sexta-feira, 15 de março de 2013

Capitão América: Um símbolo combalido

Captain America #8 Ed Brubaker Alan Davis
Em continuação direta do primeiro arco da mais recente fase das histórias do Capitão América, temos em Capitão América & Os Vingadores Secretos números 19 e 20 a escalada de uma articulação em várias frentes que, com objetivos diversos, tentam destruir o que Steve Rogers representa das mais variadas formas possíveis.

A primeira delas é algo que, olhando superficialmente, pode parecer suficiente: privar Rogers dos efeitos do soro do supersoldado, revertendo-o ao corpo frágil que tinha antes do processo ao qual se submeteu na década de 1940. Fruto das maquinações da nova rainha da Hidra, do Barão Zemo e de Bravo, tudo se explica pelo confronto no mundo dos sonhos aparentemente encerrado no arco anterior.

Além disso, usando dispositivos que manipulam grupos de cidadãos dos EUA e a própria imprensa ao seu favor, colocam em dúvida muitas das bases da sociedade norte-americana. Mais do que isso, em uma distorcida crítica aos valores consumistas e individualistas daquela sociedade, libertam Bravo da cadeia e criam o caos com o qual o enfraquecido Steve não pode lidar sozinho.

É aí que entra um senhor elenco de apoio, que começa pela Agente 13 (que precisa recrutar ninguém menos que o vilão Mecanus para que o Capitão América volte à ação), passa pelo tradicional parceiro de Steve, o Falcão, além do Homem de Ferro e do Gavião Arqueiro.

Com esse esforço coletivo, além do sacrifício em libertar Mecanus, tudo parece momentaneamente resolvido. Mas é uma amarga vitória. Bravo está livre, a imprensa, desconhecendo boa parte dos fatos, condena a ação dos heróis e questiona sua ação, enfurecendo Steve que mantém a crença de ser o maior defensor de tudo pelo que os Estados Unidos prezam. Aliás, o diálogo que ele tem com Sharon no fim da última parte, é um dos melhores momentos da história.

Nesse arco o roteirista Ed Brubaker faz o que o melhor caracteriza nas histórias do Capitão América: lida com os ideais nacionalistas que são premissa do personagem, tentando sempre coloca-los em perspectiva, mesmo que no fim mantenha um intenso discurso patriótico pró-EUA.

A arte, não mais de Steve McNiven, nem demanda comentários muito extensos. Afinal, estamos falando do lendário ALAN DAVIS. Você pode até não gostar muito, mas é um estilo que remete intensamente a tempos passados, perfeito para uma história do herói que vive fora de sua época.

Captain America #8 Ed Brubaker Alan Davis

Resta agora aguardar o que o futuro reserva para o Capitão América, enquanto Hidra, Bravo e Barão Zemo, mesmo momentaneamente derrotados, mantêm-se nos bastidores conspirando contra o herói e contra a sociedade que jurou proteger e preservar.

João

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