domingo, 13 de julho de 2008

Homem-Aranha: Réquiem Para Um Monstro


Sensational Spider-Man #38

Enquanto acompanhamos a corrida desesperada de Peter Parker para que a vida de sua tia, que levou um tiro destinado a ele, seja salva e, com isso, volte a usar o uniforme negro como forma de demonstrar o quão sombrio é seu momento, um encontro inesperado atravessa o Homem-Aranha, e toda família Parker: Eddie Brock, o primeiro homem a carregar a alcunha de Venom.

Acompanhamos em Homem-Aranha 79 o atual estado de Brock, que reflete um pouco sobre os eventos que o levaram até ali. Começa com sua lembrança de uma palestra de qualidade duvidosa de JJ Jameson, que talvez o tenha até influenciado a fazer a maior besteira de sua vida profissional. Ganancioso, o repórter fabricou uma investigação, supostamente revelando a identidade do assassino Devorador de Pecados. A fama repentina duraria pouco, depois que o Homem-Aranha prendeu o verdadeiro assassino, jogando Eddie num poço de falta de credibilidade e fracasso profissional.

Brock, que sabe há muito tempo da verdadeira identidade do Aranha, lembra-se que sua tentativa de suicídio foi interrompida pela fusão forçada com o simbionte alienígena do qual Peter acabara de se libertar (recordando que o Aranha por muito tempo pensou que o simbionte fosse apenas uma roupa “inteligente”, até se livrar dele definitivamente). Agregando o ódio do simbionte pelo Aranha e (exageradamente) culpando Parker por todas as suas desgraças e derrotas antes e depois de se tornar o Venom, Eddie se lembra do dia que recebeu o diagnóstico como doente terminal de câncer.

Homem-Aranha

Apenas o simbionte o mantinha vivo. Mas ele se regenerou. Não queria mais ser um vilão, e vendeu o simbionte para, como o arrecadado, ajudar na luta contra o câncer. Porém, nem isso foi um alento, já que Mac Gargan, o Escorpião, arrematou o alienígena, tornando-se um Venom ainda mais violento do que Eddie já tinha sido. Ele se lembra de uma segunda tentativa frustrada de suicídio, e chega no atual momento.

Doente terminal, esperando que o câncer lhe consuma completamente, Eddie Brock agora é atormentado pelo vestígio psicológico deixado pelo simbionte (ou seria esquizofrenia intensificada por seu estado convalescente?). Com visões e vozes do alienígena, Brock é diariamente assediado e humilhado pela memória do Venom, fazendo com que deseje cada vez mais a própria morte.

Homem-Aranha

Acompanhando a revelação pública da identidade do Homem-Aranha e sua volta repentina ao uniforme negro (por muito tempo ainda usado depois que se livrou do simbionte, e só abandonado após o primeiro encontro com Venom), Eddie tem uma surpresa ainda maior ao andar pelos corredores do hospital. Ele vê Mary Jane ao lado do leito da moribunda May, o que faz sua mente aparentemente doentia, representada por uma “forma espectral” do Venom, pensar que aquela é sua chance de redenção e vingança por tudo que Parker teria lhe feito.

Enquanto Brock corre desesperado para pensar no que fazer, MJ faz um apelo a May para que ela se recupere, criando em sua cabeça a idéia distorcida de que a bala que colocou a idosa no hospital deveria tê-la atingido. E que, de alguma forma, sua morte decretaria o fim do casamento dela com Peter, pois ele pensaria da mesma forma.

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Noite a dentro, um amargo Homem-Aranha espanca assaltantes e ouve da própria vítima, após o salvamento, que ele não parece muito bem. Mas não há tempo para pensar nisso, pois o Aranha estava a caminho de uma importante visita. Rapidamente ele chega em um local conhecido por poucos, e chega à presença de uma das pessoas a quem recorre quando precisa de conselhos: a mediúnica Madame Teia.

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Após contar tudo pelo que passou, desde o início da Guerra Civil até o atual momento, sem saber ao certo se qualquer coisa ali é novidade para a vidente, faz um pedido no mínimo incomum. Peter quer entrar em contato com sua tia, incomunicável por causa do estado coma em que se encontra. Madame Teia diz que a possibilidade existe, mas que depende de como e onde a consciência de May está, e, mais importante, se quer ser contatada. Ela deixa claro que o ajudaria na tentativa, decisão que já estava tomada muito antes de sua chegada.

Homem-Aranha

De volta ao hospital, o religioso Brock é assombrado pela idéia de que, como Venom, nunca tenha aceitado atacar inocentes, ao mesmo tempo em que é induzido pelo fantasma do simbionte a fazer algo que contradiz tal condição. A consciência alienígena (ou esquizofrenia, como observei) diz que aquela é a sua grande chance, jogando em sua cara que ninguém é verdadeiramente inocente, vendo a idosa tia de Parker como um cordeiro pronto ao sacrifício. O assassinato deveria ser feito por eles, e o julgamento viria depois.

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Supercrescida, a “consciência alienígena” parece ter mais influência a cada momento, impelindo Eddie à ação. Jogando com sua auto-estima, diz que é a hora de, pela primeira vez não jogar fora a chance de ser grande. É assim que o confuso Brock abre um pacote que ele mesmo encomendou, percebendo que seu “lado negro”, como o próprio diz, tinha razão, e veste uma cópia barata do uniforme negro do Aranha, preparando-se para agir.

Homem-Aranha

E se inicia o réquiem de Eddie Brock.


« Jøåø »


* Leia mais sobre o Homem-Aranha na sua seção de destaque.

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