terça-feira, 25 de novembro de 2008

Thunderbolts: O Doutor Está*


Thunderbolts #117

A chegada do doutor Leonard Samson à Montanha dos Thunderbolts, em Universo Marvel 41, não é nada amistosa. O herói/psiquiatra, cujos poderes, assim como o Hulk, provêm das radiações gama, passa por sete verificações em cerca de 10 minutos, chegando à entrada principal com a paciência completamente esgotada. Recusando uma nova revista, ele finalmente é recebido pelo diretor geral Norman Osborn, sem ter muita noção do péssimo estado em que seu paciente, o ex-novo guerreiro Robbie Baldwin, agora Suplício, e, pior ainda, que os próprios Thunderbolts estão à beira de uma crise interna.

Porém, quem se surpreende em primeiro lugar somos nós leitores. Em um rompante violento, Samson mal vê Osborn e o espanca impiedosamente até a morte, sem aceitar que alguém com o seu passado ocupe uma posição de tanta responsabilidade como a dele. Contudo, isso ocorreu apenas na cabeça do doutor, demonstrando que mesmo um psiquiatra pode ter seus desequilíbrios, mesmo que reprimidos.

Thunderbolts

Samson externa isso apenas sendo seco e irônico a todo tempo com Osborn, que, irritado com sua presença ali, busca se esforçar ao máximo para parecer cortês. O doutor tem pressa em ver Robbie, demonstrando impaciência para qualquer coisa além disso. Aliviado, Norman o apresenta à doutora Karla Sofen, a Rocha Lunar, para que os dois tratem do caso. Porém, Samson já a conhece, pois a enfrentou em seus tempos de “vilã” (como se agora fosse uma santa).

Leonard mantém o tratamento no mesmo nível, e lhe dá o fora do ano (poderíamos criar essa categoria no prêmio 616 2008 só por essa passagem), ao deixar claro que não quer intimidade alguma com ela, já que não a vê como heroína. Sua irritação aumenta quando sabe que Robbie está ferido, isolado, depois de ter sido violentamente agredido por Karla, depois de mais um momento de desequilíbrio.

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A visão de Robbie ladeado por dois seguranças, muito ferido, como um criminoso dos mais perigosos faz Samson arregalar os olhos, e projetar em sua mente toda raiva que a radiação gama soma à sua revolta, “espancando” Rocha Lunar com seus pensamentos assim como fez com Osborn. Ele fica a sós com Baldwin, colocando em dúvida todo “tratamento” de seu paciente antes mesmo que a sala se esvazie.

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Samson tenta uma aproximação amigável, lembrando a Robbie que ele já foi Speedball, e que ele costumava sorrir muito, achar graça de tudo, pois era assim que demonstrava que se preocupava. Ele tenta lembrar de, antes de todo incidente em Stamford, como achou perfeitamente plausível ver aquele rapaz bem humorado em um reality show. Mas, ao mesmo tempo, lembra de todo desastre da explosão de Nitro, das mortes, e das situações geradas após disso, com o registro, a Guerra Civil e a Iniciativa. Não obtém resposta nenhuma. Apenas um olhar quase catatônico do rapaz.

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Porém, quando o doutor diz que, em toda confusão, ninguém cogitou que o incidente que envolveu os Novos Guerreiros, cuja culpa toda recaiu sobre os ombros do único sobrevivente, poderia ter acontecido até mesmo com o mais experiente herói, Robbie falou. Questiona a presença de Samson ali. O que ele quer? O doutor fala que está ali para ajudá-lo, que representa também a preocupação de Tony Stark com seu comportamento. Robbie se lembra que Samson tem algo a ver com o Hulk, e pergunta se está ali para lutar com ele. Leonard entende sua intenção, e questiona se Baldwin quer que ele o machuque.

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No hangar da montanha, o restante da equipe chega com o prisioneiro Onda Mental, que estranhamente se entregou na edição passada, depois de destruir um distrito policial. Coisa comum nos últimos dias, o que faz com que Soprano demonstre sua preocupação, compartilhada por Osborn, que exige um estudo mais detalhado dos novos prisioneiros.

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De volta à “sessão”, Samson diz a Robbie que ele quer ser ferido, constantemente, porque só assim ativa seus poderes. Mas não é só isso. ele se tornou um viciado em dor, porque, quando o corpo sente traumas muito fortes, libera beta-endorfinas na corrente sanguínea, fazendo com que o ser humano se sinta entorpecido. Baldwin se dopa naturalmente. O doutor o incita a usar uma faca em seu vício.

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Ele continua, dizendo que ele sente um certo prazer em se penalizar constantemente enquanto está em público, com os espinhos internos de sua armadura, sem que ninguém veja explicitamente. E ele sofre esse “suplício” não porque quer morrer, mas porque quer se sentir vivo, o que não acontece desde Stamford. E está cada vez mais poderoso.

Mas Samson diz que ele está errado. Que ele é um viciado em dor que não está pagando pelo que e culpa, mas se enganando. Mas Rocha Lunar está percebendo isso, e logo os Thunderbolts usarão todo esse poder como arma. O doutor começa a chegar onde quer, e incita Robbie a usar todo seu poder. A liberar toda aquela raiva em cima de alguém que não pode ferir, e vem a explosão...

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O doutor gargalha, pois resiste à liberação de energia, e afirma que agora eles podem conversar francamente. O convida para um lugar menos sóbrio que uma sala vazia, com TV e umas cervejas, para aí sim poderem falar de coisas mais leves.

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No calabouço da montanha, o silencioso Onda Mental é colocado em uma cela. E permanece calado, pois, ele e os outros prisioneiros que “se entregaram” conversam telepaticamente. E logo fica claro, que os estranhos incidentes (até mesmo o rompante de Suplício) foram fruto da influência desse grupo sobre os Thunderbolts. Mesmo sabendo da presença de Samson, Miragem fala que o plano segue: piorar tudo nas próximas 24 horas. Sem nenhum remorso, o objetivo é claro. A morte dos Thunderbolts.

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No Hangar, os únicos remanescentes da formação anterior – Soprano e o Homem Radioativo – percebem o quanto são diferentes do restante da equipe. São todos psicopatas, e Suplício um homem desequilibrado. Mas Chen, tentando amenizar o clima, faz algumas piadas, mas volta a falar sério. Ele crê que a queda daquele bizarro grupo é apenas uma questão de tempo. E, pelo andar da carruagem, de muito pouco tempo.

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O clima desastroso atinge até mesmo Norman Osborn, deixando muito claro que os Thunderbolts são financiados por dinheiro para lá de sujo, chega em sua sala procurando seus remédios. Mas o que encontra em sua gaveta é uma máscara de Duende Verde.

De repente, a impressão é de que há menos psiquiatras do que o necessário na montanha.


« Jøåø »

* Título inspirado na barraquinha de ajuda psiquiátrica, da personagem Lucy van Pelt, com o famoso letreiro "The Doctor is IN", nas histórias do Snoopy (Peanuts). Se você não conhece, tudo bem. Eu que estou ficando velho mesmo.

Lembrete: Se você ainda não leu, não deixe de conferir a entrevista que fizemos com Mike Deodato, desenhista brasileiro responsável pela arte durante toda a passagem de Warren Ellis no título dos Thunderbolts.

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