terça-feira, 18 de novembro de 2008

Em algum lugar do passado

O final de Um Dia a mais foi, sem dúvida, a mais polêmica história do Homem-Aranha em toda sua carreira. Agora, o casamento de Peter Parker e Mary Jane foi revertido e nunca aconteceu, assim como a identidade exposta do herói, que voltou a ser secreta. Quer gostemos ou não, a partir de Homem-Aranha nº83, Um Novo dia começa para o aracnídeo.

Homem-Aranha

É 5 de maio, e Peter está animado. Não só por ser aniversário de sua tia, May Parker, mas porque ele fez tudo certo dessa vez. Até mesmo comprar um bolo de limão na padaria que ela mais gosta.

Esse tempo para fazer as coisas, provavelmente, deve-se ao fato do rapaz não ter agido como Homem-Aranha com freqüência nos últimos tempos. Afinal de contas, com a grande maioria dos heróis registrados, pouco sobrou para um vigilante ilegal fazer nas ruas da cidade. Mesmo seus inimigos recorrentes, não aparecem mais.

É claro que o sossego não poderia durar. O sentido de Aranha dispara, anunciando um perigo em alta velocidade.

Homem-Aranha

O motorista se identifica como Turbo, correndo tão depressa que poderia colocar vidas em risco. Embora a polícia esteja no encalço do sujeito, Parker deixa o bolo da tia em segurança e, rapidamente, se transforma em Homem-Aranha.

Dentro do carro, Turbo conversa com alguém chamado Senhor Negativo. O apressado vilão assaltou o museu e levava um artefato ao seu chefe. Mas o Aranha se intromete, arrancando o teto do veículo. E o que ele vê o surpreende bastante.

Homem-Aranha

Um vilão que coleciona vários objetos com o Aranha como tema, chegando ao ponto de pedir autográfo. Um verdadeiro fã nº1.

Temos dois pequenos interlúdios, o primeiro no Clarim Diário, onde o eterno ranzinza J.Jonah Jameson lamenta a baixa circulação do jornal. Chegando ao ponto de ficar feliz com a volta do Aranha, afinal, sua ameaça favorita estava de volta. Já no Bar sem Nome, vários vilões, alguns de quinta, apostam se o herói venceria ou não seu adversário novato. Sob a coordenação do Agenciador.

Homem-Aranha

De volta para a luta, um carro acaba atingido e está prestes a esmagar a multidão, mas uma providencial ajuda surge de repente.

Homem-Aranha

É a nova heroína da Iniciativa, chamada de Loteria. Uma bela ruiva de olhos verdes que providencia ajuda para a população, permitindo ao Aranha alcançar o Turbo e prendê-lo, com a ajuda de dois policiais.

O vilão, claro, pede para ficar com o bilhete deixado pelo herói como recordação. Infelizmente, ele acaba perdendo o aniversário de sua tia, que resolveu sair com suas amigas. Quando a senhora chega em casa, encontra o sobrinho dormindo ao lado do bolo e chega à uma conclusão: seu sobrinho não cresceu e gostaria que ele fosse mais responsável.

Antes de prosseguirmos com o Aranha, temos três pequenas histórias que, talvez, tenham importância no futuro. Primeiro, temos a bela Loteria perseguindo um caminhão blindado que havia sido roubado, mas se encontrava sem motorista. No abrigo onde trabalha como voluntária, May ajuda um sujeito viciado conhecido como "Doidão". A senhora consegue protegê-lo de um criminoso, mas será que ele merecia essa proteção? Suas intenções de roubar os donativos do lugar provam que não.

Harry Osborn conversa com o pai de sua namorada, o promotor Bill Hollister. Ele se preocupa que o interesse e financiamento de Harry em sua campanha para prefeito tenha vindo antes que o interesse em sua filha, Lily. Tanto que diz para o jovem nunca pedir-lhe favores políticos.

Prosseguimos então com Peter Parker, que está em uma boate, no maior amasso com uma moça. Quem seria ela e porque os dois estão juntos? Para conseguirmos a resposta, voltamos 24 horas no tempo, onde damos de cara com o Ladrão-Aranha. Um assaltante que têm aterrorizado a cidade, usando uma máscara igual a do herói.

Homem-Aranha

O marginal gera debates até na Tv, com a presença de Jameson, muito semelhante ao que ocorria muito na fase Stan Lee. Enquanto isso, o jovem Parker procura trabalho, para poder sair da casa da tia e pagar o aluguel do apartamento que sua amiga Betty Brant lhe arrumou.

Infelizmente, ele é muito desorganizado com horários para ser professor. Não pode ser fotográfo de moda, pois parece que pendura a máquina em uma marquise. E, para assistente de laboratório, ele não tem experiência alguma. Sua vida não ficou mais fácil sem o Aranha, mas ele se anima com um convite de Harry para sair.

Em outra parte da cidade, um detetive corrupto entrega aos capangas do Sr.Negativo o artefato recuperado do carro de Turbo. Só que ele está para ser enganado, com os homens lhe negando o pagamento. Isso desagrada o Sr.Negativo, que elimina todos para dar o exemplo. E qual seria o artefato? Uma placa repleta de hieróglifos.

Homem-Aranha

Voltamos então para a cena inicial, onde a moça que beijava Parker não passava de uma interesseira que pretendia ficar com qualquer um que fosse próximo de Harry Osborn. Peter, talvez presentindo as intenções dela, se afasta e chega até a fugir da boate pela janela. Do lado de fora, encontra Carlie, amiga de Lily, que já estava de saída, por não gostar de boates. Antes que algum clima possa surgir, eles são surpreendidos pelo Ladrão-Aranha.

Homem-Aranha

Preocupado com a moça, Peter não reage e o sujeito acaba roubando um de seus lança-teias e sua carteira. O herói consegue colocar um rastreador no sujeito, seguindo-o. Mas resolve pegá-lo como civil, só para não ajudar Jameson a vender jornais. Isso de mostra um erro, que permite ao larápio se esconder em um abrigo que, por coincidência, é o mesmo onde May é voluntária.

A aparência de Peter é tão deplorável que o diretor do lugar, Martin Li, acha que o sobrinho de May é um sem-teto. Isso motiva o rapaz a ir ao Clarim Diário para cobrar por suas fotos, provocando uma discussão tão feia que o velho Jameson, preocupado com a situação financeira do jornal, sofre um ataque cardíaco.

Homem-Aranha

Jameson é socorrido e Peter, a pedido de Robbie Robertson, decide correr atrás de fotos do Homem-Aranha o que, sabemos, significa agir como herói não-registrado pela cidade.

Ele decide começar com o Ladrão-Aranha, que se encontra em um bar, tentanto vender o resultado de seu "trabalho". No mesmo local, Bruno Karnelli reclama de não ter sido convocado para a reunião das famílias Maggia, os Manfredis e os Karnellis. Segundo ele, seria seu direito, uma vez que seu casamento uniu as famílias.

Boyle, verdadeiro nome do Ladrão-Aranha, não consegue vender o lançador, que é tomado por uma pulseira barata. O rapaz, mexendo no aparelho, acaba disparando um rastreador em Bruno e, em seguida, algumas teias. Claro que ele resolve ficar com o lançador, saindo do bar. No mesmo momento, Bruno Karnelli também se retira.

O Aranha se aproxima, achando estranho os dois sinais do rastreador e sem saber qual direção tomar. Porém, o sequesto de Karnelli o ajuda a tomar uma decisão.

No hospital, a esposa de Jonah, Marla Madison se entristece por, mais uma vez, o marido se consumir por suas obsessões. Assim, ela liga para seu advogado, colocando-se como representante legal do marido e autorizando a venda do Clarim para Charles Dexter Bennet.

O Aranha chega em Chinatown, bem no covil do Sr.Negativo. O vilão acredita que o herói o conhece e que, propositalmente, tentou atrapalhá-lo duas vezes, no caso do Turbo e agora. Ele então revela a placa, que é reconhecida pelo Aranha. Para quem não se lembra, o Cabelo de Prata usou o conhecimento de uma placa semelhante para rejuvesnecer, ainda na década de 60.

Só que Negativo afirma que essa é diferente, pois a outra era da vida, essa é da morte e entropia, que seria utilizada para criar um veneno chamado "o bafo do diabo". Parece que para sintetizar isso, precisam do sangue de Bruno. Peter destrói a placa, mas é óbvio que o vilão a transcreveu antes. Ele então deixa a escolha clássica ao herói: salvar Bruno, que terá todo seu sangue removido em instantes, ou segui-lo? Claro que Karnelli é salvo.

Homem-Aranha

Enquanto isso, o Ladrão-Aranha utiliza o lançador de teia em seus assaltos e, finalmente, se dá conta que roubou o verdadeiro Aranha, animando-se com a possibilidade de descobrir a identidade secreta do herói.

Em Chinatown, Karnelli percebe que Negativo irá utilizar o veneno para matar sua família na reunião da Maggia. Lá, os mafiosos falam sobre o recente levante do Capuz, mas não se importam. Segundo eles, os vilões podem continuar roubando vibranium e máquinas do tempo, para que eles continuem com apostas, drogas e prostituição. Nesse instante, o Aranha chega ao local para avisá-los do perigo, sendo recebido a tiros. Logo, um estranho gás derruba todos no local, inclusive o aracnídeo, anunciando que o fim pode ter chegado.

Homem-Aranha

Termina então a 1ª edição dessa nova realidade do Aranha. De cara, não gostei de muitas coisas. Primeiro, a necessidade constante de falar da Iniciativa e dos heróis registrados, como que querendo provar para todos que ainda é a realidade 616.

Depois, se a razão disso tudo é ser retrô, porque não trazer os vilões clássicos do personagem? Qual o motivo de criar um vilão fanboy e outro candidato à Rei do Crime? E qual a relevância de, aparentemente, transformar MJ em heroína mascarada?

Lily e Carlie como interesses amorosos do Peter, desculpe, mas soa tão forçado e artificial. E a história tem todo um clima dos anos 80, que eu achava ótimo e ainda acho, mas não estamos mais nessa década, não é verdade?

E, dentro da revista, tem uma página dupla com o status quo atual do personagem. Nem mesmo o Demolidor sabe a identidade do Peter. Então, como fica a clássica história A morte de Jean DeWolf? E se Gwen Stacy morreu pelas mãos do Duende Verde, mas esse não conhece a identidade do herói, como se explica?

Ah, desculpem, esqueci. É magia, não precisa explicar.


Eddie

P.S. nome do artigo oriundo do clássico filme de Christopher Reeve, uma vez que as histórias boas do Aranha ficaram no passado.

comments powered by Disqus