quarta-feira, 26 de março de 2014

Os Julgamentos de Loki: A sina de um vilão

Loki talvez seja o personagem mais intrigante da mitologia nórdica. O deus da trapaça, o causador do Ragnarök, o mentiroso, o trapaceiro, o embusteiro, dentre outros nomes não muito abonadores, mostram o quão o personagem é “amado” e temido pelos seus pares. Para aqueles que se debruçam sobre o tema, percebem que não se trata apenas de um vilão que personifica o mal. Loki é uma figura mais complexa. Um personagem que, nas mãos de um bom escritor, consegue superar, com folga, o seu irmão Thor.  

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Na minissérie “Os Julgamentos de Loki”, Roberto Aguirre-Sacasa e Sebastian Fiumara optam por mostrar importantes eventos que antecedem o Ragnarök, na visão do deus da mentira. O grande mote da minissérie é mostrar os motivos que levaram Loki a ser um dos principais agentes para a provocação do que é considerado o evento final dos deuses asgardianos. Seria inveja de seus irmãos asgardianos? Seria ganância em ascender como deus supremo? Ou simplesmente destino, de modo que para ele não haveria outra escolha?

Aguirre-Sacasa, se valendo dessas questões e fatos descritos na mitologia nórdica (a maioria deles descritos em poemas), cria um panorama interessante ao redor do deus da trapaça. Aguirre-Sacasa não o trata como simples vilão. Loki está muito longe da personificação do mal que muitos autores da Casa das Ideias gostam de retratar. O deus da trapaça é um personagem cheio de nuances e tais aspectos são abordados na presente minissérie.

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Mas todo o trabalho de Aguirre-Sacasa para minissérie estaria perdido se não houvesse um desenhista que captasse as nuances do personagem. Mas Sebastian Fiumara mostrou competência ímpar na presente minissérie. O seu traço casou muito bem com a narrativa desenvolvida por Aguirre-Sacasa. A cada momento, Loki adentra cada vez mais em sua obsessão em se tornar melhor que seu irmão Thor e isso reflete em sua postura e traços do personagem. Fiumara retratou muito bem esse aspecto, deixando sua versão do persnagem com características próprias, ainda que baseada totalmente no trabalho realizado de Olivier Coipel.

Mais uma vez, a Panini acertou no que diz respeito ao formato escolhido. A despeito dos poucos extras (um guia de referências sobre os fatos que a minissérie narra seria muito bem interessante), o lançamento em capa dura e papel de melhor qualidade que os mixes em geral mostram o acerto editorial do lançamento.

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Os Julgamentos de Loki” é trabalho de boa qualidade e merece ser lido. Excelente indicação não só para os leitores de quadrinhos, mas também para aqueles que querem um ponto de partida para conhecerem um pouco da rica mitologia nórdica.

Rafael Felga

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