sexta-feira, 27 de março de 2009

Thunderbolts: O Fim?


Thunderbolts #121

Insano, perturbador, épico. São alguns dos adjetivos que comumente são atribuídos à passagem relâmpago mas totalmente histórica de Warren Ellis e Mike Deodato Jr. pela revista dos Thunderbolts. Aproveitar o epílogo da Guerra Civil e colocar alguns dos ex-vilões (ex?) mais conturbados de todo o Universo Marvel em uma profunda reformulação de um título que, ainda que longevo, nunca tinha chamado tanta atenção, para muitos pareceu apenas uma forma de chamar atenção. Talvez pudesse ter sido, mas quando um dos roteiristas mais cínicos (no bom sentido!) e criativos da atualidade resolve caprichar, ele faz um baita estrago em apenas 12 edições. Com a arte surpreendente do paraibano Deodato, esse ano inteiro de histórias só ganharam mais ar de um clássico. Um clássico instantâneo, que se encerra em Universo Marvel 45.

A investida final dos quatro telepatas, que usam as próprias psicoses dos integrantes dos Thunderbolts contra o grupo, aproxima-se quando, aproveitando o ódio de Rocha Lunar por Doc Samson, fazem com que ela ataque o “super-psiquiatra” quando ele decidia não mais ignorar os barulhos de explosão espalhados pela montanha. Diante de um surpreso Robbie Baldwin, o Suplício – que recentemente percebeu que seus poderes de Speedball parecem estar voltando –, o doutor ataca com gosto sua agressora, adorando a situação por querer, há muito tempo, dar-lhe um corretivo.

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Porém, em meio à luta, em que Rocha Lunar reafirma seu ódio, e se prepara para atacar Robbie (que a irrita profundamente), o rapaz não deixa barato. Concentra-se e contra-ataca. Só não mata Karla porque Samson intervém. Então, ao invés de continuar jogando-na através das paredes, amortece seu corpo com um campo de energia idêntico às esferas usadas em seu tempo de Speedball.

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Perto das celas de contenção, onde se encontram os prisioneiros causadores de todo tumulto, o Norman Osborn, que retomou sua identidade de Duende Verde, continua abrindo caminho ao custo da vida dos soldados que protegem o local. Porém, acaba interceptado por uma das poucas pessoas sãs (ou pelo menos não completamente loucas) dos Thunderbolts. Alguém que de fato parece querer se tornar uma heroína: Soprano.

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E logo fica claro a influência dos telepatas sobre os dois. Ela deixa claro que sempre quis esmagar o diretor da equipe, e ele, não esconde a vontade de assassiná-la, já que não compactua com sua distorcida de enxergar o papel dos Thunderbolts. Depois de um comentário para lá de machista, mas engraçado na situação, do Duende, Soprano se mostra uma adversária valorosa do insano encapuzado, e os dois acabam desacordados, um ao lado do outro.

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É nesse momento, que uma presença misteriosa, representada apenas por pés descalços, passa pelos dois em direção das celas.

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E ele chega até os quatro prisioneiros. E usando bisturis cirúrgicos, assassina Raio Azul sem dó, cravando o objeto em sua testa apenas o arremessando. Quem mais poderia fazer isso, se não Lester, o Mercenário? Surpreendentemente de pé, ele explica que lhe foi aplicada uma tecnologia nanomecânica momentos antes de todo tumulto começar na montanha, até que acordou sozinho, com seus movimentos de volta depois do que sofreu nas mão do Águia Americana.

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Diz, então, que resolveu se divertir. Diante de uma misteriosa impossibilidade de ser controlado mentalmente, não parece se importar muito, mas volta à velha forma, e assassina um a um, feliz por não ter perdido sua pontaria certeira. É o fim da rebelião na Montanha Thunderbolt, e quem salvou o dia foi o Mercenário.

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Dois dias depois, com as coisas voltando ao “normal” (e coloca aspas nisso), Samson se despede de Robbie, insistindo para que ele saia dali, afirmando que podem trabalhar seus problemas e fazer dele novamente o herói que foi. Mas o rapaz sente que precisa ficar, porque apesar de todos sofrerem o risco de causar o que ele e os Novos Guerreiros causaram na Guerra Civil, foram eles (ele) que causaram. Ainda é preciso se redimir. E o melhor lugar é se redimir onde as coisas parecem mais erradas.

Ainda cheio de ematomas causados por Soprano, Osborn tente usar a natureza do ataque dos quatro “anjos” para justificar relatos (dos sobreviventes) de que o Duende Verde se envolveu em toda morte e destruição recentes. Fruto de alucinações, ele afirma, nervosamente prometendo um relatório o mais rápido possível ao presidente.

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Ao fim da ligação, Soprano adentra a sala, e o clima é de tensão. Ela observa que Rocha Lunar ainda demora muito tempo para se recuperar dos severos ferimentos, o Venom continua alucinado, e o Espadachim a beira da morte e da insanidade depois de ser massacrado pelo “Duende”. A equipe parece em frangalhos. Norman não parece preocupado, mas sim feliz de ter colocado o Mercenário na equipe, sonhando até com uma promoção.

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Soprano deixa claro que não ignora o que ele fez como Duende, observando inclusive que os registros de segurança foram roubados (por Samson, logo sabemos), e Osborn quer saber qual o interesse dela.

Ela não gagueja. Quer recuperar seu posto de líder de campo, participação profunda nos rumos da equipe e poder decisório. Em suma, quer aos poucos retomar o que eram os Thunderbolts antes do sumiço do Barão Zemo.

Sem paciência, e achando que ela de fato não ganha muito com isso, Norman concorda. Porém, antes de Soprano sair, Osborn lembra que ela foi responsável pela sua paralisia, e por uma das maiores surras que o psicopata já sofreu, deixando claro que os dois deveriam resolver o problema entre eles.

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Dessa forma, com rumo incerto e muitas arestas a serem aparadas, Ellis marca época, deixa uma obra que deve ser lembrada por muito tempo, e coloca de vez os Thunderbolts no mapa. A história da equipe não acaba aqui, mesmo porque em breve, assim como todos os outros heróis, anti-heróis e vilões da Terra, deverão lidar com a iminente invasão skrull. Um brinde a Warren Ellis, a Mike Deodato Jr. e ao presente dado nas últimas 12 edições.


João

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