quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Resenha 616: Quarteto Fantástico



Cerca de 10 anos após o lançamento do seu primeiro filme pela Fox, o Quarteto Fantástico volta para as telonas em um reboot. A trama, que conta com um elenco totalmente novo, busca reintroduzir esses heróis no imaginário da cultura nerd atual. Teria a FOX conseguido desta vez?

Logo de cara preciso deixar claro: o filme falhou. Não importa qual fosse a intenção dessa produção, ela falhou. Falhou em produzir um longa que deixasse os leitores dos quadrinhos orgulhosos. Falhou em consolidar novos heróis nesse nicho que está com tanto destaque. E principalmente, falhou em apresentar um filme para a massa que despertasse o mínimo de atenção.

A trama dessa produção gira em torno, em todos os seus 100 minutos, da origem do Quarteto Fantástico. Não é um filme "com a origem", é um filme "de origem". E isso deixou a história como um todo bastante maçante.

Dentre todos os problemas que a produção apresenta, o que mais grita aos olhos do telespectador é o roteiro. E credito aqui as várias alterações desnecessárias e as (des)caracterizações dos personagens, que por vezes não fazem sentido. Nem os diálogos se salvam. É clichê atrás de clichê. A cena em que a equipe define o seu nome, Quarteto Fantástico, é tão previsível, que mesmo sem assistir ao filme, você consegue adivinhar todas as falas na sequência. 




Victor von Doom, o maior antagonista das histórias da Marvel Comics, que a anos anda nos tons de cinza, que sempre mostrou que busca proteger a Terra e a sua amada Latvéria, nesse filme foi reduzido um vilão unilateral. Alguém que só tem o desejo de destruir. Um louco, não no sentido complexo do adjetivo, mas na concepção mais infantil possível. Doom foi diminuído a um maluco egoísta e mesquinho, que surta ao adquirir grandes poderes (que não são explicados no filme) e resolve tocar o terror. Simples assim.

Os demais personagens do elenco não chegam a ofender tanto, mas estão "sem sal". Reed Richards, o protagonista, é o que mais se destaca. Mas não poderia ser diferente, é o ator com mais tempo de tela. O seu intérprete, Miles Teller, por vezes apresenta uma atuação bastante fraca, mas consegue ser razoável no geral. Sue, Ben e Johnny são quase elementos neutros. Enquanto o Coisa ganha um mínimo de estrelismo quando é usado pelo exército, os dois irmãos pouco tem a acrescentar na trama. Mas por mais que as atuações não sejam marcantes, bato novamente na tecla do roteiro.



A principal característica do Quarteto Fantástico é a relação família entre os membros. Nesse longa não existe nenhuma química entre os atores. A cena da batalha final chega a deixar os telespectadores envergonhados de tão mal feita. Algo claramente produzido as pressas e nas coxas.

O fato de Johnny Storm ser negro e Sue ser adotada não influencia negativamente em nada a produção. Porém, já que introduziram esse elemento novo no relacionamento da equipe, era de se esperar pelo menos algumas cenas que justificassem essa mudança, algum desenvolvimento entre esses irmãos que mostrasse que o amor entre a família não precisa envolver conexões sanguíneas. Mas não, isso também não acontece.

Para não dizer que nada se salva, a abertura é bastante interessante e promissora. A infância de Richards e a sua amizade com Ben Grimm ficaram bem convincentes, a união perfeita do cérebro com o músculo. É de se lamentar que desse momento até o final do filme, foi apenas ladeira abaixo.

Quanto as referências aos quadrinhos, vá desapegado delas. Basicamente a única coisa que mantiveram foi o nome dos personagens, os poderes e o nome da equipe. A tão esperada Zona Negativa foi trocada pelo termo Terra Zero, para lamento dos fãs dos quadrinhos ávidos por referências.  E mesmo existindo uns ou outros poucos easter eggs lá ou cá (como a Central City, base naval de onde o Quarteto Fantástico viajou para o espaço e adquiriu seus poderes cósmicos nos quadrinhos), elas se perdem em meio a todo o resto que foi mexido e alterado.


Trata-se de um longa que não se salva pelas atuações, nem pelo roteiro e muito menos pelos personagens cativantes; Para um filme do gênero de super-heróis, as cenas empolgantes são muito escassas. Como saldo final, não seria absurdo achar o primeiro Quarteto da Fox melhor do que este. A proposta lá pelo menos era um evidente humor, os atores não eram tão bons, então se esperava menos. Aqui esperava-se bastante do elenco e este acabou praticamente desperdiçado; e o tom mais "sombrio", puxado para fracassada tentativa de fazer um filme interessante de ficção científica, tornou no fim tudo mais chato.

E antes de finalizar, alerto a todos que o filme não possui cena pós-crédito. Então não repitam o meu erro, não fiquem até o final dos créditos, não vale a pena.

Para fechar com chave de ... confira minha participação no canal Side Quest comentando o filme do Quarteto Fantástico imediatamente após o término da cabine de imprensa. Desculpe os ânimos exaltados, sou um tremendo fã deste grupo.



Kinhu Heck

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