quinta-feira, 6 de março de 2014

Fabulosos X-men: A revolução (não) será quadrinizada

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Em dezembro de 2010, revoltas explodem em países árabes como Egito e Líbia, frutos da insatisfação popular crescente com seus líderes. Tal evento ficou conhecido como “Primavera Árabe”, cujas repercussões estão sendo sentidas até hoje. 

No Estados Unidos da América, em dezembro de 2011, milhares de jovens bradam contra o sistema financeiro estadunidense que privilegia uma pequena casta. O movimento ficou conhecido como “Occupy Wall Street”, que acabou gerando fortes impactos ao redor do mundo. 

No Brasil, após uma forte repressão a um protesto em que se pedia a redução de preço dos transportes públicos na cidade de São Paulo, milhares de pessoas foram às ruas pedir melhorias em setores sensíveis como educação e saúde. Tal evento ficou conhecido como as “Jornadas de Junho”. Até o hoje seus impactos são sentidos, principalmente pela onda de protestos, muito deles violentos, para impedir a realização da Copa do Mundo no país. 

Em Janeiro de 2013, Scott Summers, líder dos X-Men, preso em decorrência dos eventos de Vingadores Vs X-Men, foge de seu cativeiro e passa a conclamar todos mutantes do mundo para uma revolução, colocando as autoridades em estado de alerta. 

Não teria como começar a escrever sobre a revista Fabulosos X-Men de Brian Michael Bendis, com a arte do veterano mutante Chris Bachalo sem situar o mundo atual. Para o bem ou para mal, de forma consciente ou inconsciente, Bendis traz o espírito de revolta e revolução que domina a atualidade para a revista carro-chefe dos títulos X. Em todo o mundo, inclusive no Brasil, pipocam movimentos de insatisfação com o sistema, que não consegue dar conta das demandas da população. E contra esse sistema, que prende, bate e arrebenta mutantes, está Scott Summers, aliado a uma contrariada Emma Frost, a um exaurido Magneto e a uma demoníaca Magia

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Os quatro mutantes rebeldes não estão sozinhos. Como já visto, Bendis inseriu alguns novos mutantes aos Fabulosos X-Men: Eva, mutante com capacidade de criar bolhas temporais paralisantes, Chirstopher, um curandeiro, Benjamin, um transmorfo com poderes similares ao de Mística. E, além desses, temos Fábio, com a capacidade de gerar esferas (ou algo do tipo). Todos eles, pegos no fogo cruzado entre mutantes e forças policiais, convocados por Ciclope para defender sua causa mutante. 

Mas, apesar dos novos mutantes, Bendis não se esquece dos veteranos. Ciclope é tratado da melhor maneira possível em anos. Se na frente de todos temos um inconteste e popular líder mutante, por de trás das cortinas temos uma pessoa que ainda carrega as marcas dos eventos de Vingadores Vs X-Men. O desespero de Emma Frost de não ter mais acesso a outras mentes, aliado ao fato de que agora pode exteriorizar seus pensamentos, é muito bem destacado nas histórias. Magneto é outro grande destaque. Se no primeiro número terminamos com a sensação de que estamos diante de um traidor recalcado, o final do terceiro número coloca em xeque tudo que passou. E a dúvida se instaura: A qual causa Magneto defende? E se achou Illyana um tanto apagada, espere os próximos números, nos quais a personagens terá um bom destaque.

Além dos personagens bem trabalhados, o roteiro está afiado, como Bendis mostrou no começo de “Novos Vingadores”. São cenas muito bem descritas, com as clássicas tiradas de humor que sempre estão presentes no roteiro do autor. Isso sem contar os inflamados discursos de Ciclope, conclamando todos a se unirem a ele. Outro ponto interessante é a reação popular e das autoridades, que, para variar, estão em lados opostos, mais uma vez. 

São tantos destaques apresentados nesses três primeiros números de Uncanny X-Men (publicados aqui em X-Men nºs 01,02 e 04) que fica difícil citar nominalmente cada um. Bendis está em um momento inspiradíssimo na revista. E mostra que os momentos e roteiristas passados não deixarão qualquer saudade. 

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(Momento fã: Os maiores heróis da Terra derrotados por uma mutante que descobriu seus poderes semana passada? AHHAHAHAHAHA. E aquele papo de “Nós temos um Hulk?” AHAHHAHAA. Os maiores derrotados da Terra, isso sim) 

Bachalo, famoso desenhista das histórias mutantes, carrega a polêmica de sempre: Ame-o ou Deixei-o. Não há meio termo com os seus traços. Particularmente, gosto do jeito que desenha os mutantes (apesar da estranheza com os novos uniformes e do Eric careca). E para mim, bem ou mal, é um desenhista que combina com os mutantes. Mas é de notório conhecimento que muitos não suportam o desenhista. A esses faço um apelo: Não deixem de ler a revista. É um dos melhores títulos da fase Marvel Now. É, sem dúvida, um dos melhores títulos dos Marvel da atualidade.  

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“Os Fabulosos X-Men”, de Bendis e Bachalo, é a melhor coisa surgida no universo mutante desde o fim de “Surpreendentes X-Men” de Whedom e Cassaday. E melhor de tudo é que isso é apenas o começo. E o final dessa primeira parte só mostra que a revolução de Scott Summer apenas começou. A Mim, meus X-Men, brada o líder da raça mutante. E que Bendis tenha vida longa no título, para que a revolução nunca termine. 

Rafael Felga 

ps: O título é uma referência ao filme “A Revolução Não Será Televisionada” e ao artigo “a Revolução Não Será Tuitada”

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