domingo, 18 de maio de 2014

Resenha 616 - "X-Men: Dias de um Futuro Esquecido"

Desde o dia 12 de maio, a Fox vem fazendo premiers de lançamentos do filme “X-Men: Dias de um Futuro Esquecido” pelo mundo a fora. Dia 15 de maio foi a vez de São Paulo, como vocês viram aqui. Mas, além de toda badalação com os atores James McAvoy e Patrck Stwart presentes, a grande atração em si era o novo filme da franquia mutante e o Marvel616 foi conferir antecipadamente esse lançamento pra contar suas impressões pra vocês.

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No ano 2000, a Fox lançou o primeiro filme da franquia e abriu as portas para uma enxurrada de filmes de HQs daí em diante. Houve a primeira trilogia, os filmes solos do Wolverine e o início de uma nova fase (ou nem tanto como vamos comentar) com “X-Men First Class”, em 2011.  Desde o primeiro X-Men, 14 anos atrás, os filmes do gênero evoluíram muito e os fãs começaram a exigir mais e mais da categoria. A franquia X-Men passou a ter muitas críticas em relação a roteiro e falta de cronologia, além de se distanciar razoavelmente das histórias das HQs. Com a emergência dos filmes da Marvel Studios, que criaram um universo coeso e elevaram o nível do gênero para o alto, a Fox se viu obrigada a evoluir. E viva a concorrência, pois ela fez com que a Fox conseguisse dar seu passo além.

O novo filme da franquia, “Dias de um Futuro Esquecido”, trouxe de volta a Fox a um patamar mais alto nos filmes de quadrinhos. Claro, não é um filme isento de falhas (algum é?) e sei que ainda existirão muitos fãs que encontrarão motivos para não concordar comigo, mas a maioria irá concordar que houve uma evolução muito grande. Uma evolução principalmente em dois quesitos: efeitos e cronologia. Se os efeitos especiais foi uma das maiores reclamações sobre First Class, o filme deste ano não deixa nem um pouco a desejar. Efeitos especiais de primeira linha, nas cenas de ação, nos (sensacionais) Sentinelas e seus poderes, nos poderes dos mutantes em si, na maquiagem de Mística e Fera. Uma das cenas muito aclamadas é uma que mostra Mercúrio em ação com todo um efeito de câmera lenta. A cena é um pouco exagerada no pastelão, talvez, mas os efeitos e a direção estão espetaculares.

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Falando em Mercúrio, o personagem se desenvolveu muito bem e, ao contrário de seu vestuário escolhido de forma infeliz, trouxe um personagem interessante com uma ótima atuação de Evan Peters. O personagem tem um tom extremamente cômico que deve ser muito diferente do que existirá em Vingadores 2, por isso, além do visual, a comparação talvez nem seja justa. Tirando o elenco principal, é um dos personagens que mais marca na trama. É difícil, aliás, estabelecer um elenco principal em um filme destes, mas os personagens com maior relevância na trama são Charles, Magneto, Fera, Mística e Wolverine. Sim, Logan como principal entrando, inclusive, na trama do passado que sucede First Class, é sim uma jogada de marketing que muitos fãs podem reclamar, porém, não trouxe danos ao roteiro, pelo contrário. Hugh Jackman empresta mais uma vez seu talento ao carcaju de forma exemplar. Dos demais, Jennifer Lawrence ganha um papel maior ainda que em First Class e também se dá muito bem nele. Fasbender traz a vilania que amamos odiar em Magneto (e o rostinho que as meninas amam ver nas telas) e James McAvoy desfila genialidade e brilhantismo em sua atuação como Xavier se tornando, pra mim, o elemento central do filme.

Dos demais papéis, vale destacar Blink que se mostrou peça fundamental nas cenas de luta dos X-Men do futuro. Aliás, um dos pontos fortes são as cenas de ação dos personagens do futuro contra os Sentinelas: Homem de Gelo, Mancha Solar, Colossus, Bishop e Kitty tem cenas incríveis de coreografia de combate. Se unindo a eles mais tarde na trama, Tempestade e Magneto (sênior) mostram que não estão pra brincadeira também. Confesso que uma das coisas que não gosto desde o primeiro X-Men, em 2000, é Halle Berry como Tempestade. Outra interpretação digna de nota é de Peter Dinklage como Trask, o vilão principal. Digo principal, pois Magneto e Mística tem suas participações dos dois lados da moeda, algo que gosto muito em filmes de super-herói: o vilão e o herói não são apenas “preto e branco”, são personagens complexos que tem suas motivações e morais próprias para agirem de tal forma. Da mesma forma, Charles de McAvoy passa por um momento obscuro em 1973 quando a trama ocorre, e ele precisa lidar com seus demônios para conseguir voltar a ter esperança na humanidade e se tornar o Charles Xavier que o mundo precisa. Pra isso, ele tem um encontro mental com seu eu do futuro revivido por Patrick Stewart, cena emocionante que nos traz uma bela mensagem de força.

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Comentando um pouco mais sobre trama em si, sem grandes spoilers, ela traz uma releitura da saga tão querida dos leitores de mesmo nome. Sim, uma releitura, pois, todo mundo já sabe que não dá pra colocar exatamente o que existe na HQ nas telas de cinema, principalmente por se tratar de uma história complexa de viagem no tempo e escrita muitos anos atrás. Mesmo assim, os elementos principais estão todos ali. As modificações vêm, por exemplo, em ser Wolverine que volta ao passado e não Kitty. Já mencionamos a questão marketing para ser Logan, mas a explicação do roteiro de ele ser o único que aguentaria o processo de enviar sua mente para o passado sem grandes danos dado ao fator de cura é plausível. Aí entra a participação de Kitty, trazendo sua referência da história original, é seu poder de fase que faz a mente da outra pessoa ir para o passado.

A outra evolução que mencionei é a questão da cronologia. Quando anunciaram que iriam unir o universo da trilogia original com o atual de First Class, confesso que fiquei com frio na barriga. As possibilidades de bagunçar tudo e acabar estragando algo que eu considerava muito bom como o filme anterior eram enormes. Contudo, Bryan Singer me surpreendeu positivamente. O filme não ficou “super povoado” como eu temia, e ainda prevaleceu a história que se passa no passado com o elenco de First Class, não subtraindo algo que andava já muito bem. As cenas do futuro são pontuais e prudentes. Quanto à cronologia, nada como uma viagem ao passado para alterar alguns erros, certo? A Fox quis apagar da mente dos fãs seus dois filmes com maiores críticas: “X-Men: The Last Stand” (ou X-Men 3) e “Wolverine Origens”. Com os fatos ocorridos em “Dias de um Futuro Esquecido”, estes eventos fazem parte de uma linha temporal que nunca existiu. Como? Bom, leia a seguir por conta e risco, pois contém SPOILERS.

(selecione para ler)
Eles conseguem evitar que Mística mate Trask (veja aí os elementos da história original...) e o futuro com Sentinelas e guerra deixa de existir. Wolverine acaba quase afogado e é retirado da água em uma estrutura de ferro que é a que ele tem na memória como Arma-X (mudando esta memória para este evento). Neste barco, está o jovem Stryker, porém, percebemos que se trata de Mística na forma de Stryker, eliminando assim o filme solo de Wolverine e deixando sua história em aberto. Desta forma também fica em aberto qual futuro existe de fato e eis que Logan acorda nele. Na escola de Xavier em plena forma, com professores ensinando muitos alunos, todos ali de volta e em paz... inclusive Scott e Jean, mostrando que os eventos do passado eliminaram a linha temporal em que Jean é dominada pela Fenix e Wolverine a mata. Outra mudança é um Fera mais velho que passou a existir no futuro. Confesso que achei um tanto “de volta” a antiga franquia este final, mas posso estar dizendo isso por ser fã incondicional da nova linha de First Class.

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Sem spoilers agora, a nova trama deixa o caminho aberto para a Fox explorar mais histórias e ouvir menos críticas dos fãs, quem sabe. Concluindo, um filme com diversos pontos positivos (e ainda alguns detalhes negativos, mas acho que não chegam nem perto de predominar), bom roteiro, boas atuações, bons efeitos e instaurando uma nova e coesa cronologia aos filmes mutantes. Que a Fox continue nesta linha de pensamento e trabalhe pra termos um universo tão bom quanto temos nos filmes da Marvel Studios. Aliás, arrisco dizer que o filme mutante está no patamar de Capitão América (ok, exagerei!)! E olha que para eu, uma fãgirl do universo da Marvel Studios, dizer algo assim, não é da boca pra fora! Talvez eu esteja com uma visão positiva demais devido a adrenalina que corria em minhas veias na hora que assisti ao filme, afinal eu tinha acabado de receber autógrafos de James McAvoy e Patrick Stewart (James foi excepcionalmente simpático, tirando fotos com todos praticamente), mas acho que é sim uma nova era dos mutantes no cinema.

Termino finalmente com 2 adendos:

1)    Um easter egg (quais mais achou? Comente!) e uma tiradinha que acho que valem a pena ser mencionados: No início do filme descavando um símbolo dos X-Men em meio á guerra no chão e no final na cena descrita em spoiler, aparece um menino de cabelos castanhos e franja branca. Seria Nate Grey?? Cable?? Outra pessoa me disse ter visto uma cicatriz no olho dele, mas eu teria de ver de novo pra reparar. Já a tiradinha é quando Mercúrio sabe que magneto controla metais e diz “Engraçado... minha mãe conheceu um cara que controlava metais”.

2)    E a cena pós-créditos que você lê por conta e risco a seguir, pois contém SPOILERS: A cena se passa no Egito, com uma multidão venerando um homem na montanha enquanto ele constrói usando poderes as pirâmides... eles clamam “En Sabah Nur!!”. Sim, É a prévia para Apocalipse. O que ressalta o easter egg de Nate Grey/Cable não ser só um easter egg... Mas outro filme com futuro alternativo?? Será que a Fox mantém a qualidade ou deixa a peteca cair?? Façam suas apostas.

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Cammy

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