segunda-feira, 14 de abril de 2008

Era uma vez no Oeste...

No filme Motoqueiro Fantasma vimos, além do personagem-título, um outro tão interessante quanto. Tratava-se de um "motoqueiro" que não utilizava uma motocicleta, mas um cavalo. Exatamente, graças às complexidades da tradução, o nome ficou muito estranho. Mas quem seria esse personagem nas HQs? A resposta começa em Marvel Max nº56, onde um personagem semelhante surge, na mini-série Cavaleiro Fantasma.

Cavaleiro Fantasma

Tudo começa em um dos mais terríveis momentos da história americana: a Guerra Civil ou Guerra da Secessão. Acompanhamos o tenente da Confederação, Travis Parham, liderando seus homens contra o exército da União. O que se vê nas página seguintes é um verdadeiro massacre, sofrido pelos confederados.

Cavaleiro Fantasma

E o que seria tudo isso? Bem, não vamos nos alongar muito nesse assunto aqui, mas o que a maioria conhece é que o país se dividiu em dois na questão da escravidão, formando os Estados Unidos da América (a chamada "União, no Norte, que aboliu a escravidão) e os Estados Conferados da América (Confederação, no Sul, pró-escravatura).

Só que, como toda guerra, a questão não era tão preto no branco assim. O Norte era industrializado, com um estilo de vida diferente, vivenciava um período de expansão econômica, por causa do desenvolvimento industrial, proteção do mercado interno e à mão de obra livre e assalariada. O Sul, no entanto, era latifundiário aristocrata, dependia da exportação de produtos agropecuários, este fundamentado no trabalho escravo. Essa cisma foi considerada o principal motivo da guerra.

A União, que acabou vencendo, possuia armamentos muito mais modernos, diferente da Confederação, que era latifundiária e pouco ligada à industrialização. Essa discrepância aparece na própria história, pois os homens de Parham são massacrados por modernos armamentos.

Cavaleiro Fantasma

Durante a batalha, que parece cada vez mais perdida, Parham começa a demonstrar medo e hesitação, até que encontra John Appleby, um de seus comandados mortalmente ferido, mas ainda vivo. O tenente tenta salvar o homem, mas este clama que seu superior atire nele e poupe-o do sofrimento. Parham não consegue atirar, mas tiros de canhão encerram essa questão e também a batalha, com o tenente caído entre os mortos.

Mais tarde, um homem aparece no local da batalha, pegando objetos de valor nos cadáveres. Este, que apresenta-se como Caleb, encontra Travis ainda vivo e decide salvá-lo. O tenente só consegue perguntar quem venceu a batalha, mas um vislumbre do campo de batalha responde essa questão, em uma guerra nunca há vencedores.

Cavaleiro Fantasma

Travis só acorda depois de quatro dias, tendo sido cuidado esse tempo por Caleb e sua família. O tenete começa a dar ordens ao filho de Caleb, mas este já deixa claro para Travis que ali todos são iguais, sem superiores ou inferiores. O tenente não entende porque foi salvo, uma vez que ele enfrentava aqueles que pretendem acabar com a escravidão. Caleb diz ser um homem livre, pois comprou sua alforria há dez anos, e que o salvou porque Travis é um ser humano.

Agora era o momento de se curar e pagar a conta com trabalho, exatamente o que Travis fez. E ele continua trabalhando para Caleb, mesmo quando este diz que a dívida está paga há um mês. Parham conclui que a guerra é uma arapuca, onde os homens entram por vontade própria, decidindo ficar por não ter um lar para voltar.

Enquanto trabalhava, Travis vê um estranho brilho na floresta, ao se aproximar, encontra crânios iluminados por fogo e, ao tocar em um, vê diante de si uma demoníaca aparição.

Cavaleiro Fantasma

Caleb o desperta, explicando que aqueles crânios são do seu pai, avô e bisavô. Segundo seus costumes, os mortos cuidam dos vivos e os pais ficam com as famílias que criaram. Diz que trouxeram seus deuses de lá e, aquele que Travis viu, não possui um nome, fala com os vivos por meio dos mortos, sobre assuntos inacabados e que precisam ser passados a limpo. Quando questionado se isso era vingança, Caleb acabou encerrando o assunto.

Por fim, a guerra terminou. Com essa notícia, Travis devide partir e ir rumo ao oeste onde, segundo ele, estaria muita fortuna a ser feita. Caleb o lembra de suas próprias palavras, quando disse que a guerra era uma arapuca. A grande questão era: quem armou a arapuca?

Caleb fala como a indústria de armas ganha com a guerra, que essa ida ao oeste só resultará em matança por território, porém quem vai ficar com os espólios de guerra não lutará um dia sequer. Engraçado como esse texto é atual, não?

Mesmo refletindo sobre as palavras de Caleb, Travis decide partir rumo ao oeste. Só que ele quer que Caleb e sua família o acompanhem, assim que ele se estabelecer, pois não gosta da família onde estão, pois não parece um lugar cristão. Caleb apenas ri, dizendo para o ex-tenente observar o que acontecerá com os índios, pois aí sim verá algo que não é cristão.

Travis Parham então parte, sendo acompanhado por um sinistro grupo que parece ser um mau presságio.

Cavaleiro Fantasma

Assim termina a 1ª parte dessa mini-série em seis edições. Com Garth Ennis nos roteiros e Clayton Crain na arte, essa promete um salto de qualidade na Marvel Max.

Eddie

P.S. agradecimentos ao « Jøåø » pela consultoria nos fatos históricos, título do artigo baseado em um filme western spaghetti de Charles Bronson

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