quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Resenha 616 - Deadpool



E quem diria que após 16 anos produzindo filmes da Marvel e justamente no mês em que o Wade Wilson completa 25 anos, a Fox iria conseguir presentear os espectadores com um filme tão bom e fiel?

Isso mesmo caro leitor, você não leu errado. Deadpool é sem sombra de dúvidas a adaptação mais fiel que os Estúdios Fox já produziram com personagens da Marvel. O mérito é tanto que é possível considerar o mais fiel dos filmes com personagens da editora, independente do estúdio.

A história do longa, no geral, como era de se esperar, é uma origem. São pouco menos do que duas horas de origem, contadas de uma forma não linear e recheadas de piadas, metalinguagem e cenas de ação.


Somos apresentados ao Wade Wilson antes dele se tornar o Deadpool. Conhecemos a sua faceta mais humana. Nos divertimos com a sua vida louca, nos emocionamos com o seu diagnóstico de câncer terminal e nessa altura do filme, já estamos bem familiarizados com quem é o Deadpool.

Antes de falar de todo o aspecto cômico do filme, preciso destacar que a produção é competente em todos os momentos e tons que traz para a história. Os momentos românticos, mesmo de uma forma nada convencional, sabem ser fofos. As cenas de tortura, são realmente doentias. E isso tudo é feito sem perder o humor. Ryan Reynolds transborda simpatia o tempo inteiro.

Se Robert Downey Jr. nasceu para interpretar o Homem de Ferro e Hugh Jackman o Wolverine, Reynolds é o Deadpool dos pés a cabeça. O homem vestiu a camisa do personagem desde o início do projeto até agora. É um trabalho feito de corpo e alma.

A trama do filme é basicamente aquela que o trailer já havia entregado. Ele está com câncer, se submete a procedimentos misteriosos e acaba virando o Deadpool. Só que o processo de transformação foi bastante doloroso e a sua cara ficou desfigurada, então o Wade agora quer a sua vingança com quem o enganou.

O tempo todo é martelado na tecla de que ele não é um herói. E ele realmente não é. E talvez esse seja o maior mérito do filme. A estrutura (origem, mocinho, vilão) são os de um herói genérico, mas é a forma como a história é contada que faz toda a diferença.


Os personagens coadjuvantes todos possuem suas funções no filme. Vanessa (Morena Baccarin) funciona como o par romântico de Wade, nada além disso. Colossus (Stefan Kapicic), que poderia ter apenas uma participação especial, trouxe um outro tipo de alívio cômico para a trama e teve até que bastante tempo de tela.

Vale destacar que já é a terceira encarnação do mutante russo com pele de metal nos cinemas. E é a primeira vez que conseguem acertar a sua caracterização. Uma pessoa enorme, cheia de músculos, mas com um coração enorme. Acabou criando um ótimo paralelo com o Deadpool, que é quase o seu extremo oposto.


A Negassonic (Brianna Hildebrand), que na legenda aqui no Brasil virou a Míssil, também consegue roubar a cena nos poucos momentos em que aparece. O vilão Ajax (Ed Skrein), se por um lado é um cara genérico que toca um serviço no submundo do super-crime, conseguiu boas cenas enquanto torturava o Deadpool. É possível sentir ódio do vilão e pena do protagonista em determinados momentos.

Este definitivamente não é um filme para o Capitão América. O coitado ficaria perdido em meio a tantas referências. Praticamente cada fala, de cada personagem, remete a alguma coisa ou alguém. São piadas, muito bem pensadas, o tempo inteiro.

A tão esperada ruptura da quarta parede é feita com uma competência impar. A metalinguagem também está bastante presente. Existem citações contantes à concorrência e até mesmo sobre a própria franquia mutante.

Em determinada cena, Deadpool vai até o Instituto Xavier conversar com o Colossus e o próprio mercenário constata que o fato de apenas o russo e a Míssil estarem ali no momento é porque o filme não tinha orçamento para contratar o restante dos X-Men.

Em outro momento, ao mencionarem o Professor Xavier, Wade questiona se estão falando sobre o Patrick Stewart ou do James MacAvoy (os dois intérpretes do personagem no cinema). Vou deixar para que vocês identifiquem as demais referências, mas se preparem para uma enxurrada de imagens do Hugh Jackman.


Deadpool realmente conseguiu sua versão definitiva nos cinemas. Não acredito que outro estúdio teria feito um trabalho tão bom com personagem. A liberdade do diretor estreante Tim Miller para tirar sarro literalmente de tudo, foi um dos maiores acertos.

A presença do Colossus e da Míssil, junto do Instituto Xavier e as citações aos X-Men, abre a possibilidade para que o Deadpool seja o primeiro degrau de um novo universo compartilhado dos mutantes nas mãos da Fox.

A cena pós-crédito, que anuncia a presença do (SPOILER) Cable (SPOILER), reforça essa ideia. Fica agora a esperança que o segundo filme do mercenário tagarela mantenha a qualidade e a fidelidade. E com sorte, os próximos filmes do estúdio também seguirão essa tendência.

Assisti ao filme junto com o pessoal do Canal Side Quest e gravei com eles um vídeo com as minhas impressões logo que o filme acabou. Confira ai a minha euforia:



Deadpool estreia nos cinemas brasileiros nessa quinta-feira e possui classificação indicativa para maiores de 16 anos. E essa classificação é séria, não levem crianças para assistir o filme. Tem polêmicas cenas de sexo e MUITO sangue.

PS: Tem cena pós-crédito. E ela é importante e engraçada.

Kinhu Heck

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