Ameaçados de Extinção

Um jovem mutante faleceu. Uma declaração como essa, tempos atrás, indicaria uma tragédia, nada além disso. Porém, o Dia M chegou, tornando-se, provavelmente, o maior divisor de águas na vida dos mutantes. A morte de um homo superior possui um significado muito maior agora, pois os mutantes deixaram de ser o "próximo estágio da evolução humana", tornando-se uma Espécie em Extinção.

O jovem falecido, pertencente a família Landru, conta com presenças ilustres em seu velório. Vieram prestar as últimas homenagens ao garoto os X-Men, Novos X-Men, X-Factor e, até mesmo, o próprio Charles Xavier. A presença de tantos mutantes trouxe até Lucas Bishop, representante da UNI, para fazer a segurança. Sinceramente, eu tinha até esquecido da existência dele.

Mas, afinal, qual é a importância desse rapaz para atrair os heróis ao seu velório? Simples, ele é mutante, e em um mundo onde eles se tornaram tão raros, isso é mais do que suficiente para honrar cada vida.

Depois das palavras da reverenda, que fala sobre tudo na vida possuir um propósito, o enterro começa. Cessily comenta com Laura como seria se o garoto estudasse em outra escola, mas o Instituto Xavier também possui sua cota de mortes recentes.

A reverenda pede três minutos de preces silenciosas, que os recém-readquiridos poderes mentais de Xavier mostram que não são tão silenciosas assim. Em meio aos pensamentos, Charles é confrontado por Emma Frost, que está ciente do passeio mental. Ela afirma que os mutantes se julgavam deuses arrogantes, esplêndidos e descuidados, inclusive Xavier, que acreditava que iria escrever o futuro, esquecendo-se que esse não possui um roteiro, sendo, na realidade, um improviso diante de uma platéria moribunda, com o teatro prestes a cair. Será que os mutantes não tiveram o que mereciam?

Outro que se perde em pensamentos é Logan, vendo no caixão do menino as mulheres que amou e até seu maior inimigo. Em sua mente, uma velhice cercada das lápides de seus melhores amigos. Se você fosse imortal, também não seria atormentado por isso? Muito bom abordarem isso com Wolverine, pois poucas vezes lembram disso em suas histórias.

Em meio as pessoas, um velhinho reflete em vários planos, que envolvem até um certo DaCosta, mas, assim que nota Xavier, rapidamente bloqueia seus pensamentos.

O enterro finalmente se encerra. Scott Summers e Emma Frost se dirigem aos pais do garoto, para apresentar os pêsames e agradecer por terem permitido virem homenagear o rapaz.

Porém, o Sr.Landru inicia uma discussão com Scott. Para ele, os mutantes estavam ali apenas velando sua própria dor como raça, considerando seu filho apenas um número a menos. Para Scott, no entanto, eles estavam ali para marcar a importância do rapaz, não riscá-lo de uma lista. Claro que essa cena não poderia ficar sem uma ótima tirada de Emma, que diz ao amado que poderia provocar dor de cabeça ou incontinência no homem, apenas como efeito calmante, é claro.

Esse foi apenas um entre muitos excelentes debates dessa edição. Rahne e Rictor conversam sobre fé e medo do futuro. Para ela, mais um túmulo mutante era motivo de temer, mas para ele, o rapaz morreu feliz, pois ainda era mutante. Já Sam Guthrie questiona Bishop o motivo dele nunca ter comentado nada sobre a dizimação de sua espécie.

Lucas diz que seu próprio tempo tinha suas crises, tornando as informações do passado apenas lendas e boatos, tais como contos de fadas. Só que como explicar a enorme quantidade de mutantes no futuro de Bishop? Talvez outra linha do tempo, como explica o agente da UNI, mas Sam prefere acreditar no contrário.

E, afinal, do que teria morrido o jovem Landru? Crime racial? Essa é a pergunta que Cessily faz para Noturno, que responde que o menino morreu como qualquer outro poderia, atropelado. Isso revolta a moça, que gostaria até que ele voltasse a viver para que ela pudesse esmurrá-lo, afinal, os mutantes são como refugiados de uma grande tragédia, são os sobreviventes. Na opinião dela, ele não poderia ter morrido dessa forma, principalmente quando eles estão em ameaçados de extinção.

E quem seria o misterioso velhinho que bloqueou a telepatia de Xavier? Enquanto ele está saindo, Charles o confronta e sua identidade é revelada.

Mas o que Sebastian Shaw fazia nesse lugar? Seu disfarce denunciaria algum propósito maligno? Ele conhecia o rapaz? Tentou recrutá-lo? Essas são questões feitas por Xavier, mas Sebastian apenas queria se manter anônimo para evitar rumores e, como os X-Men, sentiu que devia marcar a importância daquela morte.

Engraçado ele comentar que recrutamento é como Xavier age, o que é verdade. Quanto aos escudos psíquicos, ele queria apenas privacidade, o que também é seu direito, no fim das contas. Os capangas, no entanto, atacam Xavier, que os derruba e diz que esse seria mais um motivo para não acreditar na mudança de Shaw.

O antigo Rei Negro responde que Charles poderia acreditar no que quisesse e, se preferisse, poderia transformar a conversa em briga, afinal, seus encontros sempre seguiam esse padrão. Xavier o lembra das agressões ao longo dos anos e Sebastian de que o professor declarou guerra ao Clube do Inferno por ameaçar seu império. Shaw encerra dizendo que ele, Xavier e Eric deveriam ser inteligentes e visionários, mas tudo que fizeram foi brigar entre si. Fantástico diálogo.

E, já que o assunto são ótimas conversas, vamos para Madrox e McCoy. Jamie fala sobre a solução da extinção mutante e Hank, como não poderia deixar de ser, brinca que irá contratar o X-Factor para investigar esse mistério, pois anda sem idéias.

Madrox então fala daquilo que costumam fazer com espécies ameaçadas, como repopulação e programas de reprodução, mas Hank diz que não existem mutantes o bastante. Ora, o Homem-Múltiplo não poderia discordar mais.

Hank admira a dedicação de Jamie e, claro, acredita que ele cumpriria o que propõe, mas não daria certo. A diversidade genética é essencial para a sobrevivência da raça, o que não aconteceria com as cópias do mutante. McCoy inclusive afirma que, após um certo ponto de declínio, é impossível salvar uma espécie, mas pretende morrer lutando e não desistir.

Por fim, Scott descarrega suas rajadas ópticas ao máximo para cima, em uma forma de desabafo. Logan se aproxima e Scott diz que já tinha tentado recrutar Landru há dois anos, na época da "grande procura" por novos mutantes, mas nem lembrava da entrevista, partindo logo para o seguinte após a recusa do rapaz.

Wolverine diz que usar preto não significa que usa uma batina, portanto, não teria motivos para Scott se confessar com ele. A divertida resposta de Ciclope é que, após ver Pinóquio na infância, sempre acha que todo baixinho é uma consciência.

Eles concluem que a vida, na verdade, é uma grande luta contra a morte. Uma luta arranjada, pois sabemos que vamos à nocaute um dia, mas precisamos aguentar o máximo possível de assaltos, sem nunca desistir de lutar, pois não sabemos como parar.

Terminamos a história com o sol brilhando. Seria o anúncio de uma esperança para essa raça moribunda ou apenas a luz que vemos antes de morrer?

Excelente história de Mike Carey, com desenhos de Scott Eaton. Excelentes diálogos, mostrando que HQs são mais do que apenas ação e pancadaria.

Com os mutantes que existiam tornando-se, em sua maioria, humanos normais e sem novos nascimentos mutantes, como salvar o homo superior? Essa é uma questão que Hank McCoy tentará resolver.

Eddie

P.S. créditos ao « Jøåø » pela imagem de capa