terça-feira, 29 de abril de 2008

Morre Uma Lenda: Seguindo em Frente


Fallen Son: The Death of Captain America #5

Na segunda e última edição de Capitão América: Morre Uma Lenda, acompanhamos as últimas três partes da história contando de que forma a morte de Steve Rogers foi recebida por aqueles que lhes eram mais próximos nos últimos tempos. Como falamos anteriormente, o roteirista Jeph Loeb se baseou nos Cinco Estágios do Luto, teoria desenvolvida pela psiquiatra suíça Elisabeth Kübler-Ross, em cada um dos capítulos. Após a raiva, portanto, vem a negociação, ou Barganha, com ilustrações do grande John Romita Jr.

Essa história começa com Clint Barton, o Gavião Arqueiro, recentemente retornado ao “mundo dos vivos”. Após o assassinato de Steve, Clint vai até a mansão dos Vingadores e chama atenção até a chegada de Tony Stark, que, trajado como Homem de Ferro, não acredita completamente no que vê. Por isso nocauteia o antigo vingador, certificando-se de sua legitimidade no Aerporta-Aviões da SHIELD.

Capitão América: Morre Uma Lenda

Em seguida, Clint cobra de Tony quais providências estão sendo tomadas com relação à morte do Capitão. Stark tenta se esquivar da pergunta, levando Barton ao verdadeiro escudo deixado por Rogers, dizendo que ele não será colocado nem em exposição, nem será enterrado com seu antigo portador. A intenção do diretor da SHIELD é dar continuidade ao legado do Capitão América. Os dois vão para o lado de fora do aroporta-aviões, onde Clint manuseia com extrema perícia o escudo que incapacitou setenta e três agentes da SHIELD (fora quatro mortos) que tentaram o mesmo.

A proposta é clara. Stark quer que o Gavião Arqueiro se torne o novo Capitão América, lembrando-o que era um dos poucos que batiam de frente com Steve. Mas Clint é enfático, dizendo que não há Capitão América sem Steve Rogers. Tony parece deixá-lo pensando na proposta, e o chama para um problema que acabara de surgir.

Capitão América: Morre Uma Lenda

Perto dali, a Gaviã Arqueira e o Patriota – que na edição passada saíram em patrulha mesmo contra a vontade de Luke Cage, demonstrando como até agora todas as histórias são quase simultâneas – enfrentam Inferno, um bandido de meia-tijela, que é facilmente capturado. Mas o que chama atenção de Clint, vendo que seu nome está sendo usado por Kate, que demonstra grande habilidade com o arco.

O Homem de Ferro tenta prender os dois, que conseguem escapar com o uso de uma flecha emissora de pulsos eletromagnéticos. Em seguida ambos são abordados por Clint, trajado de Capitão América, causando uma reação negativa dos dois. Especialmente interessado em Kate, Barton ouve dos dois o que precisava para recusar a oferta de Tony. Eli e Kate falam que eles não querem ser cópias dos heróis, mas homenageá-los e honrá-los, esclarecendo inclusive que o nome Gaviã Arqueira foi sugerido pelo próprio Steve.

Capitão América: Morre Uma Lenda

O retorno de Tony é barrado por Clint, e os garotos fogem. Recusando a oferta, o Gavião Arqueiro diz que a preocupação de Stark não é manter o nome do Capitão América vivo, mas de alguma forma compensar a perda colocando outro em seu lugar. Rechaçando a lei de registro, Clint parte, sob ameaças de Tony, que afirma que caso ele procure os heróis anti-registro, será caçado como os dois. E o Homem de ferro acaba sozinho com o escudo em suas mãos.

Capitão América: Morre Uma Lenda

A quarta parte, com arte de David Finch, trata da Depressão. E, convenhamos, é de deprimir o leitor. Que história horrorosa. O Homem-Aranha, não feliz com o chilique dado no segundo capítulo, vai até o cemitério em que está enterrado seu tio Ben e paga mais um vexame. Culpando-se por todos os entes queridos que morreram (incluindo no bolo Steve Rogers), acaba aumentando a cagada agredindo o Rino, que estava no mesmo cemitério visitando o túmulo da mãe, cuja lápide acaba quebrada. Apanhando do adversário clássico, Peter se lembra de quando foi ajudado pelo Capitão América contra o Hulk, traçando um estranho paralelo com esse confronto.

Capitão América: Morre Uma Lenda

De longe, Wolverine acompanhava tudo, e com um argumento esdrúxulo que até o chiliquento Peter desmascara na hora, insiste até convencer o Aranha que a dor da perda de alguém querido nunca some, mas que apenas você se acostuma com ela com o passar do tempo. O Homem-Aranha vai embora, e, ainda bem, a choradeira acaba.

A história derradeira, da Aceitação, acaba sendo a mais significativa de toda a série, apresentada com arte de John Cassaday. Em um evento digno de um alto chefe de Estado – ou talvez mais solene do que qualquer um que tenha havido – centenas de pessoas comparecem ao enterro do Capitão América, em Washington DC, no memorial construído especialmente para a ocasião. Depois de ter seu caixão carregado pelo Coisa, Pantera Negra, Rick Jones, Ms. Marvel, Falcão e Homem de Ferro, começa a solenidade.

Tony não consegue falar. Balbucia apenas que isso não deveria ter acontecido. Em seu lugar, Sam Wilson, o Falcão, assume as honras. Em um discurso simples, e obviamente recheado de todo o patriotismo norte-americano que envolve a própria mitologia do Capitão América, Sam consegue demonstrar como todos ali presentes, de alguma forma, tinham uma relação com Steve Rogers. Em geral de dívida por seus atos heróicos ocorridos ao longo dos anos.

Capitão América: Morre Uma Lenda

Um a um, todos vão se levantando por diversos motivos. Sam não deixa de lembrar de Namor, ausente da cerimônia por motivos diplomáticos, e do dia em que o Capitão voltou à vida, após se encontrado congelado no Ártico. Episódio esse nunca esquecido por Tony Stark. Wilson paga tributo até mesmo aos heróis que, mantendo a posição de Steve na Guerra Civil, permanecem distantes do funeral por razões de segurança. Os Novos Vingadores, longe dali, lamentam o fato de essa ser a melhor decisão. E de forma quase épica, tudo acaba.

Capitão América: Morre Uma Lenda

Porém, um segredo se esconde por trás de tudo que ocorreu em Washington. O funeral foi legítimo, mas o enterro não. Stark, junto de Henry Pym e Janet van Dyne (Jaqueta Amarela e Vespa), remanescentes da primeira equipe dos Vingadores, voltam ao local em que Steve foi encontrado em um bloco de gelo anos atrás. Tentando expressar a falta que Steve faz, Tony faz um pequeno e emocionado discurso, reconhecendo a importância da liderança e amizade que seu falecido amigo representava.

É nesse momento que das águas geladas surge Namor. Ali a pedido de Tony, mas em respeito ao Capitão América, o príncipe Submarino leva o caixão com o verdadeiro corpo de Steve Rogers para o fundo do mar. Garantindo que enquanto comandar os mares, seu descanso não será perturbado, ele e o caixão afundam, ao mesmo tempo em que, finalmente aceitando o ocorrido, Tony observa de forma compenetrada aqueles últimos momentos.

Capitão América: Morre Uma Lenda

De uma forma geral a mini-série é fraca, como boa parte dos últimos trabalhos de Jeph Loeb. O que é uma pena, já que a própria idéia dos cinco estágios de luto é interessante, mas muito mal executada. Em minha opinião, e acredito até estar sendo benevolente, uma vez que li e escutei comentários muito negativos daqueles que a leram, salvam-se o terceiro e quinto capítulos, apesar de a esse último faltarem diálogos mais bem elaborados para atingir a carga dramática necessária. Não desgosto do primeiro capítulo, apesar de reconhecer que é dispensável. Já o segundo e o quarto são uma grande porcaria, sem tirar nem pôr, com momentos literalmente bizarros. Por causa disso acredito que muitos lamentaram que uma história tão importante acabou produzindo algo, no máximo, mediano.


« Jøåø »

PS.: Também não entendi como na parte três o Homem de Ferro queria prender Gaviã Arqueira e Patrita, e na parte cinco eles estão tranquilamente no funeral do Capitão.

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