sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Morte e Vida Mutantes


Wolverine #48

No último arco de histórias da revista Wolverine, compreendida entre as edições 32 e 37, vimos a caçada do mutante canadense ao principal responsável pela morte de mais de 600 pessoas em Stamford, Connecticut, estopim da Guerra Civil que se seguiu à aprovação da lei de registro de superseres. Além de descobrirmos que um grande interesse corporativo movimentou as ações de Nitro, vislumbramos também o que foi, para a maioria dos leitores, uma das maiores apelações relacionadas ao personagem título. Após ser incinerado por seu alvo, Wolverine, mesmo reduzido a ossos de adamantium, regenerou-se e continuou a caçada. É na edição 38 que lemos a história em que Marc Guggenheim tenta nos explicar como isso aconteceu.

Boa parte da história é narrada em off por Logan, que começa desde sua caçada ao Cruzado na primeira parte de seu tie-in de Guerra Civil. A queda do avião, que matou a todos menos ao mutante, o colocou em uma espécie de coma, durante o qual ele nos trouxe reflexões acerca da dor física, com a qual está habituado, já que o simples ato de ejetar suas garras causa dor, e de outro tipo de sensação. É o que ele define como “dor na alma”, que sempre o aflige quando seu fator de cura é insuficiente para regenerar seu corpo instantaneamente. Perturbadora psicologicamente, essa é uma sensação que Wolverine sentiu poucas vezes durante a vida. Em uma espécie de representação do pós-vida, Logan enxerga uma luz, para a qual não pode caminhar. Além da presença de algum ser cuja identidade ele ainda não revela, mas que sempre o espera.

Wolverine: Baixas de Guerra

De volta à consciência, Logan vai atrás de Nitro com os agentes da SHIELD e é atingido por sua explosão e reduzido aos ossos, como vimos anteriormente. Após ser incinerado, o que só dói nos primeiros momentos, como ele mesmo explica, Wolverine vai parar de novo em uma espécie de limbo e, aos poucos, as coisas vão sendo clarificadas. Lá encontra o que sua cabeça projetou como Jean Grey, que encarna o papel de sua consciência. Os motivos de sua representação podem ser vários: grande amor da vida dele, a relação dela com a sempre ressurgida Phoenix, ou mesmo o fato de Jean Grey também manter uma relação peculiar com a morte. O que importa é que ficamos sabendo que aquela é a alma de Logan, e que além dessa consciência que o acompanha, só o que importa para sua morte plena ou ressurreição é a luz e Lázaro, o ser misterioso que o aguarda a suas portas.

Wolverine: Baixas de Guerra

Mais uma vez Wolverine volta. Dessa vez mais lentamente, em uma descrição bizarra do que foi a regeneração a partir dos ossos. Só com os olhos funcionando (demora para os tímpanos se formarem e ele escutar o que Nitro falava), ele vai descrevendo toda a reestruturação de seus sistema nervoso, circulatório, muscular, etc., o que nos dá também oportunidade de saber que o vilão também precisava de um tempo para se recuperar da exaustão causada pelo uso de seus poderes.

Wolverine: Baixas de Guerra

Em uma seqüência rápida, repassa-se todo o arco, desde o encontro com os atlantes e Namor e do confronto submarino com Nitro, a descoberta do envolvimento da Controle de Danos Ltda., e da “morte” de Logan após saltar do aeroporta-aviões da SHIELD. E é a partir daí, quando ele vira “pizza” segundo suas palavras, que temos a revelação final do que ocorre com a alma de Wolverine quando ele morre.

Lázaro se revela. Um homem trajado como um cavaleiro, com uma longa espada e um manto. Alguém que, segundo Logan, está ali naquele limbo desde que foi morto por ele, cujo confronto sempre se repete quando sua alma vai para lá. O preço do confronto é alto. Se o mutante vence, ganha mais uma chance de voltar à vida, se perde, morre “de vez”. E o encontro anda cada vez mais freqüente. Wolverine lamenta que, mesmo vencendo e sobrevivendo, sente um vazio pois isso o afasta das pessoas que, mortas, só poderia encontrar caso fosse derrotado por Lázaro.

Wolverine: Baixas de Guerra

É então que descobrimos que Logan conta isso para a atlante que tentava capturar Nitro com mais dois de sua raça, na cama, após uma relação que ela mesma diz ser puramente sexual, dispensando o que acredita ser a forma dele dizer para ela não se apegar. Negando tal intenção, ele afirma que só queria conversar sobre isso. Ela diz que compreende o que deve ser a dor de sempre negar à alma seu repouso final. Wolverine fala que sabe porque faz isso sempre. Porém, sob uma imagem que lembra uma zona de guerra do início do século XX, diz ainda não estar pronto para contar.

Wolverine: Baixas de Guerra

Mesmo um tanto “poética”, essa explicação não foi engolida, com razão, por boa parte dos leitores. Daqui a dois meses começará um arco de Wolverine roteirizado por Jeph Loeb e, para compensar, ilustrado por Simone Biachi, no qual ele encontra um velho adversário e desvenda mais fatos de sua rivalidade. Somente após isso a parte da história que Logan não quis contar será revelada.


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