quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Guerra Civil II 01 - Antecipando o pior

Depois de algum atraso, finalmente chegou às bancas brasileiras a primeira edição de Guerra Civil II. Com uma premissa um tanto diferente da minissérie original, essa nova história criada por Brian Michael Bendis tem um novo pretexto para colocar herói contra herói. E tudo começa quando uma das névoas terrígenas que está se espalhando pelo globo chega a Ohio e transforma um garoto chamado Ulysses no maior sistema de antecipação de catástrofes do planeta.


A edição original de número zero da saga traz a arte de Olivier Coipel, que trabalha uma espécie de prelúdio para importantes heróis desta história. A Mulher-Hulk está contratada como advogada de defesa de Jonanthan Powers, o vilão conhecido como Polichinelo. Seu julgamento se baseia basicamente no fato de que o vilão falava sobre possíveis crimes com alguém que acreditava que fosse seu informante, mas na verdade era um agente federal disfarçado emulando uma situação para incriminar o vilão. Por pior que fosse o seu histórico, a Mulher-Hulk defendia ainda o julgamento apenas após a execução do crime, que não aconteceu de fato.

A segunda cena é focada no Máquina de Combate, que atualmente estava atuando numa conturbada Latvéria sem governante definido. Após a ação pacifista, o próprio Jim Rhodes foi recebido pelo presidente e os dois chegaram a conversa até sobre a possibilidade do herói de armadura um dia se candidatar e até mesmo virar o Presidente dos EUA. James seria o primeiro "super" a ocupar o cargo, portanto.



Já no Triskelion, que serve de quartel-general dos Supremos, a Capitã Marvel recebe a visita surpreendente Doutor Samson, que como ele brinca, nunca se sabe quando esta vivo ou morto. Basicamente, o psiquiatra está ali para um consulta informal para Carol Danvers e ela basicamente confessa seus temores sobre os riscos iminentes e como se manter são com tantas possibilidades de catástrofes a todo momento. Em parte, a criação dos Supremos veio justamente para antecipar e atuar evitando essas tragédias antes que ocorram. Samson tenta amenizar a preocupação da heroína e lembra que a ilusão de controle pode nos devorar vivos.

Mais tarde, durante uma visita no aeroportaviões da SHIELD, a Mulher-Hulk ouve de Maria Hill que o cliente dela acabou de ser morto na prisão. Jennifer sente-se ainda pior por não ter conseguido livrá-lo e Maria Hill tenta amenizar a situação dizendo que vilões sempre são reincidentes. Uma hora ou outra eles acabam comentando crimes. Pela cara, da pra ver que Jennifer não gostou nada do que ouviu ali.

Então, temos uma tragédia acontecendo na Universidade Estadual de Ohio. Quando a névoa terrígene chega lá, atravessa os estudantes e deixa dois garotos presos em casulos, que é a primeira parte do processo de transformação dos Inumanos. De um deles, sai Ulysses, um Inumano com a capacidade de prever com detalhes futuras tragédias. Do outro, sai Michele, praticamente um monstro.


Ao ter sua primeira visão, Ulysses vê uma cidade completamente devastada. Sem entender o que acontece, ele corre desesperado pela área florestal próxima em Columbus e só para quando é abordado pela família real inumana em peso. E isso nos leva diretamente ao começo da minissérie per si.

A edição 1 de Guerra Civil II tem a arte de David Marquez e traz a reunião de vários grupos ali tentando impedir uma ameaça sem proporções. Os novíssimos Vingadores de Tony Stark, os Fabulosos Vingadores do Capitão América, os Supremos da Capitã Marvel, os X-Men e até mesmo os Inumanos estavam reunidos ali na hora certa para deter bem a tempo a ameaça dos Celestiais bem no meio de Nova York. Com o auxílio de mais sete místicos que foram guiados pelo Doutor Estranho, eles puderam criar um feitiço de reversão dimensional que expurgou os invasores. Para todos os efeitos, aquele dia foi uma grande e fácil vitória.


Tony Stark ficou tão feliz com o resultado que convidou a todos, mesmo os que tinham diferença entre si para uma pequena festa de comemoração na Torre Stark. Foi lá que acabaram sabendo que a dica da invasão dos Celestiais veio de Medusa e seus inumanos e queriam saber qual foi o lance. Apesar do receio inicial, a Rainha ruiva achou por bem revelar Ulysses e seus dons a todos. Tímido, o rapaz parecia desconfortável na presença de tantos famosos naquela sala. Ulysses explicou como funcionava sua previsão, algo incontrolável e bastante real, até mais preciso que outros videntes que já vimos no Universo Marvel.





Duvidando ainda dessa capacidade inquestionável de prever o futuro, Tony Stark pediu para que a mente de UIysses fosse sondada por Jean Grey. A jovem mutante, no entanto, não conseguiu tirar nada da mente do rapaz, tudo era bloqueado ali, um sistema impossível de ser lido. Impressionada, a Capitã Marvel logo demonstrou interesse pelo rapaz, oferecendo um lugar nos Supremos, uma equipe que ela acreditava que teria bom uso pros dons preditivos como o dele.  Foi aí que começou o primeiro embate entre Tony e Carol, se era certo acreditar na precisão daquelas visões.

Ulysses continuou explicando sua história, relatando como ganhou os dons inadvertidamente e como foi acolhido pelos Inumanos. Um de seus tutores foi Karnak, que acabou o ajudando a manter a calma e analisar detalhes das visões que poderiam auxiliar a detectar onde e quando aconteceria e como impedir. No debate, Stark parecia ainda mais resoluto no uso daquele tipo de recurso, colocando na discussão questões mais sérias como impedir o nascimento de um futuro vilão interferindo no presente ou mesmo antecipadamente prendendo um super sem motivos factíveis só por conta de uma visão. Com a conversa ficando quente entre ele e a Capitã Marvel, a festa acabou minguando e Tony deixou o lugar.

Três semanas depois, Ulysses teve uma outra visão em seus aposentos em Nova Attilan e os Supremos foram convocados. A história, desta vez, não teve um final inteiramente feliz. Os leitores são jogados diretamente para as consequências e se deparam com Tony Stark recebendo a triste notícia de que seu amigo James Rhodes morreu em combate. O corpo do amigo estava no Tryskelion e Tony não podia entender que poder de fogo poderia arregaçar uma armadura como aquela em que Rhodes usava.


Transtornado, foi em fúria procurar saber o que aconteceu e acabou descobrindo que tudo aconteceu por conta de uma ação mal sucedida dos Supremos.Tony invade a ala médica, passa pelo resto da equipe que estava em frangalhos e se depara com a Capitã Marvel ao lado da amiga Jennifer Walters, que estava em estado grave. Maria Hill aparece resumindo a missão, Thanos surgiu para atacar o projeto pegasus e deparou-se com uma emboscada dos Supremos. E tal emboscada foi preparada graças a uma visão do inumanos Ulysses.

Aquilo tirou Tony Stark do sério. Ele culpou Carol pela morte do seu melhor amigo. Carol tentou se defender dizendo que Jim era um soldado e sabia dos riscos, mas Stark estava inconsolável. Partiu dali dizendo que ia garantir que ninguém mais brincasse de Deus de novo. A Capitã Marvel não teve tempo de se defender. Repentinamente, a Mulher-Hulk teve uma piora e seu coração começou a parar de bater. As últimas palavras da amiga esverdeada foram "É o nosso futuro, Carol" e "Lute por ele".



A primeira edição nacional vem ainda com mais oito páginas da história que foi publicada no Free Comic Book Day. Com arte de Jim Cheung, temos exatamente a reprodução da trágica história que levou a vida de Jim Rhodes. Os Inumanos chegam ao Triskelion justamente no momento que o Máquina de Combate visitava a namorada e se ofereceu para ajudar a deter Thanos.

Armaram um plano de última hora para proteger o Projeto Pégaso, com os Supremos sendo ajudados não só por Rhodes mas também pela Mulher-Hulk e Inumanos. Talvez por não terem tanta experiência em atuar juntos, todos os ataques naquele dia foram desastrosos. A Mulher-Hulk foi atingida pelo fogo amigo durante um ataque atrapalhado do Máquina de Combate e logo em seguida Thanos varou um distraído Jim Rhodes com um disparo a queima-roupa.


Impulsivamente, a Capitã Marvel partiu para cima do titã e o derrubou-o com o melhor soco. Mas era tarde demais. Rhodes estava morto nos braços dela.

O tema em si não é novo nas histórias em quadrinhos, mas não quer dizer que não possa ser bem trabalhado mais uma vez. A discussão sobre aplicar um "minority report" no dia a dia dos super-heróis parece interessante, abriu uma discussão bacana entre os lados e tem potencial para se desenvolver bem. O que causa estranheza aqui mais é algumas caracterizações de personagens.

Thanos mal parece o personagem que conhecemos nos quadrinhos ao agir tão impulsivamente e desleixado num ataque frontal a Terra. Colocar também Inumanos e Mutantes numa mesma sala sem trabalhar direito a atual situação tensa deles também pareceu uma forçada de roteiro que poderia ser evitada. Já as últimas palavras da Mulher-Hulk antes de entrar em estado crítico sequer fazem sentido quando comparadas com a defesa que fazia na edição #0. Colocadas essas incoerências de lado, Guerra Civil II começa divertida e reúne três artistas excepcionais que dá gosto de reler a edição só pra admirar os desenhos.

Coveiro

comments powered by Disqus