segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Fabulosa X-Force: Execução Final, Ato 3 – Final feliz

A última parte do arco Execução Final, publicada em X-Men Extra 143 e 144, também encerra a passagem de Rick Remender pelos roteiros da Fabulosa X-Force. Chega a hora de a equipe ter seu confronto definitivo contra Daken e sua nova Irmandade de Mutantes. Em jogo: o destino de Gênese, clone do maléfico Apocalipse, e de todo o planeta. É hora de tomar decisões para as quais não há volta.



Com ilustrações de Phil Noto, esta última parte do arco traz tanta coisa que fica difícil resumir tudo, então vamos tentar nos ater aos maiores destaques, tudo bem? Para grande surpresa, um dos maiores destaques nesse confronto foi alguém que pouco se desenvolvia em relação a seus colegas na série: o mercenário tagarela Deadpool. Em meio a uma piada e outra, Wade mostrou um lado surpreendentemente humano, convencendo Evan a não se entregar ao seu lado sombrio, defendendo a memória de seu desafeto Fantomex e arriscando a própria vida (vale lembrar, ele está atualmente sem seu famoso fator de cura) pelo jovem e por seus amigos.



Outro que se destacou foi o Noturno da Era do Apocalipse, infelizmente de forma menos nobre: apesar de receber a tarefa de vigiar Mística (capturada pela X-Force), ele acaba convencido pela versão alternativa de sua mãe a deixá-la escapar em troca de uma ajuda para matar o Blob (também da Era do Apocalipse), que havia matado sua esposa. A vingança é atingida de forma bastante cruel, com um tubarão teleportado para as entranhas do vilão. Infelizmente, para ter sua vingança, Kurt também ajudou os outros vilões a capturarem Wolverine, e por isso E.V.A. tentou matá-lo. Sem amigos e sem honra, só restou a ele se teleportar para algum lugar desconhecido.



Mas os grandes protagonistas do confronto foram mesmo Wolverine e Daken. Após Logan ser capturado pelo filho, os dois tiveram um diálogo tocante como nunca tiveram, em que Daken confessou lamentar não ter tido um pai que o defendesse em sua difícil infância. Wolverine também lamentou não poder ter dado essa vida a seu filho, mas apontou que desde que se conheceram ele deu oportunidades para o rapaz se redimir, mas Daken não a aproveitou. Eventualmente, como era de se esperar, os dois partiram para o confronto físico, e Logan finalmente pôde sentir o que sua colega Psylocke sentiu quando matou o Arcanjo e Jamie, ao matar seu próprio filho afogado. A cena é brutal, não só pelo afogamento em si, mas pela angústia sentida por ele ao pensar em como a convivência dos dois poderia ter sido – e como acabou sendo.



O resto da Irmandade, claro, também acabou derrotado: o novo Ômega Vermelho e o Esfolado foram mortos em combate, Ômega Negra desapareceu durante o desabamento da base dos vilões, causado por Gênese, e Psylocke controlou a mente do Ômega Branco (que absorve energia psíquica) para ele absorver toda a essência do Rei das Sombras, em seguida usando sua adaga psíquica para deixar o novo vilão em estado vegetativo, com Farouk vivo mas eternamente preso na mente dele. Quanto ao Dentes-de-Sabre, ele revelou ao final que manipulou Daken o tempo todo para fazer Logan sofrer matando o próprio filho. Creed conseguiu sua vingança, mas Wolverine também teve a chance de ter a sua quando Gênese começou a espancar o vilão. Porém, o líder da X-Force convenceu o rapaz a parar, com toda a equipe finalmente percebendo que a violência e a vingança, quando praticadas, só tendem a se reproduzir. Todos partiram enquanto o local explodia, não sem antes Betsy abandonar sua espada no local, disposta a nunca mais matar.



O epílogo, apesar de ocupar apenas uma história, consegue trazer tantos ou mais acontecimentos que o arco em si. Visitando Evan, Deadpool se emocionou ao descobrir que o rapaz o considera um herói – algo inédito na vida de Wade Wilson –, e, num momento que arranca risadas de qualquer um, aproveitou a nova amizade entre eles para incentivar o rapaz a trocar seus livros de meditação por revistas de mulher pelada. Psylocke fez as pazes com seu irmão, e embora estivesse arrependida de se apaixonar por um homem que matou uma criança, o Capitão Britânia revela que Fantomex tinha três cérebros, cada um com uma mentalidade – então o cérebro pelo qual ela se apaixonou, que sacrificou a vida por ela, não era o mesmo que assassinou um menino a sangue frio.



Quando Wolverine convidou Betsy para visitarem as instalações da Céu Branco, descobrimos o que o Logan do futuro disse a ele: que, naquele futuro, ele não teve coragem de matar Daken, e o rapaz acabou assassinando todos os alunos da Escola Jean Grey. Na empresa fabricante de assassinos, E.V.A. pretendia clonar um novo corpo para Fantomex, já que os três cérebros do mercenário estavam intactos – mas Deadpool resolveu fazer isso antes e, sem saber mexer direito nos mecanismos, acabou clonando um corpo para cada cérebro. Surgem assim o violento Arma XIII (que parte logo após ameaçar os outros dois), a gentil Cluster (sim, um dos corpos é feminino), e o Fantomex propriamente dito, que mostra uma surpreendente camaradagem em relação a Deadpool, depois dos dois se provocarem ao longo de tantas edições. Ao final da série, Betsy ainda não tem certeza se a volta de seu amado é real, mas prefere que, seja o que for, desta vez ela terá um final feliz.



Assim encerra-se esta que foi, sem dúvidas nem exageros, uma das melhores séries que a Marvel publicou nos últimos anos - e, arrisco dizer, uma das melhores séries de toda a história dos X-Men. Ao longo de 35 edições americanas, Remender conseguiu dar à série uma identidade única, narrando uma jornada épica sobre as consequências de nossos atos, sejam quais forem. A Fabulosa X-Force conseguiu ser interessante tanto nas grandes batalhas como nos pequenos momentos interpessoais, conseguiu visitar realidades alternativas como a Era do Apocalipse e o Extramundo sem perder seu aspecto sério e sombrio. Aprofundou as personalidades e propósitos de cada personagem, membro da equipe ou não.

Infelizmente, tudo que é bom acaba um dia. Mas é melhor assim do que ver a série sendo prolongada e correndo o risco de sofrer queda na qualidade, não é? Ficam as boas lembranças, a possibilidade de reler a série nos volumes de X-Men Extra (pelo menos enquanto a Panini não republicá-la em encadernados), e a torcida para que a Casa das Ideias ainda nos proporcione muitas outras séries de tão alta qualidade.

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