quinta-feira, 24 de maio de 2018

Thanos Retorna

Em tempos em que o Titã Louco tem seu filme como sucesso absoluto de 2018, nada mais justo do que a Panini investir o máximo do personagem em banca. Sendo assim, o encadernado "Thanos Retorna" é muito  bem vindo pra nossas prateleiras. Contudo, quem esperava ver aqui um vilão vitorioso como foi nos cinemas, foi ser pego pelo susto. Sob o roteiro de Jeff Lemire e arte de Mike Deodato Jr, temos uma história aqui em que Thanos está morrendo.



Quem viu as últimas histórias do personagem sabe que seus últimos desempenho nos quadrinhos não foram nada satisfatórios. Em Guerras Secretas, ele e sua cabala acabaram obliterados facilmente no Mundo de Batalhas. Já na Guerra Civil II, fez um ataque desordenado que mal parecia o velho Thanos e acabou preso. Mas essa "curva" em sua vida era algo temporário. Thanos volta não só em sua própria revista mensal, como decide retomar seu lugar de direito no Quadrante Negro. Seu outrora mais fiel servo, Corvus Glaive, conquistou o lugar para si e não queria devolver facilmente. Mas para Thanos de Titã perder para um ex-subordinado não era opção. Assim, ele obliterou todo o exército de Glaive e deu a opção de ele se matar ao invés morrer pelas suas mãos. Corvus Glaive não pensou duas vezes em se furar com a própria arma estilhaçada. Contudo, ao sentar no trono após a sua conquista, Thanos vê sangue sair de seu nariz e boca. Ele pela primeira vez na vida percebeu que estava lentamente morrendo.



Do outro lado dessa história estão aqueles que vão se aproveitar disto. Tryco Slatterus, o Ancião conhecido como  Campeão do Universo, foi até Starfox, irmão biológico de Thanos, convocá-lo para um grupo que liderado por Thane e aconselhado pela Morte, pretendiam por um fim definitivo ao Titã. A próxima a ser chamada foi Nebulosa, outrora uma filha de pirata que se auto-intitulou falsamente no passado como a neta de Thanos. Juntos, cada um ali tinha um motivo bastante particular de matar o Titã. Seja por heróismo, fama ou dever, o pequeno grupo de seres cósmicos se juntou na intenção de adiantar o fim de Thanos agora que estava enfraquecido pela doença. Era uma oportunidade única segundo a própria Senhora Morte.



Já Thanos estava já ficando desesperado com o avançar da doença. Invadiu o planeta Nulla, conhecido por seu povo ser capaz de criar as mais formidáveis curas, mas seus habitantes não puderam ajudar desta vez e por isso Thanos matou-os. Restava ele engolir seu orgulho e ir até a mente mais brilhante que superava até a dele, A'lars, vulgo o Mentor, seu pai. O Titã invadiu a base de pesquisas a força na lua Gilgrath e forçou seu pai a realizar alguns experimentos nele ou então veria os outros cientistas do lugar perecer. Sem qualquer dó pelo filho, Mentor fez seus ensaios e descobriu que a doença que Thanos tinha era fatal e dava poucos dias de vida a ele. Achar uma cura para tal a tempo seria impossível. Ainda assim, Mentor parecia se satisfazer com o fim fatídico de Thanos. Ao ouvir isso, o Titã em fúria acertou e aparentemente matou seu pai.



Antes de deixar o lugar, no entanto, Thanos se viu cercado por membros da Guarda Imperial Shiar. Em qualquer outra situação, Thanos daria conta facilmente do grupo, mas desta vez os heróis do Império Shiar estavam até conseguindo ferí-lo. Contudo, mesmo fraco, Thanos não cederia facilmente. Restou a o Gladiador (também Majestor de Shiar) ser convocado de última hora para fazer Thanos tombar. Agora, algo impossível aconteceu. Thanos foi preso e levado para a prisão shiar de localização desconhecida. O diretor do lugar parecia muito satisfeito com sua nova aquisição. Tomou o capacete de Thanos como uma espécie de Troféu e só lamentou o fato de ele mesmo não ter pessoalmente liderado a ofensiva contra o Titã.



E falando em prisão, um flashback a partir da edição #4 desta história nos mostra como 'nasceu' o plano de Thane para derrotar Thanos. Meses antes, ele e Fauce de Ébano tentaram invadir e tomar o Quadrante Negro sem sucesso. Ele acabou aprisionado por Corvus Glaive e lá conheceu Tryco na prisão, onde ficarão amigos. Glaive, no entanto, não suportava qualquer indício de que Thane estava se acostumando com o sofrimento e por isso o prendeu na solitária. Sozinho, quase enlouquecido e prestes a morrer, Thane caiu nas graças da Senhora Morte e ela não só o ajudou a fugir dali como deu a ele o objetivo de matar seu próprio odiado pai. Foi assim que depois de escapar ele convocou Tryco, seguido de Starfox e Nebulosa. Só restava ele resgatar mais uma coisa e ela estava de posse de Terrax e seu exército.

Assim, Starfox foi na frente em sua própria nave fazendo uso de sua voz galanteadora para enrolar e convencer Terrax a obedecê-lo. Enquanto isso, Thane, Nebulosa e o Campeão adentaravam sorrateiramente o lugar até o ponto de resgate. Contudo, quando chegaram lá, perceberam que não foram até ali por conta de uma pessoa, mas sim de um ovo da Fênix. No meio da confusão, Nebulosa ficou irritada por ter sido enganada e atirou em Thane. Seria o seu fim, mas a verdade é que o sangue do filho de Thanos alimentou o ovo e o fez eclodir. Agora, Thane finalmente tinha poderes de novo, era o avatar da vida e como tal ele se sentia no dever de matar seu pai.



Thanos, por outro lado, aproveitou-se de um momento de distração do diretor da prisão onde estava para atacá-lo e arrancar um de seus braços fora. Um exército inteiro do lugar não foi páreo para detê-lo. O titã matou quem ficava em seu caminho e depois roubou uma espaçonave para voltar ao seu quadrante. Foi quando deparou-se com seu filho Thane com o símbolo da Phoenix e a traidora senhora morte ao seu lado. Thanos tentou alertar o filho para não cair na conversa da Morte, mas Thane estava obcecado por matá-lo. Com o poder máximo, disparou contra o Titã Louco, mas ao invés de matá-lo, apenas retirou seus poderes e sua força. Era só o começo da vingança de seu filho que o queria  rejeitado, esquecido, sem poderes, como ele mesmo já foi um dia.



A revista acaba por aqui, cobrindo as primeiras seis edições todas com arte de Deodato Jr. Trazem uma arte impactante e sombria bem similar ao que Deodato fez em Pecado Original, que casou muito bem com seu traço atual. A narrativa é boa, traz um clima envolvente e tenso. Contudo, ao mesmo tempo, consegue arrancar algumas risadas com brincadeiras óbvias com Starfox ou Pip. Este último, por sinal, dá com alguns balões de diálogo uma boa perspectiva pra gente repensar sobre o impacto de mortes no universo Marvel, mesmo que sejam desfeitas depois. Para Pip, isso não é um reset, não muda o fato de que o malfeitor agiu de dada maneira. No caso quando Thanos matou metade do Universo em Desafio Infinito, os heróis terem revertido tudo no final não torna o ato do Titã menos repugnante ou desaprovável.

Coveiro

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