terça-feira, 11 de agosto de 2015

Wolverine e os X-Men: Sem Futuro?


A perda do fator de cura de Wolverine tem o levado constantemente a se preocupar com sua recém-adquirida vulnerabilidade. De alguma forma, o Carcaju percebe que seu tempo está acabando e começa a resolver uma série de pendências, antes que seja tarde demais. Mas como os leitores estão cansados de saber, tempo é algo que Logan sempre soube aproveitar muito bem, haja visto a sua múltipla participação em diversas equipes. Como ele agirá dessa vez é o que nos mostrará o escritor Jason Latour e um verdadeiro "pool" de desenhistas: Massimiliano Vetri, Marc Deering, David Messina, Paco Dias e Gaetano Carlucci. Tratam-se das duas primeiras partes do arco "Sem futuro?", publicadas lá fora em Wolverine and The X-Men #7 e #8 e aqui em Wolverine #6 e #7 pela Panini.

Logan encontra em São Francisco o advogado Matt Murdock, o vigilante cego conhecido como Demolidor e pede que ele tome algumas providências em relação à escola que fundou e que dirige, a Escola Jean Grey para Estudos Avançados. Ele pede também que Matt apresente um mandado de segurança contra uma ex-namorada, a jornalista Melita Garner, que está empenhada em escrever uma "biografia não autorizada" a respeito dele. As intenções da moça são as melhores, mas Logan não quer que ela morra por causa disso. Matt não gosta muito dessa última incumbência, mas atende ao desejo de seu cliente.


Enquanto isso, Ororo Munroe, a Tempestade, a atual namorada do canadense, tenta cuidar do dia a dia da EJG. Ela chama a jovem Indie Okonkwo, que passou por uma experiencia traumática no futuro, mas Indie está muito deprimida com o que presenciou lá e não quer saber de conversa com ninguém. Em seguida, Ororo tenta interromper a bebedeira de Fantomex, mas a única coisa que ela consegue é ouvir dele um alerta sobre o risco que a EJG corre agora devido ao fato de Wolverine já não causar mais o mesmo temor que antes aos seus amigos e inimigos.

Como se fosse uma compensação involuntária para um dia ruim, Ororo recebe um telefonema de Logan convidando-a para jantar. Ele escolhe um lugar perfeito para isso, o ecossistema em miniatura chamado Mundo, que é guardado por Fantomex e aonde o tempo se passa bem mais devagar do que fora dele. É para lá que ambos se dirigem e aproveitam para viver uns "bons momentos" em paz, além de conversar sobre o que existe entre eles. 


Nem tudo é só diversão e prazer. Eles acabam se envolvendo com o pedido de um ancião chamado Azuth para deter um antigo pupilo cheio de ressentimentos. o Rei da Guerra, que quer controlar as máquinas do tempo que viabilizam a evolução no interior do Mundo. A missão é bem sucedida, Ororo se torna rainha do lugar e a estadia do casal acaba se prolongando mais do que o previsto. Logan não gosta muito da situação, pois ele queria "fugir deste tipo de vida", ao que o ancião responte: "é impossível fugir da vida." Em outra conversa que teria com Azuth, Logan diria que concorda com ele e o encorajaria a tomar uma atitude mais proativa em relação a seu papel de educador,

Quase um ano se passa e o casal lida com várias peripécias da melhor forma possível. Logan começa a construir uma casa de madeira e, quando ele conclui a tarefa, abre o seu coração para Ororo: "Demorou muito pra gente chegar aqui, pra superar ela, a Jean. Pena que precisei chegar tão perto do fim pra me tocar do que sempre esteve na minha cara, pra finalmente te enxergar. Pena que não posso parar o tempo pra sempre." Ela responde, enquanto voltam para reassumir suas tarefas na EJG: "É impossível conter o avanço do tempo. O fardo do passado é inevitável, mas ele pode ser o que precisamos para construir o caminho do futuro".  Enquanto isso, Azuth abre uma turma de alunos no lugar que Logan construiu, batizado com o nome de "Escola James Logan Howlett para o Mundo".

Gostei deste início de arco. Jason Latour escreveu uma história enxuta e capaz de comover aos leitores. Confesso que antes achava "forçado" o relacionamento de Logan com Ororo, mas Latour explorou isso tão bem que agora tendo a mudar de opinião e lamento que não haverá muito mais tempo para que eles continuem juntos. Mais uma vez, o escritor demonstrou respeito a Jason Aaron ao resgatar uma coadjuvante que era bastante presente na fase que este escreveu para o mutante canadense, Melita Garner, com quem Logan formava um par bem interessante. 

De maneira surpreendente, a infinidade de artistas reunidos para desenhar a história não fez com que sua identidade visual ficasse comprometida. Os desenhos não são excepcionais, mas o traço é competente e a narrativa é boa.

C@rlos

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