quinta-feira, 26 de junho de 2014

X-Men: Em família

Foi uma batalha dura, mas Tempestade, Vampira, Psylocke, Kitty Pryde, Rachel Grey e Jubileu, membros dos X-Men, venceram Arkea, a irmã mais perigosa do já perigoso John Sublime. Mas as maiores feridas na luta talvez não tenham sido as causadas por Arkea, mas pelas próprias ações das heroínas. Com um breve momento de paz, é hora de acertar essas pendências... antes que seja tarde demais.




Publicada no Brasil na edição 4 de X-Men Extra, esta história conta com roteiro de Brian Wood e arte de David Lopez. Mesmo curta, ela consegue se dividir em duas frentes: em uma delas, Jubileu viaja com Wolverine e o pequeno Shogo para Los Angeles; na outra, suas colegas partem para uma missão de resgate a um avião prestes a cair em Sierra Nevada.

Na viagem de Jubileu, é interessante observar como ela “adotou” Shogo da mesma forma que Logan a “adotou”, então a viagem dos três é como uma excursão em família (por mais estranha que ela seja). O trio vai à praia (Jubileu evitando ao máximo se expor ao sol, agora que é uma vampira), almoça no shopping, passeia por Beverly Hills, tudo isso enquanto a jovem relembra sua vida: os pais ricos que perdeu cedo, a vida escondida em shoppings até encontrar os X-Men pela primeira vez, a família que o grupo de mutantes acabou se tornando para ela e a esperança de que essa também possa ser a família de Shogo, e que ela possa ser uma boa mãe.



Durante a viagem, eles passam pela antiga casa da ex-mutante, que está à venda. Apesar de Jubileu dizer que não quer algo que a prenda ao passado, Wolverine acaba comprando a casa às escondidas. Afinal, como ele diz para seu “neto adotivo”, vai que um dia ela muda de ideia?

Os sentimentos são menos leves na missão do grupo de Tempestade. Fora do Pássaro Negro, Vampira, Kitty e Psylocke tentam estabilizar o avião que vieram socorrer, em meio a brincadeiras uma com a outra; mas, dentro do jato da equipe, Ororo comenta com Rachel que pretende oficializar esse grupo com Wolverine, mas a ruiva está insatisfeita. Ela não concorda que Tempestade se autoproclame líder sem consultar as colegas, e mais uma vez critica a postura de Ororo quando decidiu que Karima Shapandar, a Sentinela Ômega, deveria ser destruída se isso significasse o fim de Arkea. Rachel pergunta a Ororo como ela acha que os outros X-Men a veem depois disso – ao que Ororo lembra que Rachel também não está com grande moral entre os colegas depois de se envolver com John Sublime.



A tensão entre as duas só se apaga quando Vampira vê a telecinese que havia emprestado de Psylocke desaparecer e despenca. Ororo imediatamente voa em direção à amiga e a salva, enquanto Rachel soma sua telecinese à de Betsy para manter a estabilidade do avião até que ele possa ser pousado em segurança. As divergências ainda não foram resolvidas, mas por ora, a disposição para trabalhar em equipe falou mais alto. Com a missão cumprida, Tempestade encerra o dia parabenizando suas colegas.

Essa é uma daquelas histórias que, mesmo sem nenhum acontecimento especial que “mudará os X-Men para sempre”, é uma leitura bastante prazerosa justamente pelos pequenos momentos entre os personagens. É muito bacana ver Wolverine, Jubileu e Shogo juntos e perceber que eles realmente parecem uma família; também é legal relembrar que a ex-mutante, que muitos leitores tendem a considerar irritante e por vezes vazia, tem uma história bem sofrida. Da mesma forma, a conversa entre Ororo e Rachel mostra que há uma tensão não só entre as opiniões das personagens, mas entre suas personalidades fortes – e o final mostra que, mesmo com essas divergências, no fundo as duas têm o mesmo objetivo de ajudar as pessoas da melhor forma possível.



David Lopez não é um desenhista tão ilustre como Olivier Coipel, que saiu após o primeiro arco da série, mas sua arte contribui muito para a leveza da história, das expressões adoráveis de Shogo às caretas trocadas por Psylocke, Vampira e Kitty enquanto uma tira sarro da outra. Lopez chega até a representar os efeitos da absorção de Vampira: ao tocar Betsy, seus olhos e cabelos também parecem ficar roxos (menos a indefectível mecha branca). É um detalhe pequeno, mas bacana.

Enfim, não é uma leitura fundamental, mas satisfaz. Em tempos em que os X-Men vivem em guerra uns com os outros, é bom vê-los para variar agindo como uma família, com brincadeiras, apoio, algumas brigas, mas sobretudo com maturidade suficiente para saber pará-las na hora certa.

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