quinta-feira, 5 de julho de 2018

Resenha 616: Homem-Formiga e a Vespa



Nesta quinta-feira, o filme do Homem-Formiga e a Vespa chega aos cinemas e para quem ainda estava um pouco chocado com os últimos acontecimentos daquele outro filme da Marvel, essa nova aventura com os MENORES heróis da Terra surge como um bom alívio descontraído. É um ótimo filme sobre família para toda a família. E claro, com todas as boas doses de ação que todo filme de super-herói deve ter juntamente com aquele tempero divertido que só a Marvel Studios pode oferecer.

Apesar de toda a ligação e a referência que este novo filme se vê obrigado a fazer para ser inserido no grande contexto do Universo Cinematográfico da Marvel, é uma aventura bem autocontida. A cena de abertura explora muito bem o que é necessário saber sobre o primeiro filme do Homem-Formiga e mais tarde será algo bem usado na trama. Já as consequências para Scott Lang depois de seu descuido ao ajudar o Cap (é como o Capitão é chamado para os amigos íntimos) durante a Guerra Civil é algo considerado durante toda a trama e repercute intensamente na relação do personagem com seus antigos parceiros, Hank e Hope. Os dois por anos guardaram sobre sigilo a tecnologia de minituarização e bastou um dia para Lang se exibir de forma gigante para as câmeras de segurança do aeroporto de Berlim para por tudo a perder. A Família Pym agora são fugitivos de acordo com o Acordo de Sokovia.



Nesses últimos dois anos,  Scott Lang decidiu abandonar a vida heroica, se desfazer do traje e entregar-se as autoridades em troca de ter mais tempo com sua filha. Está bem no meio de uma prisão domiciliar e prestes a conquistar a condicional. O tempo em excesso que tem em casa é cheio de tempo livre pra ter todo o final de semana com sua filha e aprender futilidades (ou não) na TV ou internet. Isso até ter um contato inesperado e se ver obrigado mais uma vez a se reunir com Hope e Hank. É quando toda a aventura começa pra valer. O filme daqui pra frente tem uma ar diferente do primeiro. Se o primeiro Homem-Formiga era um filme de assalto, este novo se inspira naqueles de perseguição e corrida contra o tempo, onde não só os heróis como os seus oponentes tem urgência para realizar seus objetivos.


Homem-Formiga agora é um filme com dois protagonistas no título, mas Paul Rudd dá um passo atrás para dar muito mais espaço pra sua companheira, Hope Van Dyne. Como vimos no final do primeiro filme, ela finalmente herdou o uniforme da Vespa e vem sendo treinada pelo seu pai para tomar com excelência o posto de heroína agora que Scott “traiu” os dois. Evangeline Lilly é pura emoção quando está em tela. Não só a personagem parecia ansiosa por aquele momento, a atriz tem brilho nos olhos nas cenas de ação e rapidamente você se convence de suas capacidades e motivações. Enfim, ela te conquista e descaradamente toma o posto de MAIOR protagonista do filme. Ouso dizer que, independente do sucesso do filme da Capitã Marvel em 2019, a Marvel Studios já tem a sua grande heroína no UCM.



O destaque de Evangelina Lilly, no entanto, não obscurece a participação de Paul Rudd. O ator apenas ocupa o outro lado da moeda desta parceria, onde carrega com maestria boa parte das cenas de comédia. Assim como Robert Downey Jr, Paul Rudd tem um senso de humor de improviso altíssimo, porém ao invés de seguir o perfil mais sarcástico e um tanto pedante do colega vingador, ele se joga no que sempre fez em seus sitcons, sendo bobo, atrapalhado e ainda assim bastante carismático. Posso estar exagerando aqui, mas acho que muitas vezes Paul Rudd é subestimado e acredito que numa eventual saída de Robert Downey Jr da franquia, ele ocupe muito bem – e do seu jeito – o mesmo lugar nos Vingadores e no UCM.

O personagem de Scott Lang também tem o papel importante aqui de trazer para o núcleo da história toda a ala de coadjuvantes que são ligadas a ele. A ligação dele com a Cassie é uma das coisas mais legais da história, e é importante para pontuar que a franquia do Homem-Formiga e a Vespa é acima de tudo o filme mais família da Marvel. A atriz Abby Ryder Forston volta ao papel da filha, agora mais crescida e com um timing impressionante pra comédia. Ela, por si só, rende excelentes piadas mesmo quando Rudd está fora de tela. Já Judy Greer e Bobby Cannavale também retornam, mas em participações menores em seus papéis, mas finalmente em “paz” com o novo status quo de Scott. Esse círculo de personagens se fecha com o Agente Jimmy Woo (Randall Park) que é responsável por manter Scott na linha e seguir as regras da sua prisão domiciliar.


Então, temos Michel Peña como Luis, um dos favoritos do primeiro filme e que mais uma vez justifica neste novo porque ele é o preferido dos fãs. Seria muito digno se num terceiro filme da franquia tivéssemos o título “Homem-Formiga, Vespa e Luis”. Agora como um dos sócios de uma empresa de serviços de segurança chamada X-Con, nosso falante personagem não hesita em entrar na ação quando é preciso. Sua maior arma continua sendo a boca, mas quem viu um pouquinho dos trailers já sabe que Luis está numa das cenas mais elaboradas do filme numa perseguição de carros nas ruas de São Francisco e até sonha em ter um uniforme de herói (mesmo sem poderes). O rapper T.I volta como Dave e o comediante Dastmalchian retorna como Kurt. Ambos são sócios (assim como Scott) da X-Con, tem menos tempo de tela, mas com sua reserva de boas piadas. Dastmalchian, por sinal, tem uma das minhas preferidas do filme todo.

O personagem de Lawrence Fishburne já faz parte do núcleo de coadjuvante ligados a Hank Pym. Assim como nos quadrinhos, Bill Foster era envolvido com o Homem-Formiga original, mas aqui os dois meio que ocupam mais a posição de competidores científicos do que colegas de fato. Foi uma boa sacada do diretor Peyton Reed trazer essa versão já mais com certa idade do personagem para encorpar melhor o passado que deve ser muito rico e cheio de coisas a explorar do Hank Pym. O maior lamento aqui é que eu esperava mais cenas com Fishburne, mas talvez isso fique guardado para o futuro.


Não é segredo que Hannah John-Kamen é a principal antagonista deste filme como a Fantasma. Sua história é bem mais ligada a família Pym do que imaginávamos e seus poderes que funcionam de forma bem diferente dos heróis (apesar de ligados também ao universo quântico) dá um outro tom as lutas e aos perigos que ela pode oferecer. Muitas vezes os diretores definiram que a sua personagem não chega a ser uma vilã de fato, e vendo o filme dá muito bem pra entender porque disseram isso. O passado dela, apesar de diferente dos quadrinhos, revela ligações com um clássico vilão dos gibis, mas não da maneira como você pode especular. Já Sonny Burch (Walton Goggins) e seus capangas ficam como antagonistas secundários, que vão dar problemas, mas também arrancar risadas.

E quem ficou faltando para eu falar aqui foi da Michelle Pfeiffer, mas é algo que qualquer detalhe a mais corre o risco de entregar demais a trama. A busca por Janet Van Dyne é a força motriz deste filme e direta ou indiretamente envolve todos os personagens citados até aqui. A viagem ao Reino Quântico é certamente uma das coisas mais fantásticas do filme, ainda mais exuberante e cheia de detalhes do que vimos no primeiro filme. É talvez cedo para afirmar isso, mas cada vez mais me parece algo visualmente próximo ao que nos deparamos no filme do Doutor Estranho. E, posso estar vendo demais, pode ser que naquele novo e microscópico lugar tenhamos pistas até para Vingadores 4, mas deixemos para especular isso num próximo podcast.



Em resumo, o filme do Homem-Formiga e a Vespa é uma ótima continuação, está para o primeiro Homem-Formiga assim como o Volume 2 está para o primeiro Guardiões da Galáxia. Faz suas referências ao primeiro filme na dosagem correta para não ficar repetitivo e vem com novas e diferentes situações para entreter os espectadores. Se há um ponto fraco neste filme é a previsibilidade da trama principal, que com um pouquinho de trailers e comerciais de tv visto a mais antes do filme já pode entregar alguns pontos cruciais do filme e suas eventuais “surpresas”.  Isso, no entanto, não estraga de jeito nenhum a história. Homem-Formiga e a Vespa não é um filme para se assistir esperando grandes plot twists, mas sim para rir com uma comédia leve e inocente ao mesmo tempo que se deslumbrar com a magnitude dos efeitos especiais.

Ah, e temos as duas cenas pós-creditos. Ela vai ter o que muitos pediram por aí... e talvez fazer mais do que muitos gostariam. Mas valem muito a pena.

Coveiro

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