sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Ultimate Homem-Aranha: Porque todos merecem uma segunda chance

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A nova era chegou. Após um declínio progressivo na própria qualidade de suas histórias e decisões editoriais, o universo Millennium entrou em colapso, e a saga Ultimatum representou seu apocalipse, com os eventos cataclísmicos contados e o cancelamento de suas séries. Depois do fim da nossa antiga revista mensal, o especial Réquiem nos situou na realidade pós-trágica daquele mundo. E agora, o renascimento. Ressurgindo por aqui com a nova revista mensal Ultimate Marvel, os principais heróis do Ultiverso voltam às mãos de seus principais criadores, numa tentativa editorial de literalmente salvá-los de tantas histórias no mínimo duvidosas.

Uma exceção nessa cena que pintei é justamente nosso herói da vez, que mesmo não sendo unanimidade, sempre teve certa estabilidade na qualidade de suas histórias, que nunca saíram das mãos de seu criador, Brian Micheal Bendis. E é justamente ele, o “pai” da versão Ultimate do escalador de paredes que dá o pontapé inicial na nova fase do universo, com uma nova história do nosso super-herói adolescente favorito.

Seu nome é Peter Parker, ele é o Homem-Aranha. Um moleque de 16 anos que balança pela cidade numa teia que ele mesmo inventou, já conheceu ícones heróicos e enfrentou vilões e criaturas perigosíssimas. Já ajudou a salvar o mundo. E agora, ele tem uma pergunta: “Fritas para acompanhar?”

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Trata-se de um típico dia no novo emprego de Peter, numa lanchonete fast-food, onde podemos vê-lo ser advertido pelo chefe após uma reação exagerada de uma cliente e por não usar um boné obrigatório. Ele não parece muito feliz com isso.

Após essa cena, temos uma típica página de “anteriormente” que conta os acontecimentos recentes mais importantes para a compreensão da história. Ela fala sobre como Magneto inundou Nova York com um tsunami e muitos dos maiores heróis do planeta perderam suas vidas durante a crise. Pensou-se, inclusive, que nosso herói aracnídeo fosse uma das vítimas fatais. O que levou J. Jonah Jameson, depois de testemunhar o que acreditou ser o último dia do Homem-Aranha, a escrever um artigo magnífico sobre seu heroísmo ímpar como obituário...

A história prossegue, com uma reportagem de Mary Jane Watson pro jornal da escola falando sobre o dia corrente. Depois de seis meses passados desde a tragédia que assolou a cidade, Nova York finalmente retoma suas atividades, neste que foi declarado pelo presidente o Dia da Vida, comemoração que inclui folgas escolares.

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Mais tarde, em algum ponto da cidade, uma loja de conveniências é assaltada por um bando de bandidos de rua. Mas sua alegria dura pouco, com a chegada do... bom, quem é ele ainda não sabemos, mas esse personagem misterioso de manto vermelho e rosto coberto frustra com facilidade a ação dos criminosos, demonstrando grande força física. Durante a ação, ele chama seus oponentes de idiotas, e pergunta se, depois de tanta tragédia, o melhor que eles podem fazer é aquilo, mantendo um tom de quem quer ensinar algo aos meliantes, de forma não muito sutil.

Ao fim do confronto, o Homem-Aranha chega, apenas para contemplar a cena, sem chegar a encontrar nosso salvador desconhecido. Quem chega logo depois dele é uma dupla de policiais que, em vez de culpá-lo e persegui-lo como de costume, se admira com o que consideram a honra de conhecer o Homem-Aranha e o parabenizam por todo o seu heroísmo. De longe, nosso justiceiro misterioso observa. Ainda não há pistas sobre sua identidade, mas eu chutaria uma versão Ultimate do Capuz, que é um personagem bastante presente nas histórias de Bendis no universo 616. Mas enfim, isso é pura especulação minha. Voltemos a nossa história.

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Nosso herói chega em casa, no Queens, e é surpreendido em seu quarto por Gwen Stacy, que diz que não estava ali só lhe esperando, mas estudando, por gostar do lugar. Ele conta que sua rotina continua assustadora, com a polícia e o povo o aclamando como grande herói. Ela brinca sobre ter pena da situação e os dois se beijam. Isso mesmo, Gwen Stacy é a atual namorada de Peter Parker. Tia May não aprova certas manifestações de afeição em sua casa, e mesmo sem saber da presença do sobrinho, grita da cozinha, perguntando se ele chegou.

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O casal desce e ele diz que acaba de chegar. May avisa que Kitty Pryde telefonou e Gwen demonstra certo ciúme, mas Peter explica que a menina não é mais apaixonada por ele, pedindo para que a namorada pegue leve, pois ela já passou por muita coisa. A verdade é que todos eles passaram, ele admite, mas afirma que é bom que todos sejam amigos. Nisso, a campainha toca, e outro dos incríveis amigos do Homem-Aranha aparece na porta: ninguém menos que Johnny Storm, o Tocha Humana!

Peter fica feliz em vê-lo bem, depois de tantos meses, e pergunta onde ele esteve. Meio desorientado, Johnny conta que não dorme há dias e precisava de um lugar para mudar essa situação. Mas antes que possa falar muito, desmaia de cansaço nos braços do nosso herói.

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Mais tarde naquela noite, em outra parte da cidade, dois funcionários discutem o retorno do Rei do Crime. Sim, Wilson Fisk está de volta ao país. Após o caos causado por Magneto, os arquivos de seus crimes foram destruídos e, pagando propina às pessoas certas, ele está de volta. O Rei interrompe a conversa dos dois com sua chegada, adentra sua sala e apenas diz que quer ficar sozinho. Quem o interrompe, após alguns momentos, é outra pessoa. Alguém que se declara um fã, mas afirma que o Rei retornou em um mau momento.

Com rajadas de energia saídas das mãos, o homem atira Wilson Fisk pela janela, numa queda fatal, e diz consigo mesmo que aquilo ficará ótimo em seu currículo. Trata-se de Mystério e, assim, a primeira parte da história se encerra.

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Em Ultimate Marvel 2, tudo continua, com May Parker perguntando ao sobrinho sobre Johnny, enquanto ele dorme, espantada por sua pouca idade. Peter diz estar satisfeito em vê-lo vivo, pois houve rumores, e conta que não sabe se algum dos pais do garoto ainda vive, o que leva May a deixá-lo dormir lá.

Em outro lugar, Mystério grava um vídeo, falando que a morte do Rei do Crime foi seu presente para a cidade de Nova York, pois ninguém precisa ou merece aturar mais ele. O homem conta que já foi como Fisk, quis pegar uma fatia do bolo. Mas depois de ver o mundo se partir em dois, ele percebeu que não quer mais uma fatia, mas o bolo inteiro. E o melhor é que ninguém saberá quem ele é ou de onde veio. Foi chamado pela mídia de Mystério, e gostou do nome a ponto de adotá-lo.

Ele fala que toda autoridade é corrupta, religião é apenas manipulação e a conspiração é real. Ninguém será punido após a morte e ele vai pegar o que é dele. Concluindo, fala que todos deveriam fazer o mesmo, e duvida que farão, por serem covardes. Fala para quem discordar dele tentar impedi-lo, pois respeita isso. E só o diz para que ouçam de sua própria boca: vai tomar o que é dele, e o bando de covardes da sociedade merece o que vem a seguir.

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Na próxima cena, nosso herói se encontra nadando em um cenário típico da saga Ultimatum e se depara com um cemitério aquático de super-heróis. Ele acorda espantado, e diz pra si mesmo que não é hora de enlouquecer. Não mais ainda, ao menos.

Dia seguinte, refeitório do Colégio Midtown. Kitty Pryde é vitima de valentões e obrigada a usar seus poderes para esquivar da comida que jogam nela. Quem vem em sua defesa é Kong, com um surpreendente visual punk, que discute com Flash Thompson – um dos valentões em questão -, contra seus argumentos anti-mutantes. O novo diretor do lugar interrompe a briga, acompanhado de dois policiais (!), e manda todos os envolvidos para a detenção. O que inclui Kitty, já que agora é proibido usar poderes mutantes na escola. Esse tipo de reação contra os Homo superior são claramente consequência à culpa de Magneto pela onde do Ultimatum.

Já irritada com a injustiça, já que só havia usado os poderes passivamente, Pryde se irrita ainda mais quando percebe que Mary Jane filmou toda a cena para o jornal. A ruiva explica que não o fez para humilhá-la, apenas para reportar a chegada da histeria anti-mutante à escola. Mas Kitty ordena que ela não publique o vídeo e, quando vê que MJ não concordará, destrói a câmera com seus poderes. Ao sair, ainda provoca menina, dizendo que ela não tem mais namorado. MJ apenas fala consigo mesma que é este o mesmo caso de Pryde.

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No telhado do colégio, nosso casal protagonista se reúne mais uma vez, almoçando longe do refeitório. Gwen considera a hora do almoço como o inferno na terra, nos dias atuais, com seu clima de prisão. Peter conta que o número de alunos quase dobrou depois da tragédia em Nova York, os dois comentam que Johnny Storm continuava dormindo no sofá até a hora que saíram de casa e nosso herói fala do quanto não gosta de seu emprego atual, já que o extinto Clarim Diário era um jornal enorme de onde ele podia entrar e sair sem sequer ser percebido.

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Eis que eles ouvem explosões na cidade e Gwen se oferece para cobri-lo no laboratório enquanto vai checar. Ele logo encontra o lugar, uma joalheria que está sendo assaltada por uma interessante dupla de vilãs. A auto-intitulada Dupla do Barulho é formada por mãe e filha com poderes explosivos. Sabemos que a filha se chama Lori e tem um linguajar nada educado, que rende diálogos bem divertidos, ao longo da história. Uma espécie de versão trash super-vilã das Gilmore Girls (segundo eu mesmo, haha).

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O poder de fogo das duas é grande e elas rendem uma excelente sequência de ação e perseguição, durante a qual a mãe ordena à filha que devem fugir e não estão ali para enfrentar o Homem-Aranha. A jovem acaba concordando, mas nosso herói consegue transpor os obstáculos e derrotá-las, ao distanciar as duas e, sem nem mesmo saber a princípio, anular seus poderes, que só funcionam quando estão próximas. Os policiais presentes também parabenizam e glorificam o Aranha, e ele diz que precisa ir, confessando em monólogo que preferia quando eles o odiavam.

A cena volta para a casa dos Parker, onde o Tocha Humana finalmente acorda. May se apresenta e diz que Peter está na escola, sendo que a questão agora é: onde ele, Johnny, esteve? O que aconteceu com ele?

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Pelas respostas, teremos que esperar, porque a história termina aqui.

E assim começou a nova fase. Para o Homem-Aranha, o que muda é o momento de sua vida e seu mundo, as histórias ganham um “frescor”, sendo inclusive que existem seis meses de acontecimentos que não conhecemos que podem ser explorados – ou não. A qualidade, que nunca foi para muito longe do título, volta com tudo, num início de fase muito bom de se ler, contendo todos os principais elementos que fazem dessa uma série tão boa. A novidade na equipe criativa é a arte de David Lafuente, que combinou perfeitamente com estilo e trouxe caracterizações visuais bastante interessantes.

É isso aí, o novo mundo chegou. Até o mês que vem!

Léo

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