terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Agente Carter: Minha Nova Heroína Favorita



Semana passada tivemos a estreia do segundo seriado Marvel nas telinhas: Agente Carter. Eu sou suspeita, claro, mas é mais um sucesso certo. Ao contrário da companheira de emissora (ABC) Agentes da S.H.I.E.L.D. que teve um começo complicado e demorou um pouco para virar o que é, Agente Carter já mostrou a que veio. Eu já adoro histórias com mulheres fortes como protagonistas, um sobre uma mulher forte em pleno machismo dos anos 40 é melhor ainda.


Vamos falar primeiro do óbvio. Eu vi reclamações ao “excesso” de feminismo no seriado. Discordo completamente. Um dos focos é sim a dificuldade de ser mulher no pós-guerra e, além de tudo, uma mulher incomum e com objetivos incomuns pra época. E, por isso, vemos muitas cenas de homens humilhando garçonetes, mulheres estereotipadas em um programa de rádio que traz histórias do Capitão América (uma enfermeira sexy em apuros...), mulheres que só podem morar sozinhas em pensões de moças... até se casarem, claro, o único grande objetivo que uma mulher poderia ter. E como a própria Peggy Carter é vista como uma “secretária” de luxo e não agente. Aliás, essa mania de “menosprezá-la” é um tema recorrente e fonte de muitas cenas boas dentro da RCE, Reserva Científica Estratégica (ou, em inglês, Strategic Scientific Reserve, SSR). Uma das melhores mostras da personalidade de Carter é quando um colega agente, Souza, toma suas dores e a defende e ela pede que ele não faça mais isso, Peggy não se enquadra na categoria mocinha que precisa ser salva. Ela mesma dá suas respostas como na cena em que dizem que ela é muito melhor em tarefas como arquivar documentos, pois ela tem talentos nesta área, em que ela retruca perguntando se o colega tem dificuldade com o alfabeto, no qual ela poderia ajudar. Então, não, não está exagerado, está absolutamente coerente com a realidade de uma mulher desta época.


Falando em época, esse é outro ponto positivo do seriado: ele nos passa completamente os ares de anos 40, sendo muito bem caracterizado em modos, cenários, roupas, etc. Até os "dispositivos" de espionagem pós-guerra são clássicos! Sobre a personalidade da heroína, é a mesma que vimos em Capitão América (filme cujas cenas aparecem no seriado, inclusive) e em seu “one-shot” - que saiu no DVD de Homem de Ferro 3 - uma mulher forte e que não depende de ninguém, mas que se preocupa com as pessoas ao seu redor e quer encontrar seu lugar neste mundo. Na série, essa personalidade ainda deve se desenvolver bastante, mas o que vemos é uma mulher que não sabe mais seu propósito após a guerra e nem como pode contribuir com o mundo. Na guerra ela sabia o que devia fazer, agora, tudo é mais complexo. Procurando sua chance de fazer algo, ela vira agente secreta e ainda tem que viver uma vida dupla onde para os outros, é apenas uma atendente de telefones. E esta vida com “identidade secreta” é um tema comum neste gênero, onde o protagonista acaba se afastando das pessoas que gosta para protegê-las. Peggy vive este drama após sua colega de quarto ser assassinada em meio a sua missão e após perder Steve. Mas, ao fim, ela chega à conclusão que não adianta se afastar (e decide morar na pensão de sua amiga garçonete, Angie).

Mas Peggy ainda tem mais a esconder, o mote da série é dado com Howard Stark (Dominic Cooper, que continua ótimo no papel) ser considerado traidor e, agora, fugitivo. Algumas de suas invenções (chamadas por ele de “Bad Babies”), foram roubadas e estão sendo vendidas para inimigos nazistas. Mas para os EUA ele é o culpado. Ele procura a amiga, e a pede que o ajude a achar o verdadeiro culpado e limpar seu nome. Ela reluta, mas, pensando sobre seu papel na agência, aceita, afinal, assim ela poderia ajudar mais que apenas atendendo ligações e arquivando documentos. Então Carter é uma agente secreta tentando descobrir algo sem contar a sua agência, o que deixa o seriado em uma “pegada” bem ALIAS (seriado estrelado por Jennifer Garner anos atrás). Outra lembrança de ALIAS são os disfarces que Peggy utiliza, sempre com maestria. Ela consegue ser sexy, forte, inteligente, desajeitada e engraçada. E, claro, se aproveita de como as mulheres são vistas para suas missões (seduzindo ou sendo invisível).


Outro ponto que vale menção é que, junto com Howard, aparece Edwin Jarvis, o mordomo do Stark que será parceiro de Carter no que ela precisar na tentativa de limpar o nome do amigo. O jovem Jarvis é interpretado de maneira exemplar por James D'Arcy (que parece ser o gêmeo perdido de Benedict Cumberbatch) e acrescenta um tom cômico e gracioso à série. Não tem como não ver o Jarvis das HQs nele (e achar sempre um fofo). Outro ponto positivo: Jarvis é um parceiro nada convencional para uma história de agentes secretos e, melhor, não tem interesse romântico na protagonista (um clichê que já cansou). Porém, ele parece estar por dentro de uma intenção secreta de Stark em contatar Peggy. Em um telefonema com o patrão ele diz “Sim, ela parece ser a escolha certa”. Para que é algo que descobriremos ao longo... seria para fundar a S.H.I.E.L.D.?

Outro mistério é em torno do vilão (algo feito bastante em todo universo de cinema/tv Marvel... é sempre mais divertido saber quem é o vilão aos poucos, não é?). Na verdade, uma trama que envolvem diversas “camadas” de vilões, desde dois capangas que tiveram suas cordas vocais removidas. Um deles, que fala através de um aparelho na garganta diz trabalhar para o “Leviatã” (quem leu Guerreiros Secretos?) e o outro (que parece mais sombrio e perigoso), se comunica com seu empregador através de uma máquina de escrever que capta um sinal e escreve “sozinha” (seria Zola?). Além disso, a empresa Roxxon está envolvida em fabricar os “bad babies” de Howard. Além da Roxxon, outro conhecido nosso que aparece é Anton Vanko (pai de Ivan Vanko, o Chicote Negro, no universo cinemático) que é um contato de Stark e ajuda Carter e Jarvis a entender a arma vendida. Todos estes mistérios devem ser desenvolvidos ao longo dos episódios e parecem prometer uma boa trama.


Preciso fazer 2 ressalvas antes de terminar: Uma é um easter egg mencionado por Angie ao apresentar uma das mulheres que vivem na pensão onde Peggy irá morar. Ela diz que “Mary é secretária na Goodman Kurtzberg & Holliway”, nome da agência de advocacia de Jennifer Walters (Mulher-Hulk) nas HQs, que na verdade possui um nome a mais: Goodman Lieber Kurtzberg & Holliway. A outra ressalva é que fico feliz da atriz Hayley Atwell não ser super magra como as heroínas escolhidas hoje em dia. Ela é curvilínea (e linda) o que é muito mais condizente com a beleza da época. Bom, não sei se consegui passar o que queria, mas, em resumo, uma série promissora, com muita coisa ainda para nos surpreender. Eu já virei fã (deu pra perceber, né?), e você?

Cammy

Nota do editor: E hoje a noite, teremos mais um episódio de Agente Carter! Fique de olho!

comments powered by Disqus