terça-feira, 29 de janeiro de 2013

X-Men Legado: No meio do caminho tinha uma guerra

Depois de absorver os poderes de Legião e capturar com sucesso a última das versões materiais de seis personalidades fugitivas dele, Vampira usou o último resquício do poder emprestado para teletransportar a si e sua equipe (com os desfalques de Legião e Professor X) rumo ao espaço. O objetivo: resgatar Rachel Grey, Destrutor e Polaris onde quer que eles estejam. Ela só não contava que o resgate teria que ser feito no meio de uma guerra espacial, com direito a intrigas e catástrofes iminentes....


O arco em questão de X-Men: Legado, publicado em X-Men Extra 130 a 133, foi roteirizado por Mike Carey e ilustrado por Steve Kurth e Khoi Pham. E como dito acima, a situação do resgate era muito pior do que Vampira esperava: para começar, após o teletransporte ela se descobriu sozinha e capturada pelos piratas espaciais liderados por Sovel Mão Vermelha (para quem não lembra, Sovel e seu grupo já haviam encontrado a sulista na Austrália muitos arcos atrás, quando Charles Xavier ainda era o protagonista da série). Em outro canto da estação espacial Gul Damar, Gambit, Magneto e Frenesi descobriram que o local era palco de um confronto sangrento entre os outrora imponentes Shiars e os outrora oprimidos Grad Nan Holt. Pra piorar, Polaris, Destrutor e Korvus Rook’shir estavam engajados ativamente na batalha.


Após conquistar a liderança do grupo de Sovel em combate e despertar Rachel do coma, Vampira descobriu que nem tudo na estação era o que parecia: ambos os lados do conflito estavam sendo manipulados por Sem-Amigos, um Grad Nan Holt com amplos poderes telepáticos cansado de ser maltratado e desprezado por seus semelhantes e disposto a fazer todos na estação morrerem. Ah sim, mencionei que a estação estava em rota direta rumo a um sol? E que o Sem-Amigos contava com uma arma de destruição em massa, ativada após ser aparentemente jogado fora da estação? E que Sovel estava disposto a roubar a tecnologia do centro de controle e fugir, deixando todos no local (inclusive seus subordinados) morrerem? Pois é, desgraça pouca é bobagem.


Mas estamos falando dos X-Men, que não são brasileiros mas não desistem nem quando tudo parece estar contra suas chances de sobrevivência. Com alguns poderes copiados, Vampira conseguiu derrotar o Sem-Amigos, lançar o sol daquele sistema solar num buraco negro e levar a estação rumo à Terra. Missão cumprida; a próxima tarefa agora será informar a seus amigos resgatados sobre as últimas novidades dos X-Men, tipo a mudança da equipe pro outro canto do país, um certo cisma entre seus líderes... é, isso pode demorar um pouco.

Em minha resenha anterior de X-Men: Legado, havia comentado como Mike Carey parecia enfim ter encontrado o perfil para sua revista, estabelecendo uma equipe de X-Men se aventurando pelo mundo. Infelizmente, o perfil não continuou neste arco espacial; mesmo com tantos personagens envolvidos (alguns dos quais não apareciam havia um bom tempo), o arco é praticamente todo da Vampira. Não há problema nenhum na revista ter uma protagonista definida, e a sulista é uma personagem carismática; o problema é que a história não deixa espaço pra participação efetiva dos outros personagens (notaram como os nomes deles quase não aparecem nessa resenha?). É como se Vampira fosse a heroína, a estrategista, a líder, a cientista, a lutadora e (mesmo com todos esses predicados) a mocinha indefesa – tudo isso ao mesmo tempo. Com tanto foco em uma personagem, o restante da história acaba pouco desenvolvido, resultando numa leitura confusa para o leitor.

Mike Carey é um excelente roteirista (quem não acredita, que releia X-Men: Legado na fase em que o Professor X tenta resgatar suas memórias e se redefinir no mundo, ou as séries mais autorais e alternativas escritas por ele), mas espero que ele lembre que, mesmo numa revista solo, a história não pode girar exclusivamente em torno do protagonista sem desenvolver os coadjuvantes. Fica a torcida para que o próximo e último arco do autor na série, a ser publicado nos próximos meses, retome a boa distribuição de atenção dada no arco das personalidades de Legião.

Fernando Saker

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