quinta-feira, 6 de agosto de 2015

X-Force: Terapia em grupo

Que a X-Force sempre foi uma espécie de versão mais “problemática” dos X-Men, não é segredo. Mas o primeiro arco da versão mais recente da equipe mostra que dessa vez, cada um dos integrantes tem sérios problemas, que tenta esconder de seus colegas. O problema é que, com tanta gente problemática no mesmo lugar, o grupo pode implodir antes mesmo de deter a ameaça que vem jogando (ainda mais) o mundo contra os mutantes...



Não estranhem o longo intervalo entre a resenha do começo do primeiro arco de X-Force (publicada em maio) e esta que conclui o primeiro arco: a história aqui apresentada ocupou três edições de X-Men Extra – 015, 016 e 017. Simon Spurrier manteve-se no roteiro, enquanto a arte ficou a cargo de Rock-He Kim e Jorge Molina.

Devido a esse longo espaço de tempo, vamos relembrar o que vimos da última vez: Cable recrutou uma nova X-Force como resposta ao incidente de Alexandria, em que uma mutante aparentemente foi responsável pelas mortes de três mil pessoas. Em sua investigação, o grupo descobriu que o responsável pelo acontecimento é um humano, o magnata russo Volga. Próximo passo: encontrá-lo e detê-lo.



Fazer isso não seria tarefa fácil normalmente, mas a situação atual de cada integrante torna a situação ainda mais complicada. A primeira a mostrar isso é Psylocke, que de dia é uma reconhecida heroína nos X-Men e à noite foge secretamente para participar do grupo de Cable. Isso permitiu a ela usar Cérebra para descobrir a existência de Antônio Assis, um mutante brasileiro que trabalhou para o vilão. A X-Force localizou Antônio preso em uma base militar, e, quando seus colegas libertaram outros prisioneiros mutantes para que os ajudassem a enfrentar os soldados no local, Betsy mostrou por que pediu para fazer parte do time: seu período com formações anteriores da X-Force deixou-a viciada em matar. O que ela fez com os soldados do local.



Infelizmente, o resgate de Antônio foi um fracasso: uma projeção energética de Volga apareceu no local (como ele fez isso se é só um humano comum? Continue lendo essa resenha!) e destroçou o pobre mutante. Felizmente, as espionagens conduzidas por Cable revelaram a existência do Le Bureau Discret, uma equipe super-humana secreta a serviço do governo francês – e um de seus integrantes, Le Necrogateur, é capaz de ler as mentes dos mortos. Fantomex foi encarregado de atrai-lo fazendo parecer que uma colega havia morrido, mas seu desempenho foi... vergonhoso. Descobrimos aí o segredo dele: após ter seus cérebros colocados em corpos diferentes, o Fantomex atual apresenta uma necessidade doentia de provar ser o melhor no que faz, provocado por E.V.A., mesmo sem acesso às habilidades que ficaram com os outros corpos. O exagero nas expressões em francês? Só pra esconder a piora na sua pronúncia e o fato de ele mesmo não saber falar esse idioma...

Seja como for, a captura foi concluída, e o agente francês disse o que encontrou na mente do falecido Antônio: ele era forçado por Volga a viajar entre dimensões para roubar suas tecnologias, de vírus musicais a um tratamento para criar supersoldados. Mas havia um efeito colateral... e a extensão disso só foi explicada quando a X-Force invadiu o iate voador de Volga. Fácil demais? Pois é, nada mais que uma armadilha do magnata para colocar seus capangas de superpoderes artificiais para enfrentar os intrusos mutantes. Infelizmente, foi a vez de Medula ver revelado o segredo que escondia até dela mesma: ela foi uma cobaia desses experimentos. Ela estava grávida. Ela perdeu o bebê por isso. E, a parte mais triste: ela sabia desse risco e mesmo assim foi voluntária na experiência, só pra recuperar seus poderes. Sim, agora nós sabemos por que ela tinha tantos monólogos internos com alguém que chamava de “neném”...



A descoberta deixou Medula devastada e a X-Force desestruturada, permitindo que todos fossem facilmente capturados. Quer dizer, todos menos Cable, cujo corpo explodiu devido a um gatilho genético que acelera a decomposição celular e é ativado por uma sequência de tons musicais. Enquanto estava presa no diretório de vídeos dos computadores de Volga, a novata MeMe e os leitores aprenderam mais sobre o incidente de Alexandria: Cable e sua filha, a ex-messias mutante Esperança, visitaram a convenção de armamentos. Quando uma conferencista revelou ser mutante, ela subitamente foi afetada pela sequência de tons musicais transmitida em seu fone de ouvido. Ao tentar salvá-la, Cable foi infectado pela biotecnologia dos supersoldados – que os faz detonar após um dia – e, para piorar, Esperança acabou “copiando” essa biotecnologia em seu corpo. Os dois mal conseguiram fugir da explosão da palestrante, descobrindo Fantomex e Medula igualmente desorientados nas imediações.

Quando tudo parecia perdido, a base de Volga foi invadida por Doutor Nêmesis e... Cable? Apesar da confusão, a X-Force conseguiu se reorganizar e destruir os supersoldados de Volga. Mas o vilão ganhou ele mesmo poderes artificiais, conseguindo transportar sua essência vital para longe enquanto seu corpo entrava em sequência de autodetonação. Cable, que estava segurando ele, mais uma vez morreu.



Mas, ao voltar para sua base, a X-Force encontrou-o ainda vivo. E assim, descobrimos os segredos de Nathan e MeMe: no caso dele, seu corpo encontra-se congelado enquanto Nêmesis cria um clone por dia (infelizmente, a biotecnologia de autodetonação também se replica em seus clones, dando-lhes um tempo de vida bem curto). Já no dela, descobrimos que a verdadeira MeMe sofreu morte cerebral – a consciência cibernética que vem acompanhando a equipe é de ninguém menos que Esperança, copiando os poderes dela para agir enquanto seu corpo é mantido em coma.

Como eu disse na primeira resenha, à primeira vista a X-Force atual poderia parecer totalmente descaracterizada. Mas, em um arco, Spurrier conseguiu não só apresentar uma nova ameaça como mostrou que tudo que parecia um erro na verdade foi meticulosamente planejado. Para mim, esse primeiro arco foi uma grata surpresa, e devo antecipar que ainda haverá muitas outras surpresas pela frente, várias das quais estão intimamente ligadas a detalhes dessa primeira história que podem passar despercebidos para muitos leitores. Recomendo que continuem acompanhando essa série: o desenvolvimento da trama vale muito a pena.

Fernando

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