A história, escrita por Paul Jenkins, com os desenhos de Andy Kubert. Origem foi publicada em três edições pela Panini, em um gibi em capa dura e, também, em uma reedição especial, a publicação ganhou o troféu Prêmio HQMix como melhor série de 2002. Outra fase que merece destaque foi com as novas histórias do Demolidor, escritas pelo ótimo roteirista Brian Michael Bendis e por Alex Maleev. Com os clássicos, chegaram a coleção “Os Grandes Clássicos” que tinha como meta resgatar os leitores do período da Editora Abril, que já não acompanhavam mais as histórias. A coleção, além de agradar os leitores atuais, fazia parte desse plano de chamar a atenção de antigos colecionadores. Homem-Aranha, X-Men, Vingadores, Tropa Alfa, Thor, Demolidor, Hulk, Quarteto Fantástico, Capitão América e Homem de Ferro tiveram alguns dos seus melhores momentos nessa coleção. Uma das revistas mensais de maior sucesso já publicadas pela Panini, de acordo com os fãs, foi Marvel MAX. Aclamado, o novo gibi foi um dos maiores acertos da editora, apresentando somente histórias e personagens inéditos, sendo cultuado por diversos leitores. A primeira edição, publicada em setembro de 2003, vinha com o anúncio na capa “O lançamento mais espetacular da década”. A nova revista, com histórias do selo Max, era destinada ao público adulto, apresentando diversos personagens e títulos novos. Marvel MAX foi uma das melhores revistas de linha que a Panini publicou.


Na revista dos X-Men, Grant Morrison seria o responsável pelas novas histórias dos mutantes. E começaria com tudo, com a saga “E de Extinção”. Grant Morrison começava as novas histórias apresentando a irmã maligna do Professor X, chamada Cassandra Nova. Uma mutante que arquitetava um plano de reativação dos Sentinelas. O objetivo era exterminar todos os mutantes da ilha de Genosha, resultando em milhares de mutantes assassinados, entre eles o líder e regente da ilha, o mutante Magneto. As novas histórias contavam com os desenhos do ótimo Frank Quitely. Depois de 1602 uma série idealizada por Neil Gaiman, com desenhos de Andy Kubert, o roteirista inglês revitalizou a nova série dos Eternos, personagens criados por Jack Kirby nos anos 1970, em uma minissérie em quatro partes, com desenhos de John Romita Jr.  Marvel 2003 n° 12 seria a última edição publicada em dezembro de 2003. No mês seguinte, a Panini publicou Marvel 2004 Especial, em apenas uma edição. Os títulos representando os anos de publicação não eram uma boa ideia desde a época da Abril, quando, ano a ano, o título teria de ser mudado. A Panini, percebendo isso, encerraria essa publicação e publicaria, em seu lugar, uma nova revista dos Vingadores. Os Poderosos Vingadores estreou em fevereiro de 2004, e seria um novo gibi dos principais personagens que atuam pela equipe dos maiores heróis da Terra.

Nos Estados Unidos, os Vingadores passavam por um período ruim com as suas aventuras. Desde a fase com as terríveis histórias em “Heróis Renascem”, a equipe vinha se arrastando. Apenas um período, com algumas histórias de Kurt Busiek e George Pérez, e depois com Carlos Pacheco, na ótima aventura “Vingadores Eternamente”, foi o que se salvou. Para dar uma levantada na série, o roteirista Michael Brian Bendis assumiria a revista dos Vingadores, e não deixaria “pedra sobre pedra”. A grande saga dos Vingadores, chamada “A Queda”, fazia justiça ao nome.                                                                             

Na linha dos Vingadores, os principais integrantes chegavam com dezenas de edições especiais. Entre elas o gibi especial O Invencível Homem de Ferro, com histórias extraídas da sua série mensal Iron Man, e a série Extremis, em três edições, com a nova série do Homem de Ferro, de Warren Ellis. Seriam seguidas pelo especial Thor - Deuses e Monstros. Ainda em cima do Deus do Trovão, com seu meio irmão Loki, o Deus da trapaça, seria publicada uma minissérie em duas edições, produzida por Robert Rodi e Esad Ribic, mostrando o personagem assumindo o trono de Asgard. A série também foi lançada em uma edição de capa dura. E a edição especial Demolidor & Capitão América - Dupla Morte.  O herói cego também teria as suas edições especiais publicadas, como a minissérie Demolidor Pai, em três edições, escrita e desenhada pelo próprio editor Joe Quesada, depois de um tempo longe da prancheta. Outra edição teve o Demolidor, na série “Redenção”, publicada no gibi Demolidor Anual, em 2006.



 Porém, o grande evento da Marvel no Brasil em 2006 foi à série Dinastia M (House of M no original). Seguindo os fatos apresentados em Os Vingadores, a saga “Dinastia M” apresenta as consequências dos atos causados pela Feiticeira Escarlate na história “A Queda”. Depois de ser levada à ilha Genosha, os Vingadores e os X-Men partem em sua busca. Chegando à ilha, os heróis acabam sendo tragados por um clarão. A partir daí os personagens entram num novo mundo, chamado Dinastia M.

Um dos maiores segredos do Universo Marvel estava prestes a ser revelado na bombástica história escrita por Brian Michael Bendis, no especial “Rumo À Guerra Civil: Illuminati”. Tudo começa de fato há muito anos, depois da guerra “Kree/Skrull”, uma das histórias clássicas dos anos 1970, de Roy Thomas, Sal Buscema e Neal Adams, com um dos maiores conflitos que Os Vingadores tiveram que enfrentar, envolvendo duas das maiores raças do universo. Um senador estava promovendo uma campanha de desmoralização contra os Vingadores, perante a sociedade. Durante a história, é descoberto que o senador era, na verdade, um Skrull disfarçado, que pretendia usar o planeta como um verdadeiro campo de batalha. As consequências da guerra fizeram com que alguns dos heróis ficassem em alerta.

Há anos, o Homem de Ferro, secretamente, convocava uma reunião com algumas peças-chaves de cada grupo. Senhor Fantástico, líder do Quarteto, Professor X, dos X-Men, Namor, príncipe de Atlântida, Raio Negro, rei dos Inumanos, e o Dr. Estranho se encontram logo depois da guerra Kree e Skrull, em Wakanda, país regido pelo rei Pantera Negra, para tomarem certas decisões sobre o futuro do planeta Terra. O intuito era o de incorporar todos os recursos de cada grupo, para atuar de forma mais “compacta”, em virtude de qualquer problema, seja extraterrestre ou não, juntando informações em conjunto e, assim, se prepararem para qualquer eventualidade. Esse novo grupo tomaria todas as decisões, sem fazer uma prévia comunicação com os demais heróis dos seus respectivos grupos. Um exemplo disso foi a decisão do grupo (que seria chamado de Illuminati) de mandar o Hulk para o espaço resultando na saga “Planeta Hulk”.

Os eventos que resultaram na “Guerra Civil” tiveram um ponto crucial na série “Guerra Secreta”, de Nick Fury, em uma ação mal executada, que terminou com a morte de dezenas de civis, acarretando uma baixa ainda maior na popularidade dos heróis perante a opinião pública. Isso depois dos eventos causados pela Feiticeira Escarlate em “Dinastia M”, fazendo com que quase todos os mutantes do planeta perdessem seus poderes - os poucos mutantes restantes ficaram sendo monitorados pelo governo, no Instituto Xavier, através do “Esquadrão Sentinelas”. Tudo para conter os ânimos dos grupos antimutantes, que estavam ainda mais aflorados. Com os Vingadores sendo reestruturados com novos integrantes, depois das consequências da perda de controle da Feiticeira Escarlate, o Homem-Aranha passa a atuar com o grupo. Durante o tempo em que participaria dos Vingadores, Peter Parker estreitou laços com Tony Stark, tendo inclusive ganho um novo uniforme com alta tecnologia, desenvolvido pelo próprio Stark. Nesse ínterim, Tony Stark e Peter Parker são chamados a comparecer ao Senado, para discutir uma nova medida que mexeria com toda a comunidade heroica. A nova ideia era a discussão de uma proposta para a Lei de Registro de Super-Heróis, forçando todos os vigilantes mascarados a registrarem suas identidades ao governo, tornando essa medida obrigatória perante a nova lei criada pelo governo americano. A saga Guerra Civil, foi um dos grandes momentos da Marvel com a Panini no Brasil. 

Depois da “Guerra Civil”, O Homem-Aranha começaria a colher as consequências de ter revelado a sua identidade, tornando-se um alvo fácil, e os seus familiares também. Na saga chamada de “A volta do Uniforme Negro”, a partir de Homem-Aranha n° 75, sua tia May sofre um atentado, a mando do Rei do Crime, ficando à beira da morte. O atentado contra sua amada tia faz com que Peter Parker tome uma atitude que definiria a sua essência na Marvel.  Nas edições n° 81 e 82, foi publicada a história considerada pelos leitores como uma das piores já feitas com o personagem. A aventura chamada “Um Dia a Mais” reformulou as histórias do Homem-Aranha e de todos os seus personagens coadjuvantes. O fato de o personagem ser casado sempre foi um problema para a Marvel. Talvez seja esse um dos maiores arrependimentos da editora americana em relação a um dos seus personagens, acreditando que o matrimônio limitava as ações e a evolução do personagem com suas histórias. Em 2005, as revistas chegaram com mais força nas livrarias. O setor de quadrinhos, que era escasso anos atrás, hoje é item obrigatório e indispensável nas principais lojas de livros do país. As edições em capa dura viraram uma febre no Brasil. Muitos leitores que compravam as edições mensais começaram a deixar de acompanhar mês a mês as revistas, pelo fato de preferirem as mesmas histórias compiladas em uma só edição, e de melhor qualidade. 

A Panini, por sua vez, investiria alto, com a coleção Biblioteca Histórica Marvel.  A coleção, inspirada na série americana Masterworks, trazia as primeiras histórias do começo da era Marvel, do trio Stan Lee, Jack Kirby e Steve Ditko.  Cada edição apresentava as 10 primeiras histórias de cada série, com um acabamento que até então ainda não era muito comum, em papel especial, capa dura e no formato americano. A coleção Biblioteca Histórica explorou um novo nicho no mercado brasileiro, com publicações de materiais com acabamento superior ao que era feito no Brasil. Depois a Panini inaugurou uma nova linha de encadernados, chamada Marvel Deluxe. A nova coleção apresentava somente histórias recentes, com um acabamento primoroso. A ideia com essa coleção era publicar somente as histórias mais importantes com arcos fechados. A coleção Deluxe, apesar do acabamento, claro, tinha preço mais elevado (o preço variava entre R$60,00 a R$90,00 reais, dependendo do número de páginas). A coleção ajudou a definir os novos rumos do colecionismo no Brasil. Mesmo com os preços altos, a coleção Deluxe foi bem recebida pelos leitores, principalmente pelo início inspirador da Marvel nos cinemas com o lançamento do primeiro filme do Homem de Ferro. Algumas das publicações dessa coleção chegaram a ter toda a sua tiragem vendida, forçando a Panini a imprimir uma 2ª edição para atender a demanda.

A série Deluxe foi iniciada com a Guerra Civil, em uma edição incrementada. O início da fase do Capitão América escrita por Ed Brubaker, Thor, de J. Michael Straczynski, com a terceira edição de Thor trazia as histórias da saga “O Cerco”.  Ao longo dos anos, as principais séries seriam compiladas pela Panini na coleção Deluxe. A coleção foi seguida por Marvel Deluxe: Invasão Secreta; Marvel Deluxe: Os Novos Vingadores, com a fase escrita por Brian Michael Bendis em cinco edições; Marvel Deluxe: Homem de Ferro, com a história “Extremis”, de Warren Ellis; Marvel Deluxe: Vingadores Sombrios; Marvel Deluxe: O Incrível Hulk, com a saga “Planeta Hulk”; Marvel Deluxe: A Era de Ultron; Marvel Deluxe: Demolidor de Brian Michael Bendis. 

Em 2007, a Panini lançou mais três publicações - a primeira era mais um novo gibi mensal, Marvel Action, seguindo com as histórias do Demolidor, depois do cancelamento de sua revista, nas novas histórias escritas por Ed Brubaker. Em Marvel Action foram publicadas as novas histórias do Cavaleiro da Lua, o Justiceiro, Pantera Negra, Dr. Estranho e até do Union Jack, além do mais novo personagem, o Hulk Vermelho. Marvel Action teve 34 edições publicadas. A segunda foi Marvel Especial, que às vezes era bimestral e outras vezes trimestral. Marvel Especial só apresentava histórias fechadas e completas. Passaram pela revista Os Novos Guerreiros, Namor, Thor e a série “O que aconteceria se...?” Marvel Especial teve 18 edições publicadas.     


Entre 2008 e 2009, a Panini reeditou diversos especiais com histórias clássicas da Marvel. O primeiro foi o compilado de Guerras Secretas, pela primeira vez em uma edição especial e em formato americano. E o especial Capitão América: Operação Renascimento, de Mark Waid e Ron Garney. Eu, Wolverine, de Frank Miller e três edições especiais do Demolidor com as sagas Diabo da Guarda, pela primeira vez em formato americano, Demolidor- O Homem sem Medo, de Frank Miller e John Romita Jr., e A Queda de Murdock, em uma edição em capa dura. Essas duas últimas em capa dura tiveram um acabamento bem caprichado. Depois da “Guerra Civil”, “Planeta Hulk” e “Hulk Contra o Mundo”, a maior saga de 2009 seria “Invasão Secreta”, apresentando a raça alienígena Skrull, planejando há décadas um plano audacioso de conquista do planeta Terra, usando suas capacidades de metamorfosear a aparência, infiltrando-se em altos escalões do governo e nos principais grupos de super-heróis.  Os heróis precisam unir forças para combater um inimigo “invisível”, ainda mais quando o inimigo poderia ser qualquer pessoa. Depois do racha entre os heróis da Marvel nos eventos de “Guerra Civil”, a comunidade heroica estava desunida e com altas desconfianças entre os personagens. As sementes do que seria a invasão dos Skrull já estavam sendo plantadas há muito tempo. 

A série Terra X voltava a ser publicada no Brasil, em uma edição luxuosíssima, dessa vez com todas as suas 474 páginas. A série apocalíptica da Marvel foi uma das edições mais vendidas pela Panini, e após seu lançamento, as edições se esgotaram rapidamente. Somente oito anos depois, em 2017, a Panini faria uma segunda tiragem. A série ainda teve a sua sequência em Universo X, seguido por Paraíso X, ambas também em acabamentos de luxo.

Em 2010, a Panini lançou a sua nova revista mensal O Invencível Homem de Ferro, com a fase entre o “Reinado Sombrio” e “O Cerco”. A partir da edição n°09, a revista passaria a se chamar Homem de Ferro & Thor, introduzindo as novas histórias do Deus do Trovão. A revista foi publicada até outubro de 2013, com a edição n° 42.  O primeiro filme do Homem de Ferro foi o início da nova era da Marvel nos cinemas. A Marvel Studios, conseguiu uma façanha que muitos não acreditavam que fosse possível, que era unificar todo o universo, e fazer com que esses personagens voltassem a ser comentados novamente.



A revista Marvel Millennium - Homem-Aranha, com as histórias de um Universo Paralelo da Marvel, chegava ao seu pretenso final com a saga “Ultimatum”. A saga, escrita por Joef Loeb, foi a mais simplória possível. Na história, era apresentado Magneto e uma investida definitiva contra os heróis, depois de inundar a cidade com uma onda gigante. A série eliminou diversos personagens, servindo para a Marvel recomeçar a linha alternativa em novas histórias, com novas revistas. Marvel Millennium-Homem-Aranha se encerrava na edição n° 100.

Com o fim da saga, o universo Millennium daria uma pausa em suas publicações nos EUA. Depois de seis meses, os heróis que sobraram estavam de volta na revista Ultimate Marvel 1ª Série. As novas histórias mostravam as consequências apresentadas em Ultimatum, em que a cidade de Nova York começa a ser reconstruída.  Na nova revista Ultimate Marvel, o grande destaque seria com a história “A morte do Homem-Aranha”. O roteirista Brian Michael Bendis foi o grande responsável por todas as histórias do Homem-Aranha publicadas na linha Ultimate. Em paralelo aos últimos dias de Peter Parker, um novo Homem-Aranha surgia, na figura do garoto Miles Morales, que acaba passando por uma experiência parecida com a de Peter Parker, depois de ser picado por uma aranha geneticamente modificada. Morales, que presenciou a morte do Homem-Aranha, se inspira na batalha final e passa a agir como o novo Homem-Aranha do Universo Ultimate, acabando por ganhar um uniforme da SHIELD, com detalhes em preto e vermelho. As histórias do novo Homem-Aranha começam a ser publicadas imediatamente após a história da morte de Peter Parker, em Ultimate Marvel nº 26, de agosto de 2012.

O Justiceiro, a partir de 2011, com o fim da revista Marvel MAX, teria diversas edições com suas histórias em gibis especiais, com capa dura. As primeiras depois da revista mensal foram Justiceiro - As Meninas de Vestido Branco, seguido pelo especial Justiceiro - 6 Horas Para Matar; Justiceiro - Bem-Vindo Ao Bayou; Justiceiro MAX: Rei do Crime; Justiceiro MAX: O Mercenário; e Justiceiro MAX: Frank. Todas essas edições fazem parte da linha Max do personagem. A Panini, a partir de 2011, aumentaria bastante a sua linha de produção com as revistas Marvel. 


O primeiro Vingador retornava em uma nova revista mensal em Capitão América & Os Vingadores Secretos, com as suas novas histórias liderando novos personagens com histórias escritas por Ed Brubaker. O mix apresentava também a série “Secret Warriors” de Jonathan Hickman e Secret Avengers. A revista teve 17 edições publicadas. O mercenário Deadpool, com o sucesso nos EUA, teria a sua própria revista mensal, e no Brasil não seria diferente. Em setembro de 2011, chegava à primeira edição, com diversas capas variantes. Essa primeira série seria publicada até a edição n°16, em dezembro de 2015. Uma segunda série do Deadpool começava a ser publicada, a partir de agosto de 2013. Deadpool 2ª série teve 12 edições publicadas. Além de suas novas histórias, a Panini publicou a coleção especial, com suas primeiras histórias, nos especiais do Deadpool Clássico.  Até aqui a coleção teve 12 edições publicadas.  

Uma nova versão do título de sucesso no período da Editora Abril estava de volta. A nova Grandes Heróis Marvel, com 52 páginas, vinha com um preço bem sugestivo (de R$5,50) para angariar novos leitores e contava com histórias dos X-Men (Astonishing X-Men), Homem-Aranha (Astonishing Spider-Man/ Wolverine), Thor (também com a série Astonishing) e justiceiro (com Marvel Universe Vs. Punisher). Grandes Heróis Marvel foi publicada em 18 revistas.

 Baseando-se nesses personagens e com o sucesso dos Vingadores nos cinemas, a Panini inaugurou uma nova coleção, com material clássico, com os gibis da Coleção Histórica Marvel. A nova Coleção Histórica Marvel veio para sanar o problema de dentro da Panini, com o material clássico da Marvel. Desde o lançamento da coleção Biblioteca Histórica, a Panini não investiria tanto quanto nessa nova coleção. A nova série, ao contrário da Biblioteca, não apresentava as histórias em sequências, mas sim em várias épocas distintas, porém cronológicas, com os personagens. A primeira edição a chegar às bancas foi a Coleção Histórica Marvel, em quatro edições, com aventuras dos principais integrantes dos Vingadores. A coleção, com um tom bem retrô, era dividida em quatro fases.

 O volume 01, com histórias do Capitão América, começando pela sua primeira história, feita por Joe Simon e Jack Kirby, passando pelo seu retorno na Marvel, novamente pelas mãos de Jack Kirby e Jim Steranko. O volume 2, com a fase de Stan Lee e Jack Kirby, publicada em Journey into Mystery nº 83 (a estreia de Thor na revista), e as edições nº 108 a 115. Homem de Ferro era o astro do volume 3, com aventura do período publicado em Tales of Suspense e The Invincible Iron Man, de Stan Lee, Archie Goodwin, Don Heck e Gene Colan. O volume 04 trouxe a magistral fase de Roy Thomas e John Buscema, publicada em Avengers nº 54 a 60.  Diferente dos resultados da coleção Biblioteca Histórica, a nova coleção em papel offset e capa cartonada teve desempenho surpreendente em suas vendas. A nova revista remete aos tempos clássicos da Marvel, transmitindo a atmosfera dos anos áureos. Como brinde, a série ainda vinha acompanhada de uma caixa para guardar a coleção. 



O respaldo dos leitores foi extremamente positivo. Com os primeiros lançamentos superando as expectativas, a Panini aumentaria a série, com a Coleção Histórica Marvel Homem-Aranha. A coleção do Homem-Aranha teve três lançamentos, com quatro edições em cada publicação.  O volume 01 apresentava as batalhas do Homem-Aranha contra o Duende Verde, na primeira edição; contra o Dr. Octopus, na segunda; o Lagarto, na terceira; e contra o Sexteto Sinistro, na quarta, em um apanhado de histórias de Stan Lee, Steve Ditko, John Romita e Jim Mooney.

 Em 2013 a Panini iniciava a linha “Nova Marvel”. A nova linha foi criada como parte de sua estratégia de mercado para uma resposta à nova linha da DC Comics “Os Novos 52” (que foi um Reboot feito pela editora reiniciando toda a linha desde o começo). Diferente do Reboot feito pela sua concorrente, a “Nova Marvel” não mexeria na estrutura do Universo Marvel, zerando os personagens como se fossem um novo universo, iniciando desde o começo. A série teria novas equipes, e alguns grupos com novas formações e direções.

Com a “Nova Marvel”, as revistas mensais foram zeradas e reiniciadas com uma nova numeração. Todas as revistas começariam desde o número um, com as novas edições de: Wolverine, Avante Vingadores (esse incluindo a edição zero), Os Vingadores, Capitão América & Gavião Arqueiro, Homem de Ferro & Thor, Universo Marvel 3ª série, X-Men, X-Men Extra e a nova revista Homem-Aranha Superior. Para dar início à nova fase da Marvel, a Panini publicou a edição especial Nova Marvel – Ponto de Partida, direcionando às novas histórias dos heróis da Marvel. Das revistas que foram publicadas, a mais controvertida foi a do Homem-Aranha, na sua mais nova série chamada Homem-Aranha Superior.

A Panini publicou a partir de 2014 toda a primeira fase do Miracleman de Moore em 16 edições e mais algumas capas variantes, com as edições de estreia. A Panini ainda publicaria sua edição anual com histórias de Grant Morrison, em uma história que tinha sido feita em 1984, e que nunca havia sido publicada, devido aos problemas com os personagens. As histórias do Miracleman sempre foram consideradas como um dos pontos altos de Alan Moore com os super-heróis. Muitos leitores e profissionais não apostavam que essas histórias um dia poderiam voltar a ser editadas novamente. Quando a Panini resolveu publicar no Brasil, após todos os problemas jurídicos terem sido resolvidos, muito leitores não compraram, esperando que a Panini publicasse o material compilado em capa dura e não como uma série mensal. Infelizmente a série não foi bem nas vendas, e com muito sacrifício a Panini concluiu a fase Moore. As histórias escritas por Neil Gaiman ainda permanecem inéditas e dificilmente será publicada no Brasil.


Brian Michael Bendis e Alex Maleev estavam de volta nas novas histórias do Cavaleiro da Lua. A Panini publicou a nova saga do Cavaleiro em uma minissérie em duas edições. Outros especiais de 2015 foram O invencível Homem de Ferro – Síndrome de Frankenstein; Origem 02, edição em capa dura, apresentando as histórias seguintes da série “Origens”, com o passado do Wolverine antes do projeto Arma-X; Quarteto Fantástico – Imaginautas, de Mark Waid, em uma edição encadernada; o especial Soldado Invernal – Marcha da Amargura; e a edição especial em capa dura Thor, O Deus do Trovão: O Carniceiro dos Deuses. A Panini ainda traria a série Pecado Original, com os segredos do Universo Marvel revelados. O assassino, em posse dos olhos do alienígena Vigia, morto na Lua, faria com que tudo que foi registrado pelo Uatu fosse finalmente revelado, incluindo alguns “podres” dos principais personagens. Pecado Original foi publicada em uma minissérie de cinco edições, e mais três especiais.

Duas séries dos heróis ingleses estavam de volta. Excalibur, de Chris Claremont e Alan Davis, que tinha sido publicada nos anos 1990 pela Editora Globo, e Capitão Britânia, de Alan Moore e Alan Davis. Ambas voltavam pela Panini, contando com uma edição especial cada. A história clássica dos anos 1980, com o encontro entre os maiores grupos da Marvel, retornava pela Panini no especial Vingadores Vs. X-Men Vs. Quarteto Fantástico. Dessa vez compilada em edição única, depois de 20 anos, desde a sua publicação nos formatinhos da Editora Abril, no especial Épicos Marvel, de 1991. Com os X-Men, a Panini traria a saga dos anos 1990 Massacre (Onslaught no original), compilada em ordem, em quatro edições.

Alguns personagens urbanos teriam diversas novas séries, em edições especiais e mensais. Uma nova série do Cavaleiro da Lua, iniciada por Warren Ellis e Declan Shalvey, chegava com edições especiais com lançamentos aleatórios, publicadas entre 2015 e 2019 em oito edições até aqui. Após a primeira edição de Ellis, a série foi continuada com os roteiros de Brian Wood e Cullen Bunn. Deadpool chegava à sua 3ª série, em uma nova publicação mensal, a partir do número um, com as suas escrachadas histórias. A nova série foi publicada até o gibi número 13. Já o Justiceiro ganharia uma nova edição, com a sua 2ª série, em 9 edições até aqui. Punho de Ferro estava de volta na série A Arma Viva, em dois números, e Bucky Barnes, o Soldado Invernal, teria duas edições especiais. A nova série da ninja assassina Elektra teria duas edições especiais, e a espiã Viúva Negra, três edições especiais: a edição em capa dura O Capuz- O Sangue que vem das Pedras, e duas edições especiais de Império dos Mortos, desenhadas por Alex Maleev, baseado na obra do diretor e cineasta americano George Romero. 

As edições publicadas pela Panini, com menções aos filmes em 2015, foram os especiais Vingadores: Era de Ultron – Prelúdio; Capitão América: Guerra Civil – Prelúdio; a edição Doutor Estranho – Prelúdio; e um especial publicado pela Editora Abril: Doutor Estranho - Revista Oficial do Filme.  A Panini, aproveitando o filme nos cinemas, ainda teria o especial Dr. Estranho: O Juramento, publicado anteriormente na extinta revista Marvel Action, e o especial Shamballa, história perdida no tempo, que já tinha sido publicada pela Editora Abril na coleção Graphic Marvel, em 1989.Um especial em capa dura do Homem-Aranha chegava às bancas, com a aventura Negócios de Família, a segunda Graphic Novel Original lançada pela Marvel Comics. E ainda Os Vingadores: A Ira de Ultron, além de um especial do herói mais querido do momento, o Homem-Formiga. Os Vingadores ainda teriam uma minissérie em conjunto com os X-Men: Vingadores & X-Men: Eixo, em três edições e mais duas edições especiais.

Na linha mutante, as novas histórias dos X-Men de Brian Michael Bendis, compiladas em Fabulosos X-Men: Revolução e Destroçados (da série Uncanny X-Men), e os Novíssimos X-Men, nos compilados X-Men de Ontem, Criando Raízes e Deslocados (All-New X-Men) e o especial “X-Men: A Batalha do Átomo”. A elogiadíssima nova série do Gavião Arqueiro, publicada em Capitão América & Gavião Arqueiro, foi compilada em três especiais: Minha Vida Como Uma Arma, Pequenos Acertos e Gaviã Arqueira: Vingadora da Costa Oeste. A série Homem-Aranha Superior seria publicada em três edições, nos especiais Homem-Aranha Superior - Meu Pior Inimigo, seguido por Mente Conturbada e Sem Saída. E os especiais Indestrutível Hulk - Agente da SHIELD; Deadpool: Meus Queridos Presidentes; e Deadpool: Caçador de Almas, além do especial Guardiões da Galáxia: Vingadores Cósmicos, e mais dois especiais do Thor: Thor, o Deus do Trovão: O Amaldiçoado e Thor: Bomba Divina.

A novidade acerca dessa coleção fica para a mais nova personagem: Ms. Marvel. A nova super-heroína da Marvel é Kamala Khan, uma das criações mais interessantes da Marvel nos últimos tempos. A jovem personagem é de descendência paquistanesa. Mora com seus pais, nos EUA, e acaba contraindo superpoderes depois de atingida pelas névoas terrígenas, dos Inumanos, fazendo parte da linhagem do grupo liderado por Raio Negro. 

Em 2016 a Panini trouxe as novas “Guerras Secretas”, a editora estava se preparando para o fim do Universo Marvel como nós o conhecemos. Todos os eventos criados por Reed Richards, depois de ter construído a “Ponte”, um sofisticado aparelho capaz de atravessar realidades e universos, chegavam ao seu derradeiro destino. Ou melhor, chegavam às mãos do Dr. Destino. Nas histórias do Quarteto Fantástico, escritas por Jonathan Hickman, foram plantados os primeiros indícios do distúrbio que o universo estava sofrendo. O competente roteirista, depois de sua passagem pelo Quarteto Fantástico, assumiria as histórias dos Vingadores e os Novos Vingadores (New Avengers e Avengers), substituindo Brian Michael Bendis, e dando sequência à destruição de todo o universo. Na série, publicada na revista Os Vingadores da Nova Marvel, com desenhos do brasileiro Mike Deodato Jr. e de Steven Epting, eram apresentados os Illuminati, dessa vez com as presenças do Capitão América e do Pantera Negra. Após o megaevento de “Guerras Secretas”, recomeçou (mais uma vez) a linha dos heróis desde o número 01, com os principais personagens da casa. As novas revistas, Avante Vingadores, Os Vingadores, Homem de Ferro, O Espetacular Homem-Aranha, Universo Marvel, X-Men, Deadpool, Deadpool Extra, Capitão América, Guardiões da Galáxia, Thor e dois novos e inéditos títulos, Dr. Estranho e Homem-Aranha & Os Campeões, todas a partir da edição nº 01. O Velho Logan, após ter iniciado como uma minissérie em Guerras Secretas continuaria sua numeração como uma revista mensal.

Com a coleção Histórica, a Panini resgatava uma história perdida na linha editorial da Abril em Heróis da TV, chamada “Torneio de Campeões” (Marvel Super Hero Contest of Champions), história reunindo todos os heróis da editora. Torneio de Campeões foi publicada em uma edição. Wolverine também ganhava sua coleção histórica com suas primeiras histórias dos anos 80 de Chris Claremont, Larry Hama e outros autores. A coleção teve oito edições no total. Outra grata surpresa foi com Coleção Histórica: Paladinos Marvel, dedicadas aos personagens urbanos como Demolidor, Luke Cage, Punho de Ferro, Cavaleiro da Lua e Justiceiro. A coleção atualmente está em sua 10° edição. Outro personagem que ganhava sua coleção era o Hulk. A aclamada fase de Bill Mantlo e Sal Buscema chegava com histórias que há muito tempo não eram reeditadas no Brasil. A coleção até então está na sua 12ª edição. De todas as revistas da Coleção Histórica, sem dúvida uma que chegava com entusiasmo pelos fãs era a do Mestre do Kung Fu. Chang Shi finalmente estava de volta com suas histórias clássica no Brasil. Suas histórias estavam com problemas digamos, “jurídicos”, por causa do personagem Fu-Manchu, que era licenciado e não criado pela Marvel, pertencente ao autor inglês Sax Rohmer. Tempos depois a editora não tinha mais autorização de publicar qualquer história com o personagem. E as histórias do Mestre do Kung-Fu ficariam por muito tempo “arquivadas”. Em 2016, sem muita explicação, ao que parece a Marvel e o espólio de Sax Rohmer renovaram para que a Marvel usasse o personagem novamente. Com tudo resolvido, as histórias que marcaram os anos 70, voltavam ao Brasil em uma coleção também em doze edições. 

Uma coleção batizada de “Antologia” chegava pelas mãos da Panini. A estreia seria com o Homem-Aranha em uma edição gigante com 328 páginas ao preço de R$120,00, tornando-se umas das HQs mais caras já vendidas por uma editora com material da Marvel.  A Antologia apresenta histórias “chaves” do personagem, de Stan Lee à Dan Slott. Outras da série “Antologia” foi com Wolverine, da mesma forma da Antologia do Homem-Aranha e também uma dedicada ao Thor. A Panini traria alguns especiais dos Guardiões da Galáxia com Guerra dos Reis e Legado, Justiceiro Max - Desabrigado, Thor Vikings de Garth Ennis, republicando em uma edição especial as histórias já editadas em Marvel Max e duas edições especiais da Viúva Negra.



A saga “Guerra Civil” ganharia uma sequência. Publicada no Brasil em seis edições, Guerra Civil II, escrita por Brian Michael Bendis e ilustrada por David Marquez, apresenta o Inumano Ulysses Cain, capaz de prever eventos futuros com uma alta probabilidade de previsão.  Ulysses acaba dividindo a classe heroica entre os que querem aplicar a justiça antes dos fatos futuros, a ponto de prevenir qualquer problema maior (no caso a Capitã Marvel) e entre os que não querem julgar antes dos fatos acontecerem (liderados pelo Homem de Ferro). 

Um dos pontos que marcaram a Panini foram com alguns equívocos em suas publicações. Erros sempre foram uma constante no Brasil. Se fizermos um “pente fino” em todas as editoras que publicaram quadrinhos, com certeza iremos encontrar uma palavrinha errada aqui, uma concordância lá, e assim por diante. Trabalho de edição mal feita, alguma cor errada de personagem, sempre existiu. Na época da Abril, a editora criou o troféu simbólico chamado “Caça Piolho”. O troféu estimulava os leitores a encontrarem erros dos mais variados. Os principais eram publicados nas seções de cartas das publicações Abril. Mas o que era visto como brincadeira no passado, hoje é visto com uma certa ira por partes dos leitores. Ultimamente a Panini vem passando por uma grande mudança em sua linha de produção. Mudanças constantes entre editores e de funcionários ou até mesmo a expansão em diversas revistas e ainda tendo que dividir espaço com o material da Salvat, são alguns dos pontos em que a Panini encontrou certa dificuldade. Muitos dos erros atuais da Panini são nos balões de fala dos personagens. Diversos erros de português, erros de concordância grave, palavras repetidas e abreviadas, vem dando o tom para a linha da Panini. 

No Facebook, foi criada uma página chamada “Todo Dia Um Erro Nos Quadrinhos Diferente”, que reúne os erros publicados nos quadrinhos brasileiros, em especial os da Panini. A missão da página não é esculhambar em cima da editora, e sim melhorar a qualidade das publicações de quadrinhos no Brasil. Além da página, diversos sites especializados têm comentado sobre os erros da Panini. Afinal, as revistas não são baratas, e tudo o que os leitores querem é ver suas revistas perfeitas. A página tem atualizações diárias, o que acaba causando uma grande frustração nos leitores. Um dos erros que mais fizeram “sucesso” foi o balão sem texto no Omnibus O Espetacular Homem-Aranha - Edição Definitiva n° 1de Stan Lee e Steve Ditko. A revista pela sua importância e pelas suas 560 páginas ao preço de R$ 160,00, tinha que ser uma edição impecável. Infelizmente o balão de fala do Tocha Humana totalmente em branco, viraria símbolo dessa era de erros. 



Uma notícia abalaria todo o mercado editorial no Brasil. Em meados de 2018, a Editora Abril anunciava o encerramento de diversas publicações e a dispensa de muitos funcionários. A Abril pediu uma recuperação judicial, em um anúncio que pegaria todo mundo de surpresa, para tentar se recuperar e tentar sanar sua dívida com seus fornecedores e funcionários. A Editora Abril, a maior editora de revistas do país, assim como todo o Grupo Abril, foi comprada em dezembro de 2018 pelo empresário Fábio Carvalho, especialista em adquirir empresas quebradas e mal geridas. O valor pago por Fábio Carvalho, foi de R$ 100 mil reais. O valor “simbólico” vem junto com uma dívida de 1,6 bilhão, que vinha se arrastando desde agosto daquele ano, com praticamente 3000 funcionários e diversos fornecedores a ver navios. A Abril colecionou alguns erros pontuais nos seus últimos 20 anos, que acabaram tendo sua derradeira quebra em 2018. Um dos principais erros foi quando a editora investiu na TVA (Televisão Abril) fruto de uma sociedade entre o Grupo Abril com a Mathias Machline, iniciando com canais como Showtime, ESPN, TNT, entre outros. Nesse novo processo, a TVA optou por não usar a rede de cabos telefônicos já existente na época. E sim, investindo em uma mais cara por todas as cidades em que atuava. O ambicioso projeto, além da grande demora em implantar os novos cabos, demoraria para dar o retorno desejado. Tempos depois, a TVA seria vendida para o grupo Telefônica, hoje chamada de Vivo.

Depois, a Abril entraria em uma sociedade com a DirecTV, que acarretaria no endividamento do grupo, pois tanto no serviço de cabo quanto no satélite, encareceu o serviço para o assinante - isso antes da popularização da TV a cabo, em uma época em que não havia muitos clientes. Todos esses negócios e mais alguns envolvendo a venda da DirecTV à Disney e negócios com a MTV em mais um mal acordo com a empresa SKY, foram terríveis para o grupo Abril. Toda essa fase da TV a cabo, juntando a uma péssima investida na parte digital, seria terrível para o grupo. Em 1996, a Abril criaria o portal “BOL”, que logo seria fundido a um outro portal, o UOL, pertencente ao grupo Folha. A fusão também não foi boa para o grupo Abril, acarretando mais um montante de problemas, tendo muitos executivos que trabalhavam com internet sendo demitidos. Enquanto a UOL prosperava com parcerias de sucesso, a BOL afundava com má escolha e administração. Tudo isso chegaria a um momento em que a editora colheria suas más escolhas e maus negócios. E em junho de 2018, a Abril anunciava o fim da longa parceria com as revistas Disney. Depois de quase 70 anos editando os quadrinhos Disney, a parceria seria desfeita, em consequência de todos esses acontecimentos. E o que tudo isso tem a ver com os quadrinhos hoje, em especial com o Universo Marvel?

A Abril, após comprar a Fernando Chinaglia, tornou-se a única empresa responsável por toda a distribuição de praticamente todas as revistas e HQs impressas no Brasil. A Dinap (agora chamada de TOTAL), era a única empresa a fazer a distribuição em território nacional. Mesmo sendo acusada de orquestrar um monopólio na área de distribuição, as editoras concorrentes não tinham opção. Se quisessem ter suas revistas distribuídas tinham que usar os serviços do Grupo Abril.  Com os negócios da Abril paralisados, muitas das editoras ou praticamente todas se viram com um grande problema: como distribuir suas revistas com os serviços da Abril suspensos?

Quem mais sofreria com o fim da Dinap seria a Salvat. As coleções de capa dura, mesmo com alguns problemas, foi um grande sucesso da editora. Com cinco coleções só da Marvel em suas mãos, a editora tomaria uma decisão difícil: encerrar precocemente as coleções no Brasil. Com a quebra da Abril, não só a Salvat sofrera com o acontecimento. A Panini, que também era distribuída pela Dinap, teve que correr atrás para continuar, sem sofrer com buracos entre seus lançamentos. A Panini, com muitos dos principais universos dos quadrinhos em suas mãos, teve que agir rápido para resolver esse problema.  Com o problema envolvendo a Abril e a TOTAL, a Panini se viu forçada a agir. Com os quadrinhos, a solução encontrada pela Panini seria com a distribuição direta, em um contrato com as distribuidoras regionais - cerca de 80 espalhadas pelo Brasil - que enviam para os pontos de vendas, entre lojas e bancas de jornais. A Panini não criou uma distribuidora própria, e não está oferecendo serviço próprio de distribuição, optando pelas distribuições regionais. 

O presidente da Panini, José Eduardo Severo Martins, em entrevista ao portal Universo HQ, disse o seguinte sobre esse momento: “A Panini está diversificando seus canais de vendas e ampliando sua atuação no mercado de varejo, e precisava ter maior controle da distribuição de seus produtos. A entrega direta dos produtos aos distribuidores regionais é uma atividade que a empresa já faz em outros mercados, como a Espanha e a Alemanha. E nesses países verificamos uma performance maior nas vendas quando a entrega dos produtos foi realizada diretamente pela Panini. A Panini não está criando uma nova distribuidora, mas apenas assumindo a entrega direta de seus produtos para serem entregues às bancas pelos distribuidores regionais. A entrega direta aos distribuidores regionais permitirá um maior contato com a rede e a possibilidade de implementação de atividades promocionais específicas e dirigidas às diversas regiões do País”, conclui. 

A mais nova investida com a Panini no Brasil foi com o formato “Ominibus”. O que parecia inviável, principalmente no período da pandemia global, o formato veio para ficar. Edições gigantes, com as principais histórias do Universo Marvel deixa qualquer fã em êxtase. Quarteto Fantástico de John Byrne em duas edições, Os Eternos de Jack Kirby, as primeiras histórias de Conan de Roy Thomas e Barry Smith, foram recebidas de forma positiva por aqui. 



Atualmente, a Panini segue em meio a muitas publicações. O número de publicações ainda segue em alta. A nossa atual economia, que já vem se arrastando mais para o lado negativo do que positivo nos últimos anos, faz com que as editoras enfrentem muitas dificuldades para que suas publicações cheguem nas mãos de seus clientes de forma satisfatória e em alta escala. É muito difícil, em um mundo globalizado e digital, fazer com que as revistas em quadrinhos disputem com TV a cabo, Internet, Netflix e Videogames de igual para igual. Revistas em quadrinhos no Brasil era um negócio fantástico no passado. Vale lembrar que o Homem-Aranha vendia sozinho de 70 a 100 mil exemplares entre a fase Ebal e Abril. A Panini não divulga seus números de vendas, mas se fosse para apostar, eu diria que hoje a revista do Homem-Aranha não chegue a 10 mil exemplares. Mesmo com todos os problemas, o Brasil ainda tem um público fiel, com seus personagens preferidos. De um jeito ou de outro a Panini ainda se mantém firme no Brasil. Impulsionada pelos filmes que viraram febre no mundo todo, nesses últimos 14 anos de Universo Cinematográfico Marvel. Fato que acaba ajudando a segmentar a onda dos personagens de Stan Lee, Jack Kirby e Steve Ditko no Brasil e ao redor do planeta. 



“A Panini faz um grande trabalho. Sei que muita gente crítica, mas isso sempre vai acontecer com quem está no topo. Basta lembrar em que ponto a Marvel estava no Brasil e o trabalho que a Panini fez. Ela estabilizou o mercado de edições de luxo, lançou títulos audaciosos e de sucesso, como Marvel MAX, deu espaço para vários personagens secundários, em edições especiais, como o Punho de Ferro e o Cavaleiro da Lua, adiantou a cronologia o máximo que pôde em relação aos EUA, inundou as bancas com uma quantidade enorme de lançamentos, que não se viam desde os anos 1990, e também apostou em materiais surpreendentes, como O Mágico de Oz e Franklin Richards – Filho de um Gênio. Não é pouca coisa. Sim, há alguns atropelos, mas acredito que a iniciativa, como um todo, é excelente”.  Alexandre Callari, editor do Pipoca e Nanquim.

“Meu balanço do trabalho da Panini com a linha Marvel no Brasil, nestes últimos anos, por mais que eu seja suspeito em falar, é extremamente positivo. Partimos de seis títulos iniciais — pouco mais de 550 páginas — para mais de 1.300 páginas mensais apenas da Marvel, sem contar as linhas DC e de Mangás. É um crescimento astronômico, em todos os aspectos. A Panini publica hoje a esmagadora maioria dos títulos lançados pela Marvel nos EUA, muitos dos quais jamais teriam sido sequer conhecidos pelo público brasileiro noutras épocas. Quem poderia imaginar que seriam lançadas aqui coisas como X-Statix, Nextwave ou Alias, para mencionar apenas algumas? Eu, com certeza, não. Mesmo não estando mais à frente do material Marvel, acho que a postura ousada e agressiva da Panini foi fundamental para a expansão e consolidação da marca aqui no Brasil, e fico feliz em ter dado minha parcela de contribuição”. Fernando Lopes um dos primeiros editores da Panini com a Marvel no Brasil.

“Acho que hoje a Panini tem um perfil bem equilibrado e diversificado, oferecendo diversos formatos, estruturas, acabamentos e preços. Esse, na verdade, é o maior dos fatores que influenciam um leitor a adquirir ou não um produto. A pessoa que é fã precisa enxergar alguma vantagem na compra daquela revista/livro. Se considerarmos que pegamos uma das maiores marcas do mercado de quadrinhos, com apenas três títulos mensais com valor de capa bem mais alto do que a maioria dos leitores estava acostumada, e que temos hoje por volta de 12 ou 13 títulos mensais, bem... Eu diria que a Panini vive uma realidade muito, mas muito melhor do que em 2002. Além disso, como já frisei antes, a diversidade de opções oferecidas aos leitores é o que nos distingue, hoje em dia.” Levi Trindade, ex-editor da Panini, atualmente na Hyperion.

“A Panini tem melhorado muito nesses últimos anos. Não sei se a dança das cadeiras dentro da editora foi um ponto decisivo, ou até mesmo o remanejamento de funcionários. O que sei é que a Panini hoje tem estado mais perto dos leitores. As “Lives” feitas no Youtube, com os futuros lançamentos e novidades é um ponto extremamente positivo. Os tipos de coleções, seja em capa cartão ou capa dura ou até mesmo os Ominibus, tem apresentado uma opção para todos os tipos de leitores. O gerente de publicações da Panini na América latina, Leonardo Raveggi vem apresentando um trabalho mais compacto. O atual gerente tem aparecido em diversas entrevistas e é bem receptivo. Uma atenção aos leitores é a chave para o sucesso com a linha de publicações. Parabéns, Panini, que dure mais vinte anos, e além. ” Alexandre Morgado, autor do livro “Marvel Comics: A Trajetória da Casa das Ideias no Brasil e desse texto.


Alexandre Morgado

 Alexandre Morgado é cartorário do 15° Tabelionato de São Paulo. É também autor do livro Marvel Comics - A Trajetória da Casa das Ideias do Brasil, livro que narra a história da Marvel em nosso país, relançado em 2021. O autor possui um acervo gigante de HQs, principalmente com material da Marvel Comics.

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