quinta-feira, 10 de setembro de 2009

X-Men e Homem-Aranha: With a Little Help From My Friends




Heróis. Párias. Maiores ícones de mercado de sua editora. O adolescente picado por uma aranha radioativa que, ao perder o tio, aprendeu da forma mais dolorosa que com grandes poderes vêm grandes responsabilidades. O grupo de pessoas que nasceu diferente e se uniu sob a liderança do Professor Charles Xavier para proteger um mundo que os teme e odeia.

Sem dúvida, eles têm muito em comum. Com isso em mente, o roteirista Christos Gage, acompanhado da excelente arte de Mario Alberti, nos brinda com essa minissérie de quatro partes, cujo atrativo principal é o fato de que cada capítulo da história se passa em uma época diferente, nos permitindo assim revisitar momentos clássicos da vida dos heróis.

Saiba mais sobre a primeira parte, situada no comecinho dos anos 70, logo abaixo.


Ela começa com os X-MenCiclope, Garota Marvel, Fera, Anjo e Homem de Gelo – assistindo uma transmissão de tv que comenta seu confronto recente com o Hulk em Las Vegas, pondo a culpa nos mutantes pela destruição, como de praxe. Tal confronto ocorreu na edição 66 da primeira série da equipe (que hoje é chamada de Uncanny X-Men), último número com histórias inéditas, que só foram retomadas em 1975.

O programa teria como convidado o professor Xavier, mas este não pôde comparecer devido a problemas de saúde – trata-se da exaustão mental conseqüente de seu ataque contra os invasores alienígenas Z’Nox, numa das batalhas mais clássicas da década de 60. Mas JJ Jameson diz que apenas ele já basta. Sua opinião é de que os mutantes precisam ser controlados, devido à sua grande ameaça.

Em Manhattan, o Homem-Aranha se alegra em ver que o editor do Clarim Diário resolveu pegar no pé de outro pra variar, apesar de conhecer os X-Men e saber que eles não merecem. Mas Peter Parker precisa mesmo de um tempo para se dedicar à sua vida pessoal. Convencer a namorada Gwen Stacy de que, apesar de viver sumindo, realmente a ama e quer estar com ela parece uma grande idéia. Contar para ela a verdade sobre sua vida dupla, nem tanto, ainda mais levando em conta que ela tem um pai policial.



Enquanto decide se preocupar apenas com Gwen por hoje, a atenção de Peter é chamada pelo mesmo programa na televisão, que recebe agora mais um convidado: Kraven, o Caçador. O aventureiro explica que acabou de sair da prisão, admitindo ter errado ao infringir leis durante sua caça ao fora da lei Homem-Aranha, mas erros pelos quais já pagou. Só que Kraven pretende ganhar o perdão popular com ações, capturando – legalmente, desta vez – o aracnídeo e assim, tirando uma ameaça das ruas. Alguém que, além de tudo, ele descobriu ser mutante.

Tanto Parker quanto os X-Men se chocam com tal revelação, por saberem não ser verdadeira. Os mutantes se preocupam com a possibilidade de que a notícia, mesmo sendo falsa, possa atrair inimigos dos mutantes para o caminho do Aranha e decidem avisá-lo do perigo, devido ao fato dele ser tão jovem quanto eles e estar sozinho em sua vida de herói.



Na cidade, Peter se encontra bem menos desesperado que seus amigos de Westchester imaginam, andando de braços dados com sua querida Gwen Stacy de um lado, e a igualmente linda Mary Jane Watson de outro. Mas os objetivos da ruiva são apenas abrandar o frio e fazer ciúmes em seu namorado, Harry Osborn. Gwen afirma que só se surpreenderia se MJ fosse sincera com o rapaz e não ficasse de joguinhos, e os três se encaminham para o Grão de Café, como não poderia deixar de ser. Muito perto deles, Kraven encontra teias frescas, o que lhe dá a certeza de que está no território do Aranha. O caçador presume que o escalador de paredes possa querer se esconder em sua identidade civil, mas está certo de que de nada adiantará, já que ele nunca esquece o odor de uma presa.

O quinteto mutante chega ao local, seguindo as intuições telepáticas de Jean Grey – como Xavier se encontra muito debilitado, as habilidades ainda limitadas da Garota Marvel são tudo que o grupo tem para guiá-lo. Warren dá a idéia de começar a busca por lugares freqüentados por jovens como eles, já que o Homem-Aranha não é Homem-Aranha o tempo inteiro e, assim, talvez Jean possa captar leituras mais precisas ao se aproximar do rapaz. Scott acaba convencido, mas pede discrição. Querer isso de um playboy milionário, um cara de óculos vermelhos, uma ruiva lindíssima e um homem com porte de gorila pode ser querer demais, segundo Hank McCoy. Mas Bobby explica que, em Nova York, ninguém vai nem olhar duas vezes.

Assim, os cinco adentram o Grão de Café, e Jean sente que estão no caminho certo. Enquanto Harry se incomoda com o fato de sua namorada sempre usar a mesma pessoa para lhe fazer ciúmes, Flash Thompson percebe que a srta. Watson não é a única ruiva de parar o trânsito no local, e convida a Garota Marvel para dançar. Sob protestos de Ciclope, ela acredita que esta é uma boa oportunidade de circular pelo local, se aproximando de outras pessoas e podendo descobrir qual delas é o cabeça de teia.

Percebendo que Peter e Harry se encontram ocupados demais discutindo, Warren decide convidar as duas moças para dançar, explicando ser rico e bem-educado o suficiente para reconhecer duas rainhas quando as vê – quem não o escolher, pode ficar com um de seus amigos. Mas MJ já namora um ricaço e prefere dançar com Hank, enquanto Gwen tem essa queda por pobretões, decidindo acompanhar Bobby.



Quando o jovem Osborn percebe, vai à pista de dança e acaba acompanhado pelo ciumento Scott Summers. Peter tenta acalmar os ânimos, mas são todos interrompidos pela entrada de Kraven, que diz saber que o Homem-Aranha está ali e ameaça matar um inocente caso ele não se revele. Todos os heróis presentes correm para o banheiro a fim de vestir os uniformes, mas Parker chega primeiro e resta aos X-Men uma sugestão mental da parte de Jean para que ninguém os olhe por alguns momentos. Assim, os mais estranhos jovens de todos fazem sua entrada e atacam Kraven. O vilão já esperava que a equipe aparecesse em apoio a seu amigo mutante e, com isso em mente, contratou um parceiro de peso: o Blob!

Logo depois da difícil entrada do sr. Fred Dukes no recinto – devido ao tamanho da porta -, é a vez do Homem-Aranha. Ele e os X-Men concordam que é melhor tirar a luta dali, devido ao grande número de presentes. Uma rajada de Ciclope arremessa Blob para fora e objetivo é cumprido. Na rua, todos travam um batalha dura, onde Kraven causa alguns ferimentos mais sérios nos mutantes. Apesar disso, quando o Aranha e o Homem de Gelo conseguem neutralizar seu parceiro, o caçador foge e, devido aos danos causados, os heróis optam por deixá-lo ir.



Podendo agora cumprir seu objetivo inicial, Ciclope oferece abrigo ao escalador de paredes, dizendo que, apesar de não ser mutante, viver junto de outros jovens com poderes que o entendam possa ser mais seguro para ele, citando ainda o risco dos inimigos dos mutantes o procurarem. Mas o Aranha explica que está bem assim e nem consegue se imaginar como membro de um grupo, afirmando ainda não confiar muito na credibilidade de Kraven com o público. Então, se despede, enquanto pensa em que desculpa dará a Gwen por mais um sumiço.

Mais tarde, Kraven é encontrado num beco escuro por aquele que o contratou, um homem não-tão-misterioso-assim para os leitores mais atentos, que afirma que a derrota do caçador já está sendo noticiada em todo lugar. É quando descobrimos que tal “derrota” foi apenas fachada, já que a verdadeira missão foi cumprida: conseguir amostras de DNA dos cinco X-Men. Seu contratador, ninguém menos que o Sr. Sinistro, confessa estar impressionado e afirma ter uma proposta para Kraven, envolvendo seu DNA.



Desta forma, termina a primeira parte, uma história que usa da melhor forma o clima dos anos 60 e início dos 70, sem tentar fazer graça ou atualizar demais a época. Gage é vago quanto a datas e traz a atmosfera da época pro seu texto, enquanto Alberti enche as imagens de referências. Só digo que não podia ter começado melhor. Confira o review da parte dois ainda hoje, aqui no 616.

*Título do artigo baseado no da canção homônima dos Beatles.

Léo

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