sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O Hulk Vermelho em busca de sua essência

Hulk #37

Nas últimas três edições de Universo Marvel (27 a 29) envolvendo o Hulk Vermelho, o já popularizado Rulk, o roteirista Jeff Parker tenta mesclar o velho e o novo. Quer dizer, não tão velho assim, já que o protagonista é fruto das tramas pós-Hulk Contra o Mundo. De qualquer forma, Parker vem criando uma mitologia própria para o General ‘Thunderbolt’ Ross, transformado naquilo que mais odiou durante sua vida. Uma galeria de vilões tanto relativos a sua origem, quanto aqueles conquistados em seu novo papel no mundo. Além disso, como não poderia deixar de ser, sendo um vingador, essas histórias também tocam na bombástica participação do Rulk na saga A Essência do Medo.

A reencarnação de MODOC não é uma surpresa, e a bizarra criatura nascida da antiética busca da IMA por conhecimento parece mais racional e cientificamente curiosa do que nunca, mas não menos letal. E claro que isso não demora a leva-lo até Ross. O criador busca sua criatura com uma imensa curiosidade, e isso mais uma vez faz Ross se sentir como Banner e seu alterego esmeralda (suas velhas obsessões) ao encarar frente a frente uma antiga arma: o monstro elétrico Zzzax. Esse aspecto irônico de sua nova vida é um dos pilares que dão sentido a suas histórias, e Jeff Parker sabe disso.

Provando estar mudado não só fisicamente, o Rulk rejeita a proposta de se reunir com MODOC mais uma vez, especialmente quando Annie (a MVA que o acompanha) é ameaçada. A luta é dura, mas o Hulk sai vitorioso, o que só parece estimular o mais recente modelo de MODOC a estudá-lo e aprender mais com ele.

Mais uma vez não se perde a ironia. Thunderbolt Ross precisou se tornar um verdadeiro monstro para desenvolver sua humanidade. E é claro que isso desperta a curiosidade do autointitulado MODOC do novo milênio, cujos objetivos de conquistas não menos insanos que os de suas encarnações anteriores.

Red Hulk

Em um rápido comentário sobre a arte, admito ter predileção pela dupla Patch Zircher e Jim Charalampids (arte/cor), da primeira história, do que de Elena Casagrande e Bettie Breitweiser, das duas outras. Ao mesmo tempo, a escolha de Casagrande/Breiweiser ajuda a perceber que temos um novo momento da caminhada do personagem. Tenho curtido, de uma forma geral, a escolha de artistas das histórias do Rulk, que compartilham certos traços em comum, mantendo uma certa homogeneidade.

De volta, já no tie-in de A Essência do Medo, a cena com Gavião Arqueiro e Harpia é uma boa porta de entrada na narrativa, pois serve tanto para introduzir a participação do Hulk Vermelho na saga sob a perspectiva de seu roteirista, assim como reforçar o quanto sua vida como vingador é ainda incerta mesmo aos olhos de supostos colegas.

Tudo acaba indo ‘concreto abaixo’ com a chegada do possuído Coisa, agora um dos arautos da Serpente. A luta com Angrir, o Destruidor de Almas, é devastadora e surpreende mesmo MODOC, que, deleitado, observa tudo de longe. Curioso, não entende porque o Rulk não coloca todo o seu potencial em prática, não absorvendo a força de Angrir para usá-la contra ele. Porém, como já mencionado, Ross nunca valorizou tanto sua humanidade como agora, e não quer correr o risco de perde-la.

Red Hulk

A batalha também surpreende a nova vilã Zero/Um, que deseja que sua criação, Névoa Negra, desfira o golpe definitivo no tombado Rulk. MODOC ‘salvar’ o Hulk para saciar sua curiosidade sobre a criatura não surpreende, assim como a curiosidade em ver mais do confronto contra Angrir. Mas a luta logo acaba, depois do arauto da Serpente arremessar o Rulk a quilômetros de distância.

Com sua curiosidade voltada para a invasão dos exércitos da serpente, MODOC faz o inesperado e defende a cidade de Nova York. Como fez com Ross, ele defende da destruição certa aquilo que quer para si. Suas ações, claro, tem repercussões, colocando-o frente a frente com Névoa Negra e, logo depois de ficar a sua mercê, com sua mestra, Zero/Um, apenas para descobrir que foram seus protocolos que permitiram o acidente que a criou. Mais uma vez, criador e criatura.

Mas Zero/Um não desenvolveu, a base moral que encontramos em Ross, pelo contrário. Ela acaba se aproximando de MODOC. Vendo que têm metas em comum, trabalham para proteger o que querem conquistar. Além de gerar uma declaração do cabeçudo MODOC, em uma situação quase cômica, o que temos a velha e a nova vialnia que buscam, ainda, a mesma coisa.

Red Hulk

Enquanto dois humanos alterados, cegos pela ganância por poder, ajudam a defender Nova York dos ataques da Serpente por puro pragmatismo, longe dali, em Vermont, Ross, socorrido por Annie, continua sua caminhada para, como um monstro, conquistar sua humanidade.

João

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