quarta-feira, 13 de maio de 2015

Gavião Arqueiro: Separados e Quebrados


Foi com muita surpresa que no ano retrasado a Panini Comics anunciou que o Gavião Arqueiro iria co-estrelar um título com o Capitão America e com nome e tudo no cabeçalho da revista. Não que a qualidade do material não seja merecedora, afinal estamos falando de uma fase mais uma vez premiada do Matt Fraction nos quadrinhos. Esse é um dos raros momentos em que Clint Barton realmente se destaca em aventura solo entre os leitores brasileiros e que se "encerra" com a última edição de Capitão America & Gavião Arqueiro 19, do mês passado.

Na ultima vez que reservamos um espaço para resenhar o título, o personagem estava em maus lençóis. Além de ter a gangue do agasalho no seu pé, viu um de seus vizinhos ser assassinado misteriosamente. Suas ex-namoradas não estão nada felizes com ele e pra piorar, a companheira de aventuras e seu cachorro o deixaram. A única novidade é a chegada do seu irmão, Barney Barton, que veio morar com ele.

Praticamente, vemos as histórias sendo divididas em diferentes tramas desde as últimas edições. Na edição mensal 16 da Panini, Clint se vê em apuros mais uma vez contra a gangue do bairro, que está de olho no seu prédio. Seu irmão foi quem lhe salvou da enrascada, mas ele sabe que não estarão seguros para sempre. Com uma dica da amiga e ex-amante, Natasha Romanoff, Clint acaba descobrindo que tem um assassino de aluguel com uma marca muito específica atrás dele. E foi ele quem provavelmente matou seu vizinho.


No meio disso, vemos o lado dos bandidos também. Eles descobrem que Clint não é de fato proprietário do prédio que protege e portanto legalmente não pode recorrer a polícia. Então, uma última investida é feita contra o herói e ele se dá mal. O misterioso assassino de aluguel atinge Clint com uma flecha na altura de seus ouvidos e ainda atira no irmão. É Jessica Drew quem encontra os dois muito mais tarde, inundando a sala em sangue.

E quem domina a outra parte do enredo é a Gaviã Arqueira, a sua parceira-não-tão-mirim Kate Bishop. Sabemos desde a outra edição que ela vem fazendo o papel de detetive particular em Los Angeles misturado com a função de Vingadora da Costa Leste. Na edição subsequente, no número 17 no Brasil, vemos a moça envolvida num caso curioso envolvendo dois irmãos que já foram sucesso musical nos anos 60, os Bryson Brothers. Will Bryson parecia de cara ser um maluco perdido na rua, mas logo Kate percebeu que havia algo mais obscuro em sua insanidade. No fim, com um ajudinha dos casal de vizinhos, o misterioso homem que também comprava comida de gato e o chefe de policia local Claude, ela resolver o caso do dia.


Mas as aventuras de Kate Bishop não se encerram por aí. Temos mais histórias da moça na edição 18 de Capitão América & Gavião Arqueiro. Quando o misterioso cara que também comprava comida de gatos oferece para Kate cuidar do seu animalzinho, mal sabia ela que teria um grande problema pela frente. E não estamos falando do gato encapetado do cara. Kate encontrou mais tarde o cara ensanguentado em sua própria casa e com uma história sinistra sobre ele estar eternamente preso em L.A. e envolvido numa trama onde mortos ricos famosos da cidade reaparecem vivos. Os principais suspeitos envolvidos eram os tais ricões da família Neff, que não demorou nada pra Bishop associar com os vilões Conde Nefária e sua filha, Madame Máscara. No fim, a investigação da garota acabou mal, com o amigo da comida de gato sendo assassinado e o trailer onde Kate morava incendiado.

Na mesma edição 18 da mensal da Panini temos uma outra história bem surreal aparentemente focado num sonho tresloucado de Barton. Ao assistir um desenho animado com algumas crianças do prédio na época de Natal, ele acabou fazendo paralelos entre os “Amigos do Inverno” e sua vida particular. Basicamente, a consciência batia na sua cachola sobre o senhor Barton sempre querer resolver tudo sozinho sem a ajuda dos seus amigos. É uma história meio descartavel, mas vale pela arte divertida do Chris Eliopoulos (das histórias do Franklin Richards, lembra?)

Pulamos então pra edição 19 com uma das histórias mais maneiras do título. Temos os Bartons se recuperando do ataque que sofreram no hospital. Barney ficará um tempo de cadeira de rodas, mas Clint certamente vai penar mais por perder a audição sem saber se um dia voltará a escutar. A revista é dividida com vários trechos sem os clássicos balões, onde o leitor tem que conhecer linguagem de sinais ou intuir o que significa cada gesto. No fim, após levar umas broncas do irmão por conta de sua teimosia, Barton decide reunir os condôminos do prédios para convoca-los para lutar juntos. E que venha a ação.


Ainda no número 19 temos mais das aventuras da Kate Bishop. Continuamos do ponto onde tudo parou, mas com a surpresa de que o cara da comida de gato está vivo e pronto para se unir a Kate contra os Nefárias. Ele explica que o novo esquema do Conde e da Madame é vender para ricaços copias ilegais de MVAs piratas e que precisa da ajuda de Kate para se infiltrar no lugar e conseguir provas. Na missão, no entanto, Kate descobre muito mais do que esperava e topa com o nome do seu pai como um dos envolvidos no esquema. Agora, a coisa ficou pessoal e ela parte de Los Angeles naquela noite de volta para casa. Está na hora de reunir os Arqueiros.


Aqui, se encerra as edições da revistas que a Panini deu para publicar até o momento. A mensal se encerra sem concluir a história deste volume, mas não dá pra culpar muito a editora italiana desta vez. Matt Fraction atrasou bastante esse título e a conclusão de tudo sequer tem previsão de acabar por lá nos EUA. Provavelmente por ter se perdido nesse tempo, dá pra ver que a qualidade do roteiro já não é a mesma quando Fracttion começou, mas ainda assim tem seu charme especial em algumas histórias como a da linguagens de sinais do número 19.

Os desenhistas também são quem mantém um bom tom na trama. David Aja já é espetacular numa opinião geral, mas Annie Wu se mostrou magnifica em todas as partes que se focam na Kate Bishop. Chris Eliopoulos faz uma participação especial na edição 18 (17, na original) no sonho maluco de Clint. É uma revista que certamente fará falta quando finalmente se encerrar, mas que tenho fé que a Panini ainda compense em publicar tudo de novo no formato certo, como um encadernado.

 Coveiro

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