sexta-feira, 12 de abril de 2024

Beau DeMayo explica como os traumas do mundo real inspiraram o episódio 5 de X-Men '97

Ainda sem explicar direito o motivos da sua demissão antes da estreia do desenho e depois de um tempo isolado das redes sociais, o showrunner e escritor principal de X-Men '97 finalmente quebrou seu silêncio ontem após todo o alvoroço causado nas redes sociais com o lançamento do episódio 5 da animação chamado "Remember it".  Após responder muitos comentários dos fãs que pareciam atônitos, mas elogiosos a sua escrita, ele postou um texto no Twitter:

Segue a transcrição traduzida do texto dele:

Temos muitas questões, então eu resolvi momentaneamente quebrar o silêncio para responder. O Episódios 5 foi uma peça central de minha ideia para Marvel em Novembro de 2020. A ideia de ter os X-Men espelahndo a jornada de qualquer um de nós que crescemos vendo o desenho original e tendo a experiência enquanto crianças nos anos 90. O mundo parecia ali ser um lugar seguro para nós, onde uma personagem como a Tempestade poderia comentar sobre como o racismo baseado na pele era "atrasado" no episódio "One Man's Worth". Para a maior parte, nos como mentes jovens, o mundo era um lugar simples de certo e errado, onde questões sobre identidade e justiça social teriam relativamente respostas claras e curtas.

Então aconteceu o 11 de Setembro e o mundo se virou contra ele mesmo. As coisas não pareciam ser tão seguras como eram. Movimentos populistas simplórios começara a surgir ao redor do mundo enquanto que toda a nação lutava para lidar com um trauma e fratura coletivos que permeava toda a diversa demografia. Os efeitos ainda sentimos hoje, e apenas se tornaram exarcebados por mais traumas coletivos como COVID e algumas recessões.

Para mim, pessoalmente, meu 11 de Setembro foi quando sai do armário para a minha familia e me dei conta que nem todo mundo iria mais me aceitar. Foi quando entrei na faculdade e me dei conta que certos grupos iriam me evitar, ou que o Supercuts de Tallahasse recusaram o meu serviço porque eles não faziam "cortes de cabelos etnicos". Realidade, como a jubileu descobre no episódio 4, se torna algo bem real e bem assustador. Isso acontece com muitas pessoas. Nós temos crianças e temos nosso empregos como grandes desafios. Subitamente, não é suficiente para nós para sobreviver. Temos responsabilidades e pessoas cuja sobrevivencia dependem de nós arcando com essas responsabilidades. Estamos crescendo...



Se você for como eu, você irá assistir os episódios antigos do desenho original para se confortar e se acomodar. Deus sabe o quyanto eu fiz durante a COVID. Mas assim como Roberto avisou a Jubileu, há perigo em viver no passado e se prender a nostalgia. Há perigo em não abrir mão de quem achamos que somos, como Ciclope e a Jean estão aprendendo. Nos deixa estagnados, e perigosamente desatentos com o futuro que não antecipamos.

Sim, parecia que a história de Gambit iria para uma direção específica. O top crop foi escolhido para fazer você amar ele. Ele tirando a camisa foi intencional. Há uma razão para ele dizer a Vampira que qualquer idiota aceitaria sofrer para tirar a mão dela numa dança, mesmo que não fosse ele quem acabasse sofredo. Mas se eventos ocmo 11 de Setembro, Tulsa, Charlottesvilla e a boate Pulse nos ensinaram alguma coisa foi que muitas histórias são sempre finalizadas de forma muito prematura. Eu frequentava a Pulse. Era meu Clube. Eu tenho tantas boas memorias daquele espetacular lounge branco. Era como Genosha, um lugar seguro para mim e para todos que como eu queriam dançar, gargalhar e ser livres. Eu pensei nisso muito quando estava desenvolvendo esta temporada e este episódio, e em como a comunidade gay de Orlando ressurgiu para se curar daquele evento.

Como muitos de nós que cresceram com o desenho original, os X-Men agora foram atingidos duramente pela realidade de ser um adulto num mundo inseguro. A vida aconteceu com eles. E eles, assim como aconteceu com a gente, terão que decidir que partes deles mesmo eles irão se apegar e que partes eles irão deixar seguir para fazer aquilo que eles estão dizendo para a humanidade fazer: encarar um futuro incerto que eles nunca viram chegar. Como Trask contou a Ciclope na premiere: vocês não tem ideia de como é ser deixado para trás no futuro". Mas agora os X-Men tem, e como cada um de nós, eles terão que pesar se agora é a hora para fazer justiça social - ou como o Magneto falou em seu julgamento - se é a hora de cura social.



De fato, o episódio 5 mostra bem essa sensação de termos nossa paz tirada e se chocar com o lado mais obscuro da realidade. Os X-Men representados por Magneto, Vampira e Gambit foram até Genosha presenciar o surgimento do seu governo. O conselho formado temporariamente até tentou fazer de Magneto o regente de lá, que ele aceitaria com uma condição apenas de Vampira ser sua consorte. Isso obviamente levou a mais melodrama do triangulo amoroso formado entre Magnus, Gambit e Vampira. Mas quando tudo parecia ser parte apenas de uma novelinha que os fãs adoram acompanhar dos mutantes, somos levados a momentos catastróficos de um Tri-Sentinela atacando e matando todos em Genosha. Muitos sequer tiveram tempo de pensar em como agir. No fim, em meio a milhares mortos, o episódio termina com aparente 2 baixas importantes do grupo dos X-Men.

O elenco de voz de X-Men '97 conta com Ray Chase (Ciclope), Jennifer Hale (Jean Grey), Alison Sealy-Smith (Tempestade), Cal Dodd (Wolverine), JP Karliak (Morfo), Lenore Zann (Vampira), George Buza (Fera), AJ LoCascio (Gambit), Holly Chou (Jubileu), Isaac Robinson-Smith (Bishop), Matthew Waterson (Magneto) e Adrian Hough (Noturno). Beau DeMayo é o produtor executivo e roteirista principal da nova animação. Jake Castorena é o diretor desta primeira temporada.

Os três primeiros episódios de X-Men '97 já estão sendo transmitidos no Disney+.

Coveiro

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