sábado, 16 de setembro de 2017

Editor da Marvel faz um balanço sobre o sucesso do Império Secreto e discute como a saga reflete os tempos atuais

* Atenção! Informações inéditas no Brasil e EUA!

O Império Secreto caiu! Com a volta da versão do bem de Steve Rogers, um embate final contra as forças da HIDRA aconteceu e prevaleceram os heróis m ais uma vez. Mas mesmo muita coisa sendo desfeita pela cubo cósmico viva chamada Kobik, algumas consequências vão marcar o Capitão América para sempre. E para falar sobre o final da saga mais polêmica da Marvel de todos os tempos, Tom Breevort bateu um papo com o Newsarama para avaliar os prós e contras do Império Secreto após a conclusão de tudo na edição Secret Empire Omega que saiu essa semana. Confira:

"Não cabe a mim avaliar a execução. É algo que recai aos leitores. A única que posso falar é em questão de métrica, foi algo qu vendeu muito, muito bem. As edições #8, #9 e #10 - edições consideradas clímax da história - foram todas top de venda na indústria no mês passado. De certo, é uma história controversa, não há surpresas aqui. Há pessoas que já levantam os braços sobre o assunto, como tende a ser o caso da maioria das histórias controversas que contamos, mas geralmente elas são as que vendem melhor. Então, nessa perspectiva, eu acho que foi muito bom" disse Tom Brevoort ao Newsarama.

"Mas de novo, em termos de execução, não cabe a mim decidir. É para os fãs falarem pra mim o que acharam. Todo mundo envolvido se esforçou para contar a melhor histórias que podiam. E eu particularmente acho que nos saímos muito bem, mas eu posso ter tido todas as boas intenções do mundo e ainda assim, se colocamos uma porcaria nas prateleiras, será definido como uma porcaria. Mas isso cabe ao público decidir" colocou.

Tom Brevoort também foi questionado se a Marvel já tinha antecipado uma radicalização maior de opiniões na América um ano antes para entregar uma história tão atual e importante politicamente pra os dias de hoje. "Honestamente, não, e isso apresentou um grande desafio. Há aspectos de timing que parecem ser sobre coisas que não significavam exatamente sobre elas. Falamos internamente muito sobre isso, exatamente como nos comunicaríamos a mensagem que queríamos passar. Digo, houve um pé atrás sobre quando nós falamos sobre isso, se seria no outono ou no verão pós-eleição - e que falávamos sobre como a história seria, como ela iria evoluir e uma boa parte da sala de reuniões se perguntava "Isso não vai ser notícia velha na época que sair? As pessoas não vão já estar pensando em outra coisa ou deixando de se preocupar com isso?".

"Mas não previmos, não, não mais que qualquer um. Boa parte de nossa nação se tornou praticamente apavorada pela mudança política que o país tomou nos últimos 11 meses, então nós não previmos que Império Secreto iria se tornar tão relevante ou ter um paralelo tão forte quando estivesse saindo. Estamos falando sobre essas questões, mas estamos falando sobre elas de uma forma geral ao invés de pontos específicos, e toda essa coisa é um pouco delicada pra se navegar" pontuou.



Tom Brevoort também falou que não se surpreendeu nem um pouco com a má recepção da ideia no começo. "De certo modo não é surpresa porque nosso público investe em nossos personagens de forma tão densa, e já passamos por tudo isso  em outro projeto em que podemos fazer um paralelo que é o Superior Homem-Aranha - que nem é tão politicamente carregado. Mas lá o Peter Parker aparentemente morreu e foi subvertido pelo Doutor Octopus, e o Doutor Octopus era o Homem-Aranha, e ele estava fazendo as coisas de uma maneira bem diferente. E na época havia muita paixão e raiva por parte dos leitores durante todo o arco. Mas uma vez que a história acabou, e as pessoas tiveram o começo, meio e fim, e puderam assim atestar com segurança que agora o Peter Parker voltaria a ser o Homem-Aranha, eu acho que a história se tornou menos controversas e review de recapitulações" lembrou.

"Dito isto, ao menos em termos de minha leitura e de minha interpretação das edições que colocamos, eu acho que não houve em nenhum momento em Império Secreto onde nós dissemos que o ponto de vista do Steve da HIDRA era o correto. É claro que ele é o vilão desde a página 1. E de novo, através da experiência de leitura distinta de cada um, se algum leitor ler isso de uma maneira diferente e sentiu algo diferente, isso foi sua interpretação da história. Não quero dizer que não há validade nisso, no sentido de que cada leitor tenha que pegar nossas histórias e dar a interpretação que quiser. Eles são participantes do processo, lendo e absorvendo os quadrinhos" explicou o editor.

" E de novo, eu acho que muita coisa disso veio exatamente do zeitgeist que o mundo passou quando nossas revistas estavam sendo lançadas. Foram tempos de deslocamentos e contenções para muitas pessoas, por diversas razões, e o fato dessa históra ter saído agora em oposição a tempos de grande estabilidade apenas fez dela ainda mais espinhosa, e árdua e de fato ter ganhado ainda mais reações extremas, que talvez 80% sobre a história em si, mas também 20% é sobre o que as pessoas estão sentindo sobre o mundo onde vivem. Não previmos isso, mas foi uma experiência interessante de se passar, mesmo que não tenha sido das mais confortáveis. Mas ainda assim não foi nada pelo qual não estávamos preparados para encarar".



Sobre o fato de termos duas versões de Capitão América agora criadas por desvios dentro da mesma realidade, Brevoort foi claro. "Primeiramente, a resposta verdadeira a pergunta é que nenhum deles é real. O Capitão América é inventado" respondeu ele brincando e depois falou sério"Olha, estamos falando em degraus de realismo e legitimidade. Esse é o argumento uqe certamente o Stevil (Steve do Mal) apresenta. Do ponto de vista dele, ele é o real. E a história que ele se lembra e a história que ele viveu, para ele, foi a história que se subverteu e mudou. E como ele disse no Império Secreto: Omega, ele não foi a única pessoa que acreditou nela - ou que irá ainda acreditar. E isso dá uma verdadeira dinâmica a HIDRA pra ela seguir em frente. Não há mais uma organização de pessoas que subitamente que querem governar omundo e tornar ele um lugar facista fantástico e seguro. Há pessoas que agora acreditam que o mundo era deles e que foi retirado deles, foi mudado e roubado pelos Aliados ao fim da Segunda Guerra Mundial pelo uso do Cubo Cosmico. Então, eles estão tentando restaurar aquilo que era deles por direito e que lhes foi tomado".

"Essa dicotomia funciona de tal modo que seja a situação do gato de Schrodinger, na qual você não pode afirmar com certeza quem estava certo ou errado de um jeito muito mais interessante de se lidar. Um desses caras é o Steve Rogers real? Tecnicamente, ambos são agora, mas apenas um deles terá uma revista no próximo mês - que pela lógica, é o Steve Rogers bonzinho. Steve Hidra viveu uma vida bastante similar em muitos aspectos, e muito diferente em outros. E ele lembra dessas experiências, e forjou essas ligações de amizade e acreditava no cerne de seus valores com a mesma convicção e determinação e força de vontade que o nosso Steve, então ele é como se fosse o outro lado da mesma moeda e, que com circunstancias diferentes da vida, poderia terminar sendo alguém bem diferente da que reconhecemos" pontuou Brevoort.

"Definitivamente, isso é mais uma questão de criação do que de natureza. Eu acho que a natureza essencial de Steve Roger - os dois Steves - é a mesma. Ele é dedicado, com princípios. Ele tem crenças que ele deseja lutar por elas. Ele é capaz de se auto-sacrificar. Ele se mantém quando alguém precisa que ele esteja lá. Só que no caso, devido as circunstâncias, suas crenças são diferentes. Eles tem diferentes valores nucleares nos quais seus atributos foram investidos" explicou o Editor.

"E essa diferença, essa circustância, é o que separa o cara que acreditamos ser o herói daquele cara que acreditamos ser o vilão. Num nível bem real, se o Steve da HIDRA conseguisse executar seus planos e reescrevesse tudo com o poder do cubo cósmico, ele seria o Steve certo. Todas as pessoas que ele matou não estariam mais mortas. Ele teria as trazido a vida, mas elas seriam leais a HIDRA, e na cabeça dele,isso era uma coisa boa. Todas as coisas que ele fez tinham um fim e seriam válidas para ele porque no fim tudo teria dado certo" explicou Brevoort e concluiu "Não acho que nada seja absoluto. Mas no contexto do Império Secreto, definitivamente há ainda mais peso dado ao lado do que foi criado do que a natureza" disse.

Na entrevista, Tom Brevoort também disse que por agora não veremos mais sinal do "Stevil" nas histórias por um bom tempo, mas que acredita que definitivamente veremos ele de volta em algum momento no futuro. Ele foi deixando vivo por uma razão. Ainda assim, sua sombra persistirá nas histórias, já que tudo foi feito em nome do Capitão América, então o nosso Steve Rogers terá um senso de responsabilidade sobre os atos do seu "lado mau". De qualquer modo, indiferente as opiniões extremas, Brevoort disse que inevitavelmente ele é uma grande adição a galeria de vilões do Capitão América, mas como o veremos no futuro é algo ainda a ser visto por eles. A conversa final entre ele coM o 'Stevil' mostrado em tons vermelhos pode dar uma boa dica sobre isso.


Brevoort finaliza a conversa lembrando do importante balanço do final de Império Secreto, que tanto não deixa de ter consequências impactantes para os personagens, como também não cai na armadilha de manchar o herói de tal forma que os fãs do Rogers bonzinho não deixem de acompanhar o título. E o mais importante de tudo para ele foi que apesar de todo mundo sabia (ou deveria saber) que o herói voltaria ao final da saga, o importante era ser surpreendido com o modo que foi feito e as sequelas que irão ser trabalhadas daí por diante. É isso que faz a história ser interessante de se acompanhar até o final.

Coveiro

comments powered by Disqus