sexta-feira, 1 de março de 2013

Fabulosos X-Men: Os maiores heróis da Terra

Como todos sabem (ou deveriam saber), no final da minissérie O Cisma, uma série de desentendimentos com Ciclope levou Wolverine a voltar para Westchester levando consigo metade dos X-Men. Já sabemos como ficaram os X-Men de Westchester, mas e os que ficaram em Utopia? Bem, digamos que Scott tem planos definidos e grandiosos para a equipe. O problema é que inimigos do grupo também têm seus próprios planos...



O cisma entre os X-Men fez com que Ciclope definisse o papel de cada um de seus seguidores em Utopia. Cristal ficou com a responsabilidade de liderar os adolescentes na ilha no combate ao crime em São Francisco. O esquadrão de Dani Moonstar, formado basicamente pelos antigos Novos Mutantes, continua cuidando de pontas soltas deixadas pelos X-Men em missões anteriores. Psylocke vem monitorando ameaças potenciais aos mutantes, pronta para alertar seus colegas ao primeiro sinal de perigo. O Clube X continua cuidando das questões científicas e tecnológicas (com o Dr. Nêmesis gentil e bem-humorado como de costume...), e Esperança Summers e suas Luzes (menos Oya, que foi com Wolverine para Westchester) seguem procurando novos sinais mutantes pelo mundo.

(há um gráfico bacana que mostra toda a divisão de equipes em Utopia, mas infelizmente a Panini não o publicou na revista...)

Mas Ciclope tem um plano ainda mais ousado, e este plano tem um nome: Equipe de Extinção. Trata-se basicamente do grupo de elite em Utopia, formado por ele mesmo, Emma Frost, Magneto, Namor, Tempestade, Colossus, Magia, Perigo e Esperança. O objetivo desta equipe: lembrar ao mundo de que eles são os maiores heróis da Terra, prontos para enfrentar ameaças em escala global. Como Scott bem lembra, não foram poucas as vezes em que os X-Men salvaram o mundo; apesar disso, eles e os demais mutantes ainda são alvo de medo, violência e perseguição. Aí entra a outra função da Equipe de Extinção: deixar claro que ameaças aos mutantes não serão mais toleradas. Não mexam com os mutantes, e a Equipe de Extinção garantirá a segurança do mundo... mexam com os mutantes, e sofram as consequências.



A postura é radical, e os próprios membros da equipe (especialmente Tempestade) reconhecem isso. Mas como Scott diz, agora a meta não é apenas defender Utopia, e sim garantir proteção a todos os mutantes do mundo - inclusive àqueles que agora moram em Westchester. Tempos difíceis às vezes levam a decisões difíceis.

Seja como for, leva apenas uma semana para que a Equipe de Extinção encontre uma primeira ameaça: a cabeça do Celestial Sonhador foi removida de seu corpo! E o responsável é ninguém menos que o Senhor Sinistro, que logo de cara usa o corpo do Celestial para atacar os X-Men (e arrancar um braço de Emma Frost no processo - menos mal que ela estava na forma de diamante...).



Sinistro, aliás, de certa forma acaba roubando a atenção dos leitores e assumindo o posto de protagonista da história, com sua personalidade narcisista, arrogante e cruelmente brilhante. Ele criou o que classifica como "uma espécie perfeita" - formada basicamente por clones dele mesmo, sem traços de individualidade. Ao arrancar a cabeça do Celestial, seu plano era atrair os demais Celestiais à Terra para exterminarem os humanos, deixando mutantes e "sinistros" como as duas sociedades sobreviventes.

Com seus poderes mentais subjugando a maior parte da Equipe de Extinção (e Emma impedida de usar sua telepatia sem retomar a forma humana e sofrer uma hemorragia intensa), ele não contava com Esperança Summers. A messias mutante acerta um tiro na testa de Essex, mas não sem antes ele confirmar a ela o que os leitores vinham indagando há muito tempo: a origem de Esperança está ligada à Fênix. Como essa revelação a afetará? Só o tempo dirá...



O problema é que Sinistro continuava vivo, mesmo depois de Perigo exterminá-lo mais algumas vezes. Pelas suas explicações, sempre que seu corpo morre, sua consciência é transferida para o corpo de um dos seus cidadãos-clones; Sinistro não é mais um indivíduo, mas todo um sistema. O vilão só pôde ser derrotado quando Emma assumiu sua forma orgânica (suportando a dor do braço amputado com ajuda de Namor) e invadiu sua mente, forçando-o a devolver a cabeça do Sonhador ao seu corpo. Ainda assim, um novo Sinistro apareceu e levou o Palácio das Artes de São Francisco embora, não sem antes dizer que sabe que Ciclope quer estabelecer sua equipe como os maiores heróis da Terra, mas que Scott se tornará mais odiado que ele quando os dois se reencontrarem.



Mas ainda restava um desafio: a vinda dos Celestiais para a Terra, informada em segredo pela Agente Brand (o rancoroso Fera não ficaria feliz em saber que sua namorada confia em Ciclope para ajudá-la em questões extraterrenas...). Scott tenta conversar com os Celestiais e afirma que todos na Terra estão sob sua proteção, inclusive o Sonhador, e que ele protegeria o irmão dos Celestiais. Comunicação feita e aceita pelos Celestiais, que voltaram ao espaço. Fosse essa grande ameaça resolvida pelos Vingadores, eles seriam louvados mundo afora; no caso da Equipe de Extinção, resta se contentar em não serem xingados ou apedrejados. Seja como for, primeira missão épica cumprida.

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Mas... como Sinistro criou tantos clones? A resposta vem na história seguinte, também protagonizada pelo "vilão" (desta vez nem tão vilão assim): um ser tecnorgânico da Falange, capturado por Essex e separado da consciência coletiva de sua espécie. A criatura foi dissecada, torturada e, depois que Sinistro atingiu seus objetivos, supostamente eliminada. Mesmo assim ela resistiu, desesperada para assimilar novos seres e sair de seu isolamento imposto... apenas para descobrir que as consciências dos seres assimilados são descartadas. Não há outras mentes para fazer companhia: a criatura permanece completamente só.

Em desespero, ela assimilou uma cidade inteira, para reunir forças e enviar um sinal à Falange. No processo, atraiu a atenção de Brand, que avisou Ciclope, que levou a Equipe de Extinção (com Psylocke substituindo Emma Frost enquanto esta tenta recolocar seu braço no lugar) para o campo de batalha. Tempestade até percebeu que a criatura não parece maligna e tentou um diálogo, mas em vão: o ser finalmente reuniu energia e enviou seu sinal à Falange. Sem resposta.



Imediatamente veio a percepção: ele nunca mais pertenceria a um coletivo, condenado por Sinistro a viver eternamente como um só. Desolado, o ser baixa a guarda para sua destruição. A Equipe de Extinção salvou o mundo pela segunda vez mas, desta vez, o gosto do triunfo é amargo. Ainda que eles não saibam explicar por quê.

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Ufa! Este texto longo descreve um pouco (um pouco?!) o primeiro arco escrito por Kieron Gillen no relançamento dos Fabulosos X-Men, com arte de Carlos Pacheco, Paco Diaz, Jorge Molina, Rodney Buchemi e Brandon Peterson, publicado no Brasil em X-Men 134. O que fica claro desde já é que Sinistro voltou cheio de mistérios e más intenções; ao que parece, o vilão não deve demorar para dar as caras novamente.

Também vemos o que parece ser uma das formações mais poderosas dos X-Men (se não a mais poderosa) de todos os tempos - mas também é uma formação cheia de indivíduos de má fama. A Equipe de Extinção foi fabulosa (como diz o nome da série) em suas primeiras missões, mas quanto tempo vai levar até que comecem desentendimentos sérios e atitudes questionáveis? Ciclope será capaz de segurar as rédeas de seus colegas? Será que alguém precisará segurar as rédeas do próprio Ciclope? E como a sociedade vai reagir à nova postura de Utopia (Ciclope emitiu uma carta pública interessante para o resto do mundo, mas ela também não foi publicada nessa revista...)?

Saberemos em breve. Mas que está bacana ver um pouco de conceitos científicos e filosóficos, além de dilemas éticos e morais, serem mesclados à ação desenfreada típica dos X-Men, ah, está!


Fernando Saker

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