quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Novos Mutantes: Encarando duras verdades

É fácil esquecer que, apesar dos superpoderes (e de não existirem no mundo real, mas vamos fingir que esta última parte é mentira, OK?), super-heróis ainda são pessoas. E como pessoas, eles também estão sujeitos a danos não apenas físicos, mas psicológicos. É nesta situação em que boa parte dos Novos Mutantes se encontra atualmente. E em seu primeiro momento de descanso desde que assumiu o posto de líder do grupo, Danielle Moonstar está disposta a combater este problema...



Para isso, Moonstar convidou Gus Carrancudo, terapeuta cognitivo nas comunidades Cheyennes e velho amigo da ex-mutante, para atuar como psicólogo de seus colegas de equipe. Além de confiar no talento de Gus, Moonstar também considera bom ter uma pessoa de fora para avaliar a situação do grupo. O problema, claro, é que uma pessoa de fora pode não compreender bem casos como o do recém resgatado Nate Grey, outrora um mutante nível ômega, hoje sem vestígios de telepatia e com apenas uma fraca telecinese, que enfrenta a frustração pela sua situação atual. Ou a da jovem Esperança Summers, que evita contato com Nate por ser uma versão mais jovem (e de uma realidade alternativa) de seu falecido pai adotivo que a criou no futuro (puxa vida, como não compreender, é uma história super comum, não é mesmo?).



Seja como for, Gus aceita fazer uma primeira tentativa. E quando o psicólogo disse que seu "eu habitual" não era uma pessoa agradável, não estava de brincadeira: logo de cara, questiona Míssil se seu isolamento na ala médica de Utopia e sua saída da liderança dos Novos Mutantes seriam motivados por covardia diante do medo de falhar e permitir que algo aconteça a seus amigos, e insinua que Karma é egoista por ter abandonado a equipe para cuidar de Face e permitir que ele se comunique, sabendo que outros telepatas em Utopia poderiam fazer o que ela faz pelo mutante desfigurado sem qualquer problema.

Mas ao atender Magia, a mais recente detenta de Utopia, Gus acaba perdendo os sentidos ao ser usado como porta para que diversos demônios do Limbo cheguem ao local, dispostos a libertar Illyana de seu cativeiro. Mas a moça recusa a oferta, afirmando que está disposta a provar que não é mais a criatura desalmada (literalmente) que colocou os X-Men e o mundo em perigo por caprichos egoistas, antes de Perigo ativar defesas místicas da ilha para destruir as criaturas. Fica a dúvida, claro, se Illyana estava sendo sincera no que dizia ou apenas tinha consciência de que a carcereira cibernética da ilha a estava observando...



Ser possuído no primeiro dia de trabalho não é a experiência mais gratificante do mundo; apesar disso, Moonstar convence Gus Carrancudo a continuar visitando Utopia para mais consultas com seus colegas. Afinal, como ela bem lembra, não há tempo para esperar até que eles decidam se abrir sobre seus problemas; os X-Men estão constantemente enfrentando ameaças, e não há tempo para esperar as feridas cicatrizarem quando cada segundo perdido pode ser tarde demais.

Dani está certa. Mas Gus também está: às vezes, o tempo se encarrega de curar as feridas. As de Esperança, no final do dia, foram curadas quando ela finalmente cria coragem para conversar com Nate. E quem sabe se ela não poderá ajudá-lo a curar as feridas dele? Nate ainda está fraco e talvez nunca recupere toda a extensão dos seus poderes, mas agora ele tem uma amiga e não precisa mais passar pelas provações sozinho...



Esta história, que pode ser lida em X-Men Extra 128, foi escrita por Dan Abnett e Andy Lanning, e desenhada por Michael Ryan. Uma boa leitura para entender a situação atual dos Novos Mutantes e as aflições que eles precisarão superar. Pena que, novamente, poucos integrantes da equipe foram apresentados; Cifra, Warlock, Magma e Mancha Solar sequer aparecem na história - os dois últimos, principalmente, têm sido cada vez mais colocados de lado. Fica a torcida para que o espaço da revista seja melhor distribuído entre todos seus integrantes nas próximas edições.

Fernando Saker

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