quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Pantera Negra: Uma nação sob nossos pés - Livro 2

Os diversos conflitos que tomaram o Reino de Wakanda foram longes demais ao final do primeiro livro desse gigantesco arco que deu o ponta-pé inicial na nova revista do Pantera. Os líderes rebeldes d'O Povo, Tetu e Zenzi, se juntaram ao vilão Ezekiel Stane e promoveram o primeiro grande ataque terrorista na capital que vitimou a Rainha-Mãe, Ramonda. Enquanto isso, as ex-Dora Milaje desertoras Ayo e Aneka, agora chamadas de Anjos da Meia Noite, reforçam suas fileiras nas montanhas Jabari e assim crescem como potencial ameaça. E por fim, Shuri segue seu treinamento no mundo espiritual chamado Djalia, um lugar definido como sendo a dimensão do  passado, presente e futuro coletivos.



Agora determinado a usar o braço de ferro, T'Challa convoca o seu primeiro reforço forasteiro para lidar com a situação - Dobra, o ex-vingador teleportador da fase de Jonanthan Hickman. Numa primeira missão, T'Challa e seus Cães de Guerra invadem instantaneamente o esconderijo d'O Povo nos campos Alkama e desmantelam uma das células terroristas. Lá encontram vários homens recém transplantados com a tecnologia Stane para servirem como futuros "homens-bombas". Um deles, foi levado para interrogatório e, mais tarde, ao ser relembrado da fidelidade de seu pai ao reino, resolveu ajudar o Pantera Negra entregando a localização de outras bases.

Quando retornou a capital, T'Challa se juntou com diferentes líderes de outros países que tem experiência em lidar com povos em constante revolta. São secretários ou chefes de estado de lugares conhecidos por serem turbulentos como Symkaria, Santo Marco, Albéria, Madripoor e Genosha. Em troca de uma boa carga de vibranium, esse conselheiros instruíam T'Challa a fazer algo que ele não está acostumado - a causar temor não em vilões, mas em pessoas comuns. Contudo, algumas páginas adiante, descobrimos que um desses conselheiros também  entrou em contato com Tetu, Zenzi e Stane e passou a eles os próximos passos que instruiu o Rei a tomar.

Tetu, Zenzi e Stane tinham outras intenções com aquelas informações. Antes de matar o representante de Genosha, gravaram a fala do conselheiro contando toda a iniciativa dura que T'Challa tomaria pra acabar com os terroristas. A gravação foi parar na intranet local de Wakanda e foi vista com muito maus olhos pelos cidadãos comuns, principalmente pelas desertoras Ayo e Aneka e pelo professor revolucionário Changamire. Aos poucos, mais e mais pessoas pareciam ouvir aquelas ideias sobre destronar T'Challa e acabar com a linhagem real de Wakanda.

Noutro momento, um novo ataque foi orquestrado por T'Challa, desta vez nas Terras Jabari. Ele enviou uma tropa de Cães de Guerra para as montanhas ao norte para acabar com a insurreição das Anjos da Meia-Noite. Contudo, o pelotão foi rapidamente obliterado pelo exercito de mulheres que agora se uniram de vez ao Tetu e Zenzi. 



Após se aconselhar com Tony Stark para entender melhor como funciona o modus operandi de Ezekiel Stane, T'Challa resolveu usar um antigo recurso criado por Doutor Destino ao seu favor e se injetou com Nanitas. Com seus dons amplificados, T'Challa invadiu sozinho uma nova base d'O Povo e encarou Stane. O vilão, no entanto, não estava só e revelou que fez alianças com os irmãos Struckers, conhecidos como Fenris, e tinha agora seu próprio teleportador, Vanisher. Só que o Pantera Negra também já tinha convocado seus próprios aliados e assim apresentou a GANGUE - Tempestade, Luke Cage, Dobra e Misty Knight.



O nome do grupo Gangue (originalmente, Crew) vai certamente passar desapercebido pelos leitores brasileiros, mas remete a uma equipe criada nos anos 90 pelo Pantera Negra na parte final da fase do escritor Christopher Priest. Aqui, ela está de volta numa formação um tanto diferente, mas com o mesmo intuito de ajudar o amigo Vingador. Juntos, eles detonaram os vilões e T'Challa deu um pau em Ezekiel Stane mesmo com os seus braços amarrados. Com a derrota certa, os vilões acabam desistindo e se teleportaram fugindo para longe.



Enquanto isso, Tetu e Zenzi receberam a visita do Professor filósofo Changamire, que afirmava enxergar melhor agora a necessidade das ações de Tetu e desculpou-se por ter sido severo com ele no passado. Mas ele só concordava em parte com os dois rebeldes, revelando que achava que deveriam se opor ao poder brutal do governo, mas não pode aceitar as ações rebeldes abrutptas de Tetu e Zenzi massacrando inocentes. Irritada, Zenzi usou seu poder contra o velho professor, mas Tetu impediu que ela fizesse qualquer mal ao seu Professor. No fim, eles se separam por ideais diferentes, com o Tetu revelando que se ele não pode controlar a situação ou resolver o problema, ele destruirá tudo.

Após o combate com Stane, a Gangue se reuniu na Necrópole para se despedir. Agora, quando T'Challa precisasse deles de novo, será só pedir. É curioso ver no entanto que mesmo com o casamento anulado, o amor entre T'Challa e Ororo permanece. No fim, só quem ficou para continuar a batalha ali é Dobra, que tem uma missão muito mais ousada a pedido do Rei - ajudar a salvar a sua irmã morta Shuri. Nesse encadernado, nos é revelado que Shuri na verdade não foi exatamente morta durante os eventos de Guerras Secretas, mas sim colocada numa espécie de estase chamado "Morte em Vida", algo que outrora já foi usado até mesmo contra Thanos. Agora, usando uma tecnologia sem precedentes e o poder dimensional de Dobra, o Pantera Negra pretende alcançar sua irmã nesse plano onde está presa.

Ao longo de todo esse encadernado, Shuri esteve aprendendo seu novo papel em Djalia, onde o espírito que a guiava e que tinha a forma de Ramonda lhe contou várias histórias do passado de seu povo. Reviveu os primórdios da fundação dos Wakandianos, viu histórias de superação de mulheres do passado e ouviu parábolas sobre proezas de jovens lendas fazendo coisas quase que divinas. Agora, ao fim do seu treinamento, ela sentiu a chegada de seu irmão que a esta procurando. Uma fenda dimensional abriu-se no céu de Djalia e o espírito-guia liberou Shuri para voltar. Agora, ela será Aja-Adanna, a Guardiã do Conhecimento Wakandano, e relembrará os que esqueceram as histórias que criaram seu povo. Assim, quando menos se espera, Shuri surge atrás de T'Challa e Dobra, usando uma vistosa roupa que relembra os seus ancestrais.



Essa vertente política da fase de Ta-Nehisi Coates tem sido muito bem vinda ao personagem. A dualidade entre ser Rei e ser herói coloca T'Challa numa situação nunca antes vista pelos leitores, principalmente por deixá-lo mais vulnerável do que suas tomadas anteriores que estamos mais acostumados. Christopher Prieste e Reginald Hudlin sempre o colocaram num patamar quase que divino, bem diferente do homem combalido por decisões erradas como vemos agora. É até estranho ver um Pantera Negra tão inseguro como é retratado no começo desta parte.

Já do meio pro fim o roteiro toma ares mais aventurescos e fica menos carregado, o que casa perfeitamente com a arte de Chris Sprouse. Percebe-se de longe que a história tomou contornos mais detalhados nas páginas, as expressões são mais fáceis de interpretar. A chegada da Gangue também alivia mais o peso e densidade da trama, o que só faz bem para deixar os rumos mais prazerosos de se ler. Para quem gostava do Casal T'Challa e Ororo, essa edição chega até ser um alento.

E junto, o encadernado traz algumas capas dessas edições aqui contidas e de variantes, além de um mapa mais atual de Wakanda e duas histórias antigas do personagem, publicadas em Jungle Action 6 e 7. Por fim , se não leu nossas resenha anterior, clique aqui!

Coveiro

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