quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

A adaptação (e ampliação) dos poderes da Eco dos quadrinhos para a série

 Desde que Eco da Disney + finalmente chegou, a série de cinco episódios protagonizada por Alaqua Cox tem dividido os fãs. Se por um lado, as pessoas adoraram a volta do clima bruto e frio das séries da Netflix, outras se incomodaram com a mudança dos superpoderes da personagem. Isso tirando o fato que alguns sequer não compreenderam-nos na totalidade.

Embora ela tenha sido originalmente apresentada em Gavião Arqueiro como apenas um dos tenentes da Rei do Crime e seus subordinados da Mafia do Agasalho, a personagem foi muito mal explorada, principalmente na questão de sua origem nativo-americana. Mas isso viria a ser muito mais trabalhado agora em Eco. E uma das coisas que a personagem mudou na sua transcrição para a telinha foram os poderes.

Antes de mais nada, é importante lembrar que originalmente a personagem tinha poderes diferentes e muito mais simples nos quadrinhos. Nas páginas, Maya Lopez tem reflexos fotográficos, o que significa que ela pode copiar qualquer movimento que ver com seus próprios olhos; ela pode imitar estilos de luta, dança, apresentações de instrumentos musicais e até dialogar em outros idiomas. Em algum momento, ela também já foi portadora da Força Fênix, mas não valor falar disso agora.

Este conjunto de habilidades é semelhante ao que o Treinador tem nos quadrinhos. Talvez, seja por esse motivo que essa dom da Eco foi significativamente mudado na adaptação. Ao invés de 'copiar' o que ela vê, ela 'copia' o que está no seu passado através de memórias ancestrais. A mudança dessa nova realidade da personagem é explicado com mais esmero na conversa que Maya tem com sua avó materna. Ela diz que ela está ecoando as habilidades de seus ancestrais mortos, e daí viria o seu codinome e uma boa explicação para ela começar a se chamar Eco. Sim, é algo novo, uma criação original do Marvel Studios, mas não necessariamente uma mudança ruim.

De certa forma, a série conseguiu um intento de fazer isso estar bem vinculado ao lado ancestral da personagem, e em essência, não muda muito o que a personagem é em relação aos quadrinhos. Ela continua sendo uma exímia lutadora e acrobata, com capacidade de "aprender" habilidades em instantes. Só que dessa vez, a fonte desse aprendizado é mais místico, ligando-a mais com suas raízes. A mais recente minissérie da personagem tem tentado trabalhar esse resgate da origem dela, inclusive dando-lhe um lado choctaw por parte de mãe. Na série, o uso dessa nova interação de seus poderes é vista a ligando a quatro mulheres do passado.

Após rápidas visões dos tempos mais antigos da história dos Choctaw, Maya Lopez vê imagens de uma ancestral chamada Chafa, interpretado por Julia Jones. Chafa não é baseada em uma pessoa real, mas sua narrativa tem conexões com a tradição Choctaw. Em primeiro lugar, o povo Choctaw se identifica como Chahta, e Choctaw é uma versão anglicizada deste autônimo. O significado de Chahta permanece obscuro, com o antropólogo John R. Swanton sugerindo uma ligação potencial com um dos primeiros líderes. Em segundo lugar, a história de Chafa partilha semelhanças com o mito da criação do mundo nas crenças Choctaw. A história da origem dos Choctaw começa com o Criador formando as primeiras pessoas do grande monte chamado Nanih Waiya. Esses indivíduos emergiram através de uma caverna escura, marcando o início do povo Choctaw.

Na série, Chafa é um desses ancestrais dos primórdios e usa uma espécie de superforça para conseguir se erguer de uma caverna em desabamento. Um dos primeiros poderes que o público vê Maya usar em Echo é a força ampliada, ou seja, quando sua perna protética fica presa entre os elos dos vagões do trem. Essas habilidades também são exibidas quando Maya enfrenta o Rei do Crime, e sua família pode usá-las contra seus capangas.

Outra habilidade 'ecoada' pela Eco é uma precisão incrível que vem de uma de suas ancestrais chamada Tuklo, vivida por Dannie McCallum. Na história de flashback vemos que a jovem é filha de um dos homens da Cavalaria Ligeira que protegia as terras Choctaw no passado. Apesar de o pai não aceitar que ela entre no grupo, Tuklo é uma ótima atiradora e essa precisão incrível é uma das habilidades que o Eco usa mais de uma vez nos capangas do Rei no rinque de patinação de sua cidade natal.

Outro eco do passado capturado pela Maya em sua história é o aprimoramento da estratégia pessoal de Lowak, uma outra antepassada vivida por Morningstar Angeline. Esta é difícil de entender, e provavelmente algumas cenas foram cortadas da série o que reduziu a visualização dessa outra habilidade ancestral que Maya pode acessar. A habilidade é exibida quando o show volta para o passado de Lowak num evento esportivo do episódio 2. A mãe de Maya também se refere à estratégia como uma das principais habilidades de seus ancestrais. É dito por insiders que Eco usaria esse dom também na hora de invadir o hotel onde estava Fisk sem ser notada.

No final, é revelado que a mãe de Maya Lopez, Taloa (Katarina Ziervogel), tem poderes especiais de cura, que são demonstrados na tela de diversas maneiras. A primeira foi como Taloa conseguiu curar o pássaro ferido. Mas há um método mais profundo de cura visto duas vezes, pois leva em consideração as memórias da pessoa que está sendo curada. Quando a mãe de Maya foi curá-la, ela foi puxada para aquele momento do acidente de carro quando Echo era mais jovem. Parece ser algo similar a uma 'regressão' e que a alma da pessoa traumatizada pode ser 'curada'. Mas isso parece ser algo que a pessoa em si precisa aceitar.

Então, no final, Eco usa essas habilidades para tentar curar mão só as marcas do olho como o trauma de Wilson Fisk. Neste caso, foi um momento em que Fisk era criança, ouvindo o pai batendo na mãe do outro lado de uma parede branca. Muitos acreditam que isso seria uma redenção forçada do Rei para o futuro, mas nada na série sugere isso. A cura é apenas da dor da angústia daquelas lembranças e não uma mudança da personalidade.

Por fim, percebe-se no capítulo final que o dom de Maya vai além de ela ecoar as habilidades do seus antepassados. Ela também pode reverberar isso para duas outras mulheres de sua família que estão presas pelo Rei do Crime - sua prima Bonny (Devery Jacobs) e sua vó Chula (Tantoo Cardinal). Em dado momento, meio que comandada por movimentos feitos pela própria Maya, ela fazem uso do conhecimento de Maya para lutar e assim atacam os capangas do Rei quase que no piloto automático.

A série não detalhou muito sob qual a extensão de tudo isso, mas há uma chance de que os dois de Maya estejam limitados aos ancestrais de sua família e que o uso seja por um breve momento no tempo.Talvez em uma aparição futura haja alguns esclarecimentos. Dado a boa recepção da série em sua semana inicial, é quase que certo pelos corredores da Marvel Studios que veremos mais uma vez a personagem seja numa continuação ou seja como participação especial em outra série.

Coveiro

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