sexta-feira, 21 de setembro de 2012

A Essência dos Thunderbolts

Thunderbolts #159

A inserção dos Thunderbolts em A Essência do Medo não poderia se dar de outra forma senão pelo fato de um dos membros da equipe, o Fanático, tornar-se um dos arautos da Serpente: Kuurth, o Destruidor de Pedra. Mas, apesar desse ser o pivô das histórias que encontramos nas últimas três edições de Universo Marvel (27 a 29), há muito mais coisa a ser contada pelo roteirista Jeff Parker.

Em primeiro lugar é possível acompanhar o “time reserva” de Thunderbolts, que traz alguns personagens obscuros e, literalmente, de segunda linha, mas que acabam formando uma interessante química em uma história típica dos T-Bolts. Colocar um bando de zumbis em um deserto distante (especificamente o Iraque) é uma ideia simples, mas que permite que vejamos como esse grupo pode funcionar (ou não funcionar!) junto em uma missão. Ver a Soprano, Mach-V e o Armador novamente na ativa é um bônus na história desenhada pelo talentoso Kev Walker.

Simultaneamente podemos acompanhar como, antes mesmo da chegada do martelo de Kuurth, o Fanático lentamente cai em um transe. Levando à tona sua subordinação a Cyttorak e a desconfiança de todos como gancho, vemos expostas as contradições de Cain Marko.

Até que é tarde demais para que o diretor da prisão, John Walker, faça algo a respeito. A Balsa está destruída, muitos morrem instantaneamente e Kuurth está à solta, assim como vários prisioneiros, que imediatamente planejam sua fuga. Mas os planos são momentaneamente frustrados, seja pela chegada de forças de segurança, seja pelo retorno da equipe B de T-Bolts, que tem ao seu lado Rocha Lunar e o Fantasma dos titulares.

Diante do desastre causado por Kuurth, começam pequenas histórias da especial edição 159 (na numeração americana). Compostas por parcerias múltiplas entre roteiristas e desenhistas diferentes (e a mudança na arte ajuda a demarcar a mudança na narrativa), as histórias trazem, em primeiro lugar, uma continuação de como a equipe reserva de Thunderbolts pode funcionar, ao mesmo tempo em que tentam reduzir os danos e perdas causadas pela chegada do poderoso martelo.

Isso não esconde a brutalidade dos seus membros (Mr Hyde é um dos piores) e, claro, o quanto eles ainda pretendem se livrar do jugo do programa Thunderbolt. Posando de heróis, planejam muito mais do que salvar o dia.

A história solo de Rocha Lunar nos lembra o quanto Karla Sofen continua durona como sempre, e respeitada mesmo por aqueles que continuam como simples criminosos. E por falar em ser durão, além de mostrar o quanto o Fantasma é um personagem muito mais denso do que pode parecer, a história escrita por Jen Van Meter reforça como o ex-Agente Americano, John Walker, ainda é um herói (e extremamente violento), mesmo depois da perda de um braço e uma perna. Porém, sob o olhar do ex-criminoso, o diretor da prisão ganha um perfil interessante, revelando direta ou indiretamente no que acredita e como age para que seus objetivos sejam cumpridos, mesmo que isso signifique ajudar prisioneiros em meio ao caos criado com a chegada de Kuurth.

Por fim, vemos o ‘resgatado’ Ossos Cruzados, que depois de seu tempo com os T-Bolts, mostra, ao fugir, que diferente de outros internos da Balsa, nunca chegou nem perto de qualquer tipo de redenção simplesmente porque nunca quis se redimir.

De volta a uma história linear, a hora dos Thunderbolts reservas provarem o quanto heroicos podem ser parece ser iminente. Porém, como sabemos, todos menos Troll planejam usar a situação para se beneficiar e conquistar definitivamente sua liberdade. O que restou da equipe titular vai atrás do Fanático, e aí temos uma sequência reveladora em relação à própria saga A Essência do Medo. Podendo apenas recorrer ao ocultismo para parar o imparável, um feitiço de Satana permite que o Fantasma (ancorando Soprano, Mach V, Rocha Lunar e a própria Satana) penetre no subconsciente do Fanático.

Mais uma vez a mudança na arte cria um belo efeito, e logo descobrimos um pouco melhor como os arautos da Serpente tomam conta de seus hospedeiros. Além disso, Jeff Parker aproveita a chance e mescla uma série de elementos simbólicos relativos não só a misticismo, mas à mitologia envolvida na trama de A Essência do Medo. A tentativa, claro, não dá certo; e todos são expulsos pela força da Serpente.


Thunderbolts: A Essência do Medo

Já livre do mecanismo que poderia mata-lo caso não estivesse possuído, o Fanático está perdido para os T-Bolts, e continua, prometendo expandir cada vez mais a trilha de destruição.

João

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